sábado, 17 de setembro de 2011

QUEM SOU EU (poeta França)


Eu sou um certo volume,
Que a natureza gerou,
Perambulando no mundo,
Sem saber pra onde vou,
Sou andante peregrino,
Cumpro as ordens do destino,
Fazendo o que ele ordenou!

Eu sou a destruição,
Das coisas do criador,
Estou poluindo o mundo,
Sem ouvir superior,
Odeio meu semelhante,
Sou educado, ignorante,
Sou amigo e traidor!

Comigo veio o amor,
A vingança e a maldade,
Semeei a ambição,
O orgulho e a vaidade...
Quando cheguei no poder,
Fiz de tudo sem fazer,
Longe da dignidade!

Sou leal sem lealdade,
Sei amar sem ter amor,
Sou justiça sem justiça,
Sou justo e enganador,
Sabido sem consciência,
Sou a paz com violência,
Sou critério sem pudor!

Sou o vírus da desgraça,
Sou orgulho, sou bondade,
Sou aquele pregador,
Que fala em felicidade,
Em amor e união,
Mas dentro do coração,
Só tem ódio e crueldade!

Sou quem contamino o mundo,
Sou matéria enfraquecida,
Sou bonança, sou miséria,
Sou vida matando vida...
Sou puro sem ter pureza,
Sou um nobre sem nobreza,
Sou limpeza poluída!

Sou aquele desalmado,
Que mata pelo prazer,
Sou aquele poderoso,
Brigando pelo poder...
Sou promessa sem cumprir,
Sou alegre sem sorrir,
Faço tudo sem fazer!

Sou marginal assaltante,
Estuprador, desordeiro,
Sou rico sem ter riqueza,
Sou sincero e traiçoeiro.
Sou amável sem amar,
Sou devedor sem pagar,
Só acredito em dinheiro!

Só vejo quem vai na frente,
Não olho quem vem atrás...
Sou gente odiando gente,
Dou pouco e recebo mais;
Bato palma pra quem erra,
Sou um amante da guerra,
E o inimigo da paz!

Sou covarde e traidor,
Sou corrupto e sou ladrão,
Sou criminoso assaltante,
Sem alma e sem coração,
Sou safado e orgulhoso,
Sou bandido e mentiroso,
Sou o rei da criação!

Francisco Rafael Dantas – Poeta França (1935/2011)





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6 comentários:

  1. Maravilha de poesia. Parabéns pela criação, poeta França.

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  2. Poesia muito criativa e um poeta de 1ª.
    Gostei demais dos versos.
    Parabénssssss!

    Carlos

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  3. Interessante e criativa essa poesia. Ela se enquadra perfeitamente na perversão inerente ao homem. A psicologia estuda essa ambigüidade no indivíduo e comprova inúmeras parafilias, como também, os inconstantes sentimentos e emoções na generalidade psíquica. Parabéns França, pela percepção natural e inteligente de falar poeticamente sobre o EU do SER humano.

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  4. A gente percebe a grandiosidade de um homem em um simples verso popular.

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  5. Depois de um comentário desse de Lindonete,que posso eu mais dizer. A não ser, que esse HOMEM tem toda razão nessa poesia.

    João

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