sexta-feira, 12 de abril de 2013

UM OLHAR SOBRE A CIDADE - João Maria de Medeiros


Estive pensando, estava pensando e hoje penso mais ainda sobre a situação a que chegou nossa cidade. A terra de Santa Cruz não merece viver sob um estado de violência ao ponto que chegou! Para quem não sabe, nossa terra é uma das cidades mais violentas. Se não me engana a memória, Santa Cruz é hoje a 10ª cidade mais violenta do Estado. 
Ah, não é a memória que me engana, mas é que os dados, os números de homicídios estão sempre aumentando cada dia que se passa. A maioria das vítimas são jovens que estão perdendo suas vidas prematuramente. Num dia já foi a 16ª, noutro foi a 12ª mais violenta cidade do Estado.  Se continuar crescendo assim, onde vamos chegar?
E Isso pode parecer, mas não é obra do acaso. Pode parecer para muitos, que isso acontece simplesmente por acontecer. Mas repito, não é obra do acaso.
Está mais que provado que a violência aumenta onde não há oportunidade de emprego e renda; ocupação; onde a educação é coisa de segundo, terceiro ou sei lá qual plano; Onde as gestões não investem ou investiram no ser humano; Não investem ou investiram na educação, na saúde, na segurança, no surgimento de emprego e renda.
Fizeram e fazem obras, é verdade e não se pode negar. A cidade está muito mais bonita fisicamente. Está. Mas infelizmente, não está bonita nos aspectos sociais: Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um dos piores entre as cidades médias do Estado; As pessoas morrem pela falta de uma UTI- prometida, mas nunca cumprida; O cidadão comum vive em total falta de segurança; E se não fossem os programas sócias de combate à pobreza, e as aposentadorias rurais, estaríamos numa situação muito pior.
Se as gestões tivessem feito investimentos físicos, como realmente fizeram, mas também tivessem feitos investimentos nas pessoas, hoje Santa Cruz não amargaria dados tão alarmantes e desconfortáveis para seus moradores, que é o que ela tem de melhor. E esses gestores, consequentemente, estariam dormindo em paz consigo mesmos.
Essa é amigos ,pelo menos, a nossa sincera e humilde opinião.

***João Maria de Medeiros é professor, poeta e cronista.

Concentração pela paz

quinta-feira, 11 de abril de 2013

"BIRINO, O VIAJANTE DESTEMIDO" - Adriano Bezerra






Algumas estrofes do meu próximo cordel de valentia (ficção) "BIRINO, O VIAJANTE DESTEMIDO", são 80 estrofes de SETE VERSOS a ser publicado em breve, vejam:

Peço a Deus Onipotente
Que me dê inspiração
Para eu poder descrever
A lenda de um valentão
Que nasceu para lutar
Tinha coragem sem par
Em qualquer ocasião.

Com o nome de Birino
Os seus pais lhe batizaram
E conforme foi crescendo
De tudo lhe ensinaram
Não perdia uma disputa,
E em todo tipo de luta
Vários mestres lhe formaram.

Não temia nesse mundo
A nenhum sobrevivente
Nem tão pouco do além
Que surgissem de repente
E até animal selvagem
Ele com sua coragem
Pegava de unha e dente.

Ele era um rapaz alto
Muito forte e vistoso,
Elegante e educado,
Decente e atencioso,
Um encantador sujeito,
Que esbanjava respeito
E não era orgulhoso.

Porém se alguém chegasse
E lhe desse algum motivo
Ele dizia pro tal:
Sua vida eu não cultivo
Pois cabra ruim e bandido,
Bagunceiro e atrevido
Não merece ficar vivo.

Aos dezoito ele partiu
Para conhecer o mundo
Sem temer qualquer perigo
Mal-feitor ou vagabundo
Até coisa do além
Ele pegava também
Em menos de um segundo.
[...]
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Caos, Violência Urbana e seu Combate Caótico - Professor Theo Alves



Sou quase um estrangeiro em Santa Cruz. Na verdade, moro aqui há menos de quatro anos, embora já trabalhe na cidade há seis, mas ainda não me sinto muito à vontade para criticar a casa, como quem reluta em dizer ao anfitrião que o molho servido é desagradável. No entanto, não é possível calar diante do horror que tem se instalado sobre a cidade a partir das mais recentes manifestações de violência.

Os acontecimentos estão cada vez mais próximos ao caos urbano: uma cidade com menos de 40 mil habitantes que se dá ao luxo de ter assaltos e assassinatos diários, roubos e pequenos furtos a qualquer hora do dia, arrastões em plena feira-livre e o mais absurdo: um arrastão dentro de uma escola pública. Os cidadãos já relutam em sair de casa, há um toque de recolher não oficial instaurado, a inversão da prisão das grandes cidades já chegou aqui: as pessoas se trancam para o mundo por não poderem impedir que o mundo invada suas casas, mães e pais temem pelo presente de seus filhos, escondem-se, protegem-se, anulam-se.

É preciso dizer que a situação não é nova. Desde minhas primeiras passagens pela cidade, o cenário já estava desenhado, embora a intensidade fosse menor. Mas problemas como este, se não solucionados corretamente, tendem a crescer e a devorar quem os alimenta. Não é diferente em Santa Cruz.

Diante do caos, os famosos “jogos de empurra” do poder público se intensificam: a administração municipal culpa o estado, enquanto o estado finge não ter culpa. Tolo é o cidadão que acredita na inocência de alguém nesta história. O problema da violência urbana por aqui vem de longe, passou por administrações públicas diferentes e desemboca na atual. Uma coisa em comum há entre todas elas: a apatia. As discussões e transferências de responsabilidade se repetem e nenhuma resposta digna é dada aos cidadãos, que também não a exigem. 

No momento, a prefeitura fala em mais policiamento. Fala apenas. Efetivamente, nada foi feito. O governo estadual não fala nada: é característica do governo Rosalba ignorar problemas, esquivar-se deles em lugar de solucioná-los. Aliás, pelo que se diz, a impressão que tenho é que o problema não será resolvido principalmente por um detalhe: as administrações públicas não sabem o que fazer, limitam-se à repetição do velho clichê “mais policiamento, mais viaturas, mais armas...” Esquecem-se de que mais policiamento é apenas parte da solução, a parte mais imediata e superficial, simplória. Policiamento mais equipado e maior efetivo permitirão o combate direto às formas de violência estabelecida, porém não resolverá suas causas. 

É um paliativo que se permite cobrir a ferida, mas não o câncer que a causou. Faltam ações sociais, culturais, educativas e de lazer, além da possibilidade de uma vida decente, de um trabalho decente, decentemente remunerado; faltam perspectivas de uma vida mais justa e menos excludente, menos humilhante e mais honesta. Faltam porque são uns poucos grupos ou pessoas que ainda exercem de forma hercúlea e altruísta alguma força para amenizar problemas sociais. E fazem isso não com o auxílio do poder público, mas apesar dele.

Outra atitude se faz imediatamente necessária: frequentemente vejo o desprezo espalhado por várias camadas sociais – inclusive por parte da administração pública – em relação aos bairros periféricos. Tratam-nos como se fossem um expurgo, um rejeito da cidade. A população lida com bairros como Paraíso e Maracujá como se os problemas de lá não fossem seus também. A violência passou a incomodar quando invadiu o centro da cidade, entretanto pouquíssimo tem sido feito para amenizar as angústias de segmentos sociais absolutamente destratados, como alguns dos que sobrevivem nesses bairros.

Para amenizar os problemas que geram violência em Santa Cruz são necessárias duas coisas: estratégias e tempo. Estratégias de combate imediato e em longo prazo, tempo para que as mudanças, que precisam haver, possam surtir efeito. Se nos limitarmos ao aumento do efetivo policial, teremos mais presos, mas não teremos menos violência. É preciso saber agora quem se dispõe a participar da mudança.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

MOTE: São dois anos de seca castigando, As famílias sofridas do sertão.







Vejo o homem do campo entristecido,
Esperando chegar à invernada,
No alpendre da casa o camarada,
Olha o chão vendo o pasto ressequido,
Seu desejo não foi mais atendido,
Mas insiste em fazer a oração,
Procurando manter a devoção, 
Ele escuta um vizinho blasfemando,
São dois anos de seca castigando,
As famílias sofridas do sertão.


O gemido do povo é muito forte,
Vendo a seca atingir os peregrinos,
Maltratando vaqueiros nordestinos,
Que não querem seguir a outro norte,
Nessa luta gigante contra a morte,
Muito gado padece pelo chão,
Sem ter água, alimento e nem ração,
A boiada prossegue definhando,
São dois anos de seca castigando,
As famílias sofridas do sertão.


 Rariosvaldo Oliveira

O sertão vive uma grande tristeza
Com a trágica situação do gado
As caveiras se espalham no roçado
Deixa luto por toda a natureza
Pois a seca esmagou toda beleza

Que havia no meu lindo sertão
Hoje eu sinto uma dor no coração
Vendo as minhas origens se acabando
São dois anos de seca castigando,
As famílias sofridas do sertão.

HERÓI DO CINISMO - Hélio Crisanto


 
Não matem crianças
Cachorros ferinos
Brutais assassinos
Guardem suas lanças
Não mate esperanças
De um mundo doente
Recolha-se  urgente
Covarde guerreiro
Mongol chacineiro
Perverso indolente

Recolha o canhão
Dissemine a paz
Ditador mordaz
Feroz falastrão
Não jogue a nação
Contra o terrorismo
Não jogue no abismo
O nosso sossego
Tirano morcego
Herói do cinismo

terça-feira, 9 de abril de 2013

Nós é que somos fortes! - Aristóteles Santos Pessoa Furtado


                                              Cuité,PB., 06 de abril de 2013



Você pensa que tá bom
Por ter copa no Brasil
Ter forró e muito som
Nesta terra varonil?

Você pensa que vai bem
Por ter bolsa escolar?
Ora, neste vai e vem!
É somente pra enrolar.

Você acha benevolente
Não mudar, entrar no prumo?
Um Brasil com tanta gente
Sem oportunidade, sem rumo.

Com seca, chuva ou com gelo
Não muda do sul ao Norte.
Chega de tanto atropelo!
Bom. Nós é que somos forte.



Aristóteles Santos Pessoa Furtado

segunda-feira, 8 de abril de 2013

SONHO SEPULTADO - Adriano Bezerra




Meu sonho sempre foi ver
Mamãe e papai velhinhos
Lado a lado bem juntinhos
Desfrutando com prazer
De cada neto ao nascer
De cada filho casando
Todos bem e prosperando
Porém meu sonho morreu
Quando papai faleceu
Sozinha mamãe ficando.


domingo, 7 de abril de 2013

LENTIDÃO DO JUDICIÁRIO - Marcelo Pinheiro

 Reflexão referente às postagens  http://apoesc.blogspot.com.br/2013/04/conclusos-para-justica-marcos-cavalcanti.html       e     http://apoesc.blogspot.com.br/2013/04/conclusos-para-despacho-aristoteles.html


 
   Quando Aristóteles e eu criticamos a Justiça não nos dirigimos à atuação individual de determinado agente político (juiz) ou público (funcionário) do Judiciário. Mas ao sistema como um todo, que possui os problemas que já conhecemos. Penso que a distribuição de justiça pelo Judiciário ainda é muito precária, como precária é a distribuição de saúde, educação, segurança, lazer etc. Entretanto, quase sempre, apenas essas últimas são submetidas a críticas. Sobre o Judiciário paira certa aura de incolumidade, blindando-o, com segurança, de críticas. Por quê? Este é um poder como os demais (Legislativo e Executivo – que adoramos criticar.). O Judiciário possui tantas incongruências, carências, falhas etc., quanto eles e, por conseguinte, não está livre de críticas.

 Apenas para citar algumas, temos:

  1.       Poucos juízes e funcionários. Em Santa Cruz, por exemplo, na Vara Cível (que é gigante), temos apenas uma juíza e cinco ou seis funcionários de secretaria para cuidar de cerca de 5.900 processos. Um absurdo! Aqui está o ponto nevrálgico da extrema  lentidão do Judiciário. Em todos os países onde o Judiciário funciona com excelência há um volume grande e crescente volume de processos, há ampla defesa, há advogados para utilizar os recursos que a lei possibilita etc. Não é isto que torna a coisa lenta, mas o sistema, o aparato precário.

2.        A desigualdade entre juízes, promotores e advogados para cumprir prazos processuais. Os advogados têm prazos exíguos e peremptórios para cumprir diligências. Ex.: 10 dias para apresentar rol de testemunhas. Se o advogado não o fizer naquele prazo, seu cliente perderá a oportunidade e ficará sem a prova testemunhal. Sabe o que acontece se o processo passar 1.423 dias no gabinete do juiz, concluso para despacho (parado)? NADA! O juiz simplesmente não tem prazo para cumprir. Se ele, o juiz(a) não tem suporte para cumprir prazos como os advogados, que o Estado o crie! O que não pode é um ter 10 dias e o outro 10.000 dias (ou mais). (Obs.: o caso acima existe e o número do processo é 126.06.201132-9 em trâmite e sem sentença desde 2006.).

3.     Outros problemas menores existem. Pela Constituição Federal, o juiz deve residir na comarca onde trabalha. Muitos chegam na comarca na terça-feira e voltam na quinta para a capital. Além disso, têm 60 dias de férias por ano, ao contrário dos trabalhadores comuns.

Como diz a música (Engenheiros do Hawaii):
“...
Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem...”

sábado, 6 de abril de 2013

CONCLUSOS: PARA JUSTIÇA! - Marcos Cavalcanti

Comentário poético do poema Conclusos para despacho



Nobre advogado, o problema da justiça é complexo,
E Vossa Excelência, em alguns pontos tem razão.
A lentidão da engrenagem estatal é uma evidência,
Mas pela análise, cheguemos a uma justa conclusão:

O aparelho judicial vem dia a dia se modernizando
Para atender melhor a causídico e jurisdicionado,
Mas as demandas crescem em progressão geométrica,
Enquanto aritmética é a progressão do nosso Estado.

São tantos os recursos à disposição da ampla defesa,
São tantas vias, vielas e veredas em nossa legislação:
Os incidentes, os embargos e as petições protelatórias,
Que às vezes é o advogado quem puxa o freio de mão.

Faltam Recursos Humanos para uma maior celeridade,
Mas culpabilizar-nos tão somente, data vênia, é injustiça,
Às vezes é a omissão ou intransigência de uma das partes
Que põe por terra o bom andamento da nossa justiça.

Seja como for, Justiça, Ministério Público e Advogados,
Trabalhemos juntos por uma Têmis que não enguiça,
Sejamos bons, honestos, cônscios de nossos atos,
E louvemos a verdade para além de uma visão postiça.

Marcos Cavalcanti

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Espetáculo UM SONHO DE PALHAÇO no Teatro Candinha Bezerra

Carta aberta à cantora Joelma - Renan II de Pinheiro e Pereira.



 Renan Pinheiro
Senhora Joelma,

                              nunca fiz segredo entre meus amigos e familiares que detesto o trabalho que você e seu marido fazem na banda Calypso, e que espero nunca receber de presente nada relacionado a ele. No meu conceito, vocês simplesmente simbolizam uma tendência cada vez mais maior de promover a mediocridade no meio artístico e “deseducar” culturalmente o público, através das músicas com letras pobres e arranjos sofríveis que vocês tocam, mas que como são amplamente divulgadas nas rádios e televisão, sempre encontram um público cativo. Nessas rádios, como sabemos, raramente é tocado algum material de maior qualidade, por ser considerado “pouco comercial”, mas têm suas ondas abertas a qualquer coisa com potencial para fazer sucesso, pouco se importando se é algo bom ou não, e vocês contribuem para isso, “monopolizando” o mercado e dificultando que artistas talentosos tenham mais espaço. E também acho que não custaria nada você diminuir a intensidade com que canta, pois o bom cantor não precisa berrar para ser ouvido e ao forçar a voz você pode comprometê-la no futuro. Sempre temos alguma coisa a aprender com bons profissionais, mas não encontro nada em que você possa ser considerado uma referência.
Sei que muitos que lerem isto vão dizer que sou preconceituoso e deveria valorizar sua história, já que vocês eram pobres e conseguiram subir na vida graças ao trabalho duro que fizeram, mas discordo: pouca instrução nunca foi justificativa para falta de talento, e o Brasil está repleto de exemplos disso, como Machado de Assis, que é considerado por muitos o maior escritor brasileiro mas era filho de um pintor de paredes e uma lavadeira, ou Cartola, que não tinha o primeiro grau completo e chegou a trabalhar como lavador de carros, mas era capaz de, mesmo com pouca instrução formal, escrever canções de grande beleza e profundidade, como “Tive sim” e “O mundo é um moinho”, que talvez você devesse escutar se algum dia quiser saber o que é um artista de verdade. Não penso que o sucesso seja um atestado seguro da competência de alguém, até porque ele é algo que vai e vem: Augusto dos Anjos só fez sucesso depois de morto, e muitos artistas dos anos 80 viviam no “Cassino do Chacrinha” mas hoje quase ninguém lembra deles. Onde estão Chico Lopes, Cravo e Canela, Katinguelê e outros que estouraram tanto que perderam combustível e não conseguiram segurar o sucesso?
Mas não é esse o assunto principal desta carta: é a sua hipocrisia.
Digo que você é hipócrita porque você fala dos gays como se fosse extremamente superior a eles, e não adianta dizer que suas declarações foram deturpadas porque resgataram outras que você deu anteriormente que vão no mesmo sentido, como se fosse “algo” equiparado a uma “droga”, que pode ser curado. Mas você é mesmo tão superior? Afinal, estamos falando de alguém que usa e abusa, nas suas performances, de coreografias apelativas e roupas estilo “cheguei”, e tenta  passar uma ideia de sensualidade quando canta, principalmente com aquele gesto de balançar o cabelo, que caso você não saiba serve é para passar uma ideia de frivolidade. Se você usa o corpo para se promover, a ponto de passar uma imagem de que “se acha” a “rainha do pedaço”, qual sua moral para censurar alguém, como se só por causa de sua opção sexual ela fosse promíscua ou não tivesse nada de relevante para acrescentar ao mundo? Digo isso porque talvez você não saiba, mas existem artistas gays de uma obra considerável, e bem mais talentosos que você poderia sonhar: Renato Russo e Emílio Santiago com certeza lhe ensinariam muito sobre elegância e profundidade, e mesmo que fossem um tanto desregrados Cazuza e Cássia Eller tinham mais verdade e entrega que você. E isso porque só estou falando do Brasil: lá fora os exemplos são muito mais numerosos, como por exemplo Freddie Mercury, que tinha uma voz e uma presença de palco inigualáveis.
Portanto, cada vez que pensar em dizer alguma coisa, tente ganhar algum conteúdo, deixe de agir como “grande personalidade cultural” e seja mais humilde.

Renan II de Pinheiro e Pereira.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

CAZUZA no Rock in Rua

Conclusos para Despacho! - Aristóteles Pessoa



Advogado, na nossa militância sagrada
No passar dos dias sempre encontramos
A dormência de uma Justiça quase parada
Desistimulando o trabalho que tanto amamos.

Não temos mais como esconder os desenganos
Quando os constituintes indagam com desilusão
Dos processos que advogamos e somos patronos
E temos que lhes responder: “autos à conclusão”.

Os clientes sem esperança, de tanto ouvir explicações
“Conclusos para despacho” é só o que existe nos autos
Nós Advogados, cansados de repetidas justificações
Recebemos a culpa de quem não realiza os seus atos.

Os que buscam a tutela jurisdicional do Estado-Juiz
Quase sempre as recebem, fora de tempo, no ocaso.
“Conclusos para Despacho” é o que o processo diz.
Infelizmente, a Justiça não anda, continua no atraso.

E consultando no site oficial não há bom movimento
Novo só: “Voltem-me os autos conclusos para despacho”
Mandando o Magistrado dar “URGENTE” cumprimento.
Podemos concluir, o Edifício da Esperança é mamaracho.

Cuité, PB., 22 de fevereiro de 2013

Meninos da rua - Zenóbio Oliveira

Zenóbio Oliveira

São filhos das ruas da grande cidade,
Náufragos num mar de vício e violência,
Os “grãos da esperança”, que a vil inclemência,
Largou cedo às margens da dignidade.

São herdeiros naturais da indigência,
Que por obra e força da necessidade,
Comem as sobras do pão que a vaidade,
Põe, ao desdém, no lixão da incoerência.

Esmolam nas ruas pedintes infantes,
Crianças do mundo, destinos errantes,
Expostos aos riscos constantes da vida,

Dormindo, esquecidos, na imunda sarjeta,
Sonhando que a vida lhes dê de gorjeta,
Carinho, e amor, e conforto, e comida.

terça-feira, 2 de abril de 2013

PARABÉNS, WESCLEY GAMA, POR SEU AMOR À CULTURA - Gilberto Cardoso


Tanta coisa ele faz 
que me deixa admirado 
a cultura é seu legado 
cultura em nome da paz 
mostra do que é capaz 
com energia e candura 
seu nome se estrutura 
vejo crescer sua fama 
Parabéns, Wescley Gama, 
por seu amor à cultura!

Semelhante ao rei Midas
que em tudo quanto tocava
logo em ouro transformava
ele tem mudado vidas
drogas foram esquecidas
emoções acharam cura
o seu trabalho perdura
pois é feito por quem ama
Parabéns, Wescley Gama 
por seu amor à cultura


Com muita simplicidade
Ele segue semeando
E a cultura vai florando
Mesmo com dificuldade
Não sei se sua cidade
O reconhece à altura
Sim ou não, sua postura
É a de quem não reclama
Parabéns, Wescley Gama
Por seu amor à cultura!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Eu e a Enchente de 81

Joao Maria Medeiros
Faz 32 anos, mas lembro-me como se fosse hoje daquela quarta-feira,
dia 1° de abril de 1981; dia da enchente de 81, como é chamado pelo
povo. Infelizmente era o dia da mentira e muita gente não acreditou
que fosse verdade o que diziam sobre o  rompimento do Açude
Mãe-D'água, lá em Campo Redondo. Era verdade o que dizia  Maria de
Fátima da Silva, telefonista da TELERN.

Lembro-me que era mais um dia de muita chuva daquele mês de abril, que
após março abriu mais um mês chuvoso!

Eu era um rapazinho franzino, esperançoso por melhores dias, que vinha
lá do Sítio Várzea Grande, todos os dias, ou melhor, quase todos os
dias de bicicleta, e às vezes até a pé, meia légua até a BR 226 pegar
o ônibus dos estudantes de Tangará para concluir meus estudos aqui em
Santa Cruz. Esse era meu sonho!

Debaixo de chuva saí de casa, debaixo de chuva peguei o ônibus e
debaixo de chuva cheguei aqui às 18h 30min. Ao chegarmos ao colégio,
eu e um colega de Tangará recebemos a notícia: não haveria aula. As
pessoas daqui estavam apreensivas frente a possível destruição da
cidade.
Corremos para a igreja, para a Matriz de Santa Rita de Cássia.
Lá chagava gente aos borbotões! Eram pessoas que vinha principalmente
do Bairro Paraíso. Com seus pertences que tinham; roupas, utensílios
domésticos. Até passarinhos em gaiolas eu vi eles trazendo!

Enquanto isso, ocorria frente a nossos olhos, de mim e do meu colega,
alguém chega e nos chama para voltarmos, pois o ônibus estava  a nossa
espera na praça.Durante a volta, a chuva continuava forte. A minha
preocupação era como chegar a minha casa. Pensava na coalhadinha,
consumida antes de dormir feita por minha querida mãe-Que Deus a
tenha! Não deu. Dormi ali mesmo na Br 226, na casa de uma pessoa que
nunca vou esquecer pelo que fez por mim: Seu João de Caqui, que hoje
mora no Conjunto Cônego Monte.

No outro dia, soubemos dos estragos que fez aquela enchente. Muita
destruição! Faltou energia em grande  parte do Estado, que dependia da
Subestação daqui, como Natal, por exemplo.. Até algumas pessoas
perderam o que tinham de mais precioso: suas vidas.

Que dia difícil aquele! Foi muita chuva!  Muito mais que o sertanejo pede hoje.

*** João Maria de Medeiros é professor, poeta e cronista

DUVIDO TER UM VIVENTE PRA MENTIR MAIS DO QUE EU

Adriano

Na lua eu pisei primeiro
Visitei outros planetas
Viajei o mundo inteiro
Desviei muitos cometas
Como bom aviador
Guiei disco-voador
De ET que se perdeu
Vi ovni na minha frente
DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.

 Gilberto

Na Páscoa eu encontrei
um coelho muito novo
duma raça que não sei
estava botando um ovo
sua pata apertei
uma cenoura lhe dei
ele me agradeceu
saiu pulando contente
DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.


 Hélio Crisanto

No tempo em que ensinei
Fui professor de Platão
George Bush eu eduquei
Pra Bill estendi a mão
Em Olinda ensinei frevo
Na Bolívia elegi Evo
Pra mandar no povo seu
No Japão fui presidente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu



 Adriano

Na brigada eu sou ligeiro
Sou liso feito sabão
Já briguei com cangaceiro
Pior do que Lampião

Já enfrentei e venci
Jackie Chan e Jet Li
Bruce Lee vendo tremeu
Que chega batia o dente
DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.


 Gilberto

Quando fui ao Vaticano
agendei por telefone
fazia parte do plano
almoçar com Berlusconi
Vi o papa face a face
pedi que renunciasse
e ele me obedeceu
quase imediatamente
DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.



Jarcone Vital

Roma inteira me adorou 
Desarmei Napoleão 
Os cabelos de sansão 
Fui eu mesmo quem cortou 
O herói grego que matou 
O minotauro fui eu
Atribuíram a teseu 
Um garoto adolescente 
Duvido ter um vivente 
Pra mentir mais do que eu 

 Zenóbio Oliveira
Viajei o mundo a pé,
Na África fiz renome,
Pois acabei com a fome,
Da Ruanda e da Guiné,
Na Europa eu fiz até,
Reforma no Coliseu,
Na Suécia fiz ateu,
Se converter para crente,
Duvido ter um vivente,
Pra mentir mais do que eu.


 Adriano
Certa vez eu fui caçar
No seio da Amazônia
Foi cem noites sem deitar
Não pense que foi insônia
Estava em perseguição
No encalce de um leão
Que quando me viu correu
Montado numa serpente

DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.

Kiko Alves
Nunca tive uma ressaca 
Nem fiquei pra saideira 
Briga pra mim só de faca 
Nunca fui de brincadeira 
Jamais pequei por vizinha 
Nunca olhei pra uma calcinha 
Nem chorei com dor de dente 
Peido meu nunca fedeu 
DUVIDO TER UM VIVENTE 
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU 

 Gilberto

Quando ensinei  Sivuca

A tocar acordeon

Xuxa beijou minha nuca

Me chamou de  bicho bom

Aceitei os seus carinhos

Fui dar aula a Dominguinhos

Com esforço ele aprendeu

A tocar divinamente

DUVIDO TER UM VIVENTE

PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.

 Adriano

Trabalhando de pedreiro
Construí a Casa Branca
Fui de Petra o engenheiro
E cavei com alavanca
A base do Taj Mahal
Trabalhei até o final
Na obra do Coliseu
Sozinho sem ter servente
DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.

 Hélio Crisanto

Procurando confusão 
Lancei bomba na Coréia 
Botei fogo num vulcão 
Pra incendiar Pompéia 
Fui um valente guerreiro 
Nas tropas de Conselheiro 
Na guerra em seu apogeu 
Lula foi meu confidente 
Duvido ter um vivente 
Pra mentir mais do que eu 

 Hélio Alves

Estive nas guerras mundiais 
De iroshima fui guerreiro 
Atravecei os oceanos 
Nao sei o que é ser derradeiro 
Nunca perdi uma briga 
Matei um por me roubar um pingente 
E outro por me chamar de plebeu 
DUVIDO TER UM VIVENTE 
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU

 Gilberto:
Eu vi Silas Malafaia
Em uma parada gay
Tava com Marcos de saia
Abri a Bíblia e preguei
Os dois se emocionaram
Toda pintura tiraram
E Silas me prometeu:
Sou homem daqui pra frente!
DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU. 

 Adriano
Cruzei os mares do Leste
Nadando só c’uma mão
Escalei todo Everest
Sem usar nem um cordão
Fui do Brasil ao Guiné
Descalço e andando a pé
E quando o Japão tremeu
Tirei criança de enchente
DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.

Participei da tramóia,
De Páris com Menelau,
Com um cavalo de pau,
Acabei com a paranóia,
Roubei Helena de tróia,
Dos braços do povo aqueu,
Fugi pelo mar Egeu,
Carregando esse presente,
Duvido ter um vivente,
Pra mentir mais do que eu.

 Gilberto:
Caba véi mais mentiroso 
é o Zenóbio Oliveira 
quis dar uma de gostoso 
e Helena foi traiçoeira 
preferiu ficar comigo 
mas eu lhe dei um castigo 
e ela enlouqueceu 
sentindo paixão ardente 
duvido ter um vivente 
pra mentir mais do que eu.

 Hélio Crisanto
Certo dia eu fui pescar 
Na Lagoa do Bomfim 
Numa maré de azar 
Só peguei um surubim 
O bicho me deu canseira 
E um trator de esteira 
Não pode com o peso seu 
A luta foi comovente 
Duvido ter um vivente 
Pra mentir mais do que eu

Adriano

No dia que eu nasci
Após um parto normal
Pulei da cama e corri
Lá dentro do hospital
E para me dominar
Foi obrigado chamar
Papai mais um irmão meu
Mais um bocado de gente
DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.



 Gilberto:

Já fiz tanta estripulia
Quem nem parece verdade
Dei aula de poesia
A Carlos Drummond de Andrade
Enquanto estava no quarto
Perto da sala de parto
Quando minha mãe nasceu
Não fui um pai negligente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu.



 Hélio Crisanto

Eu passando numa estrada
topei numa cascavel
sem ter medo da danada
pus dentro do meu chapéu
a danada dava bote
mirando no meu cangote
como quem diz já morreu
e eu arranquei-lhe o dente 
duvido ter um vivente
pra mentir mais do que eu




João Bezerra:
Hélio hoje é violeiro
Agradeça a minha pessoa
Ta ganhando muito dinheiro
Ensinei tudo numa boa
Comprou carro importado

A poesia lhe dar bons resultados
Ta vivendo seu apogeu
E isso me deixa contente
Duvido ter um vivente
Pra mentir mais do que eu







 Adriano

Hoje toda educação
No Brasil é exemplar
Professor ganha um milhão
Todo mês pra trabalhar
Político não faz trapaça
Defende o povo de graça
Nunca mais ninguém morreu
A saúde é excelente
DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.

 Gilberto:

Políticos são honestos
ganharam sem falcatruