domingo, 17 de julho de 2011

COLUNA DE LINDONETE CÂMARA

Seria ingenuidade falar desse voo propriamente dito para humanos, mas posso
descrevê-lo como um voo abstrato, ao mesmo tempo real e tão necessário ao nosso
viver. O ser humano deve sonhar acordado e alçar literalmente grandes vôos. Focalizar
na mente um espaço amplo, desenvolver um profundo olhar até as alturas, mas com os
pés aterrados ao chão e voar.

O homem deve ser como a águia, não para ser analisado como símbolo de força
e de grandeza, mas para ser fortaleza a si e a outros diante das dificuldades dessa vida.
Ter robustez nos laços familiares e nos enlaces de amizade. Também ter compromisso
e responsabilidade com o próximo e quem sabe até com aquele desconhecido.

Subir alto sem denigrir outros deve ser o plano de voo, pois com valores
e princípios morais se alcança o brasão da própria alma. Dessa forma seremos
naturalmente aceitos com uma plumagem rara em nosso derredor habitat.

O homem perspicaz deve possuir grande acuidade visual e de fato ser
comparado a águia. Porém, precisa se estabelecer por ter superioridade em inteligência
e sabedoria. Esse sujeito águia ver longe, alcança o que outros nem sequer ousam, vai
adiante superando obstáculos e rompendo barreiras. Mas, contrariamente a própria
águia, o homem não dever ser uma ave de rapina que tem presas prediletas para poder
sobreviver. E tendo essa consciência, deve voar sem passar por cima de qualquer outro
semelhante. Que maravilha de ser!

Não sejamos semelhantes às aves conhecidas como frágeis ou desprovidas de
coragem, que sucumbem ao envelhecimento sem a devida renovação conhecida da
águia. Que possamos optar pelas atitudes corajosas, nos tornemos pessoas valentes
e audaciosas para realizarmos sonhos, quem sabe até então, adormecidos. Mesmo
dentro da realidade vivenciada sejamos como às águias, buscando as terras altas e
montanhosas. Mas que não haja a profusão do orgulho, tão prejudicial. Tão menos
fiquemos sobrevoando em círculos procurando caças para capturar ou somente servir de
diversão. Sejamos sensibilizados, habitantes de nossas próprias vidas com um olhar de
ajuda e voando em direção a nossa espécie com amor e solidariedade.

Compararmo-nos a essa imponente ave é refletirmos sem olharmos o rastro
que ficou. É transmitir para o nosso semelhante o quanto ele pode também alcançar
sua liberdade. Vamos voar desde a imaginação até o alcance da consumação e sermos
completamente LIBERTOS nesse grande espaço.

LINDONETE CÂMARA



AOS PAIS E FILHOS - Lindonete Câmara



Papai! Palavra doce muitas vezes incompreendida e confundida. Pai é esse senhor jovem ou idoso. Humilde e muitas vezes exaltado devido à complexidade de seu apropriado ser. Homem que chora e tenta esconder as lágrimas em meio a uma dura e hipócrita sociedade. Sociedade de costumes e falsos valores que impede o homem de expor e prantear sua dor. Sociedade essa, machista, que acolhe o gênero masculino, mas que exclui seus sentimentos e emoções, castrando suas honrosas lágrimas.

PAI, és aquele que tem um coração amável e dilacerado. Também se alegra, se embrutece e se entristece. Muitas vezes, se impõe de forma aparentemente certa ou errada. Homem que na labuta se entrega com fervor, na esperança de dias melhores para cuidar dos seus filhos. Senhor que, na subjetividade da vida, é um menino que ainda cresce.

O pai é esse herói que luta em sua jornada cotidiana. Ao mesmo tempo, um ser cobrado pelo que não é, pelo que tem ou pelo que não possui.

Filho, não sei se choras ou se alegras pela vida do teu pai. Se te restas apenas um retrato ou a saudade do abraço. Sei que tua vida foi nascida e nela ele está presente ou distante. Não sei se ele jaz em “outra vida” ou no túmulo morto esquecido. Se ainda

choras pelas flores a ELE não oferecidas e por aquele abraço a ELE negado. É tudo muito abstrato!

Diante de qualquer situação liberemos o perdão, espalhemos o amor e tenhamos uma visão ampla da vida desse senhor. Que possamos enxergar o meio biopsicossocial de sua raiz e procuremos entender sua personalidade não apenas com emoção, mas também com a razão.

Se puderes abraçar teu pai e proferir a ele o que sentes no coração, faça hoje mesmo. Amanhã poderá ser muito tarde.

Mesmo que dele não te lembres de um abraço ou qualquer afago, faça algo, seja diferente. Perdoe a educação rígida que um dia involuntariamente ele recebeu e de forma inconsciente te repassou. Ele apenas te transmitiu com orgulho tudo que aprendeu na convicção do melhor possível para sua vida.

Seu pai é insubstituível e único!

E se teu pai nunca te assumiu selando o sobrenome dele no teu nome, lembre-se e tente esquecer. Mas, não esqueça que esse pai tem seus motivos pessoais e intrapsíquicos, e assim tu serás feliz.

Porém, valorize aquele que te cuidou e te deu carinho. ELE é verdadeiramente o teu pai!

Há inúmeros modelos de pais porque cada um é formado por uma subjetiva estrutura cognitiva. Sejamos felizes em cada situação que nos convém. Esteja seu pai vivo, morto, perto ou distante. Que nossa mente e coração sejam agradecidos pela própria vida exalando o mais perfeito aroma íntimo. Que o perfume do perdão transforme nossas vidas, falhas e vazios nos rotulando apenas de AMOR.

NEM TUDO O QUE RELUZ É OURO - Lindonete Câmara



Estamos vivendo num mundo cada vez mais consumista, de aparências e de muitos
enganos. Nunca se viu tanta facilidade para comprar e vender. Produtos aos milhares estão
disponíveis no mercado eletrônico e nos mercados da vida. Costumo dizer que “antigamente”
existiam dois tipos de produto: um destinado aos possuidores do capital, e outro destinado
aos detentores da mão de obra assalariada. Ou seja, existia o produto de boa qualidade para
os ricos e àquele sem qualidades especiais para os pobres. Não existiam tantas mercadorias
intermediárias. Hoje há uma infinidade de brilho, bijuterias, piratarias, falsificações e réplicas
tomando conta de tudo. Produtos para todo bolso e gosto. Mistura da moda internacional e
nacional saem das passarelas e vão para os desfiles das ruas.
Estamos inseridos num grande e diversificado intercambio de aparências e
superficialidades que até nos deixam maravilhados. Quanta ilusão!
Nessa hipócrita sociedade o TER vale mais que o SER. Infelizmente, ainda para muitos,
para ser bem aceito e respeitado não basta apenas SABER ou ser íntegro. É preciso possuir
bens materiais, usar produtos de grifes, andar num carro novo (que não seja de motor 1.0) e
TER status.
Estejamos atentos para o que está além do brilho. Às vezes há correspondência
entre aquele que possui bens materiais, que se veste bem e a boa conduta. Mas nem sempre
isso é verdadeiro. Nesse mundão reluzente aos nossos olhos o consumismo cada vez mais
desenfreado escorrega em nossas mãos. Já é doença psicológica para uns e quem sabe apenas
uma tentação para outros. Sem falar na grande facilidade para comprar com o “maravilhoso
cartão de crédito”.
Alguém faz propaganda da essência do homem na mídia e nos meios de comunicação
sem que haja direcionamento ao consumo? Alguém anuncia a dignidade e os princípios morais
do se humano independente de ser rico ou pobre? O universo empresarial, incentivador do
consumismo, não está interessado na verdadeira felicidade, esse algo espiritual e individual.
Porque será?
Vivemos num tempo de difíceis escolhas em todas as áreas de nossas vidas. De muita
FERRUGEM com revestimento aparente de OURO. Até quando seremos enganados? Abraham
Lincoln já havia dito que: “não se pode enganar todo mundo o tempo todo”. Às vezes pensamos
que o mundo só está caminhando na direção da ludibriação das pessoas. Mas também tenho a
convicção de que ao mesmo tempo em que alguém consegue enganar a muitos também a si se
engana.
Sejamos investigativos diante de tudo: das ideologias, das doutrinas, dos homens e em
tudo aquilo que reluz.

LINDONETE CÂMARA

POETICAMENTE CONTENTE - Lindonete Câmara



A poesia existe da própria verdade

Esse algo abstrato pulsante

Cada alma tem sua poesia latente

Ninguém usurpa emoções de outra mente.


Não suplicas! Ninguém quer ser teu reflexo

O próprio espelho em tua alma é inerente

O que pensas e até o que não sentes

Todo acúmulo do teu mérito é aparente.


O poeta em seu singelo ou sofisticado sentimento

É único, exclusivo e diferente

Mesmo irreconhecível ou iletrado

Expressa o que o outro nem pensa


Não queria conhecer de cor

A célebre epopéia de Camões

Juntar palavras líricas e cantar o desamor

Poetizar aos opostos sem próprio ardor.


Lindonete Câmara


TEMPO Lindonete Câmara


TEMPO


Lindonete Câmara


Ah, tempo distante presente!

Tempo daquela infância de cantigas de rodas, do contemplar o arco-íris no meio da calçada

Soltar pipas, caminhar de noite e até de madrugada

O tempo de hoje é vivido nas frestas das entreabertas janelas

Quem sabe nessa exposição o homem é atingido pelas balas perdidas

Ousadia de quem anda livremente pelas ruas, ruelas e nas esquinas da escuridão

Esse tempo, sim, é um tempo de grandes saudades

As cidades já não são as mesmas

Crianças vivem armadas e dormindo no chão

Pais violentam seus próprios filhos

Tanto física quanto psicologicamente

A infância é usurpada pela mídia, sendo literalmente esmagada

Pequenos humanos adulterados, que triste situação!

A vizinhança não conversa, se tranca e não se conhece

O pânico se espalha em atitudes desmedidas

Lugares pequenos se tornam grandes

Os valores estão invertidos e os sentimentos retraídos

O campo verdejante calmo e tranqüilo é inseguro

Quero sonhar com aquele tempo!

Mesmo que eu acorde e me veja sem razão

Com lágrimas e devaneios, verei nesse sonho liberdade

E somente dessa forma vejo solução

Exalo esse desejo arraigado no aroma

Que deleita suavemente em meu coração.

BRASAS EM CHAMAS - Lindonete Câmara













BRASAS EM CHAMAS



Alguns pensantes já não acreditam no amor do outro
nostalgicamente cantam e escrevem o próprio amor
Estranho o tal comportamento, assim diz a Psicanálise
São sentimentos embrulhados no Complexo de Édipo
advindos da segunda infância, onde o tempo não apagou
Diferente de Camões, Freud se inspirou nesse esquisito amor
Carvão incandescente advindo das entranhas do genitor
Ninguém melhor para falar que esse autor
por ter vivido seu ardor
Essa atração congelada inconsciente
devastada em correnteza nessas auras,
nos quartos fechados em pranto, nas caladas das noites e nos sonhos frustrados...
Ebriedade amorosa!
Jornadeia! Desata em outros braços, larga essa dor psicogênica
Até as poesias serão jocosas e terás de volta o crédito no verdadeiro amor...
Ah, fogo que resta nesta razão que queima e arde...
Não deságua, imploro que não! Oh, mente!
Naqueles que dão crédito no amor e vive outra realidade.


Lindonete Câmara
LIMITAÇÕES - Lindonete Câmara


LIMITAÇÕES


Construções de muralhas nos limitam

Engenharias de nossas vidas

Limites dos neurônios

Limitações esquisitas.


Horizontes o cérebro deve galgar

Inverter limitações e adentrar

Memórias diversas

Sem limites acionar.


Algo individual há no limite

O processamento do pensar

Ágil ou devagar

Limitação, desejo a superar.


Na rede cerebral interconectada

O sem limites deve estar

Conhecer o funcionamento

Desse órgão engenhoso, se encantar.


Lindonete Câmara














APRESENTAÇÃO - Lindonete G. A. D. Câmara


Aos grandes poetas santacruzenses quero começar a saudar

Riquíssimos em prosa e poesia deem licença para eu me apresentar

Não como poetisa, mas com alegria ritmada entoar

Fui convidada a escrever e sem pretensa maestria irei me identificar.


Nesse espaço cultural quero minha marca registrar

Nenhuma semelhança, porém aos grandes poetas desse lugar

Começando por Gilberto, cordelista que sempre soube arrasar

E ao sábio Marcos Cavalcante que o admiro sem cessar.


Também escrevo nesse estilo e de vocês pego carona

Já rabisquei no passado muitas folhas no avesso sem publicar

Numa outra simetria de palavras mal trocadas num desatinar

Deixei meus sentimentos d’alma em água mergulhar.


Voltando aos poetas quero a outros comentar

O grande Hélio Crisanto, vestido ou não de padre, sabe muito se expressar

E também o Teixeirinha, inteligente e atual, quero elogiar

Há outros que devo valorizar, incluindo Marcelo Pinheiro que sou suspeita a falar.


Em meio a tantos homens do escrever e atuantes

Tem o grande Nailson Costa, o Aurélio ambulante

Diante desses poetas de intelecto e aprovação

Que mais posso expressar nessa estreita apresentação.


Engavetados tenho poemas ou letras soltas no chão

De tempos remotos e do atual contexto então

Tenho rascunhos deslizando na tinta e no borrão

Escritas que escorrem e desembocam em minhas mãos.


Se a APOESC desse torrão me permitir

Quem sabe esporadicamente algo irei redigir

Expressar o que não sei e o que posso sentir

Revelar signos e significados ao meu inerente existir.


Na revelação desse falar frases querem se adiantar

A verdade é fotografia dessa anônima a declarar

Emoções nas folhas escritas que não devo negar

Só entende os poetas por terem sentimentos a derivar.


Em versos mal alinhados e sem nenhuma precisão

Revisto minhas palavras na oportuna apresentação

Rascunho sem máscara, com subjetividade e ação

Se quiserem de fato me conhecer, posso outras vezes escrever.


Lindonete G. A. D. Câmara – Assistente Social e Graduanda em Psicologia é natural de Santa Cruz e reside em João Pessoa/PB

5 comentários:

  1. Desculpe-me Gilberto! rsrs Encontrei! Assim ficou mais visível...merecida divulgação!
    Super inteligente e muito criativa!

    João

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  2. Excelentíssimas escritas...merece publicá-las.

    Santos de São Tomé/RN

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  3. Olá, Gilberto
    Obrigada pela consideração,não precisava tanto. Mas, de toda forma me senti lisonjeada. [...]
    Parabéns pelo seu trabalho e disponibilidade cultural.

    lindonente Câmara

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  4. Ei, pense, que essa jovem escreve muito bem...deveria mandar ver e por sinal é bonita também.

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  5. Pois é, criatividade é o que não lhe falta, por isso concordo com João quando diz que é merecida a divulgação..PARABÉNS MANA QUERIDA.
    Luciene Araújo

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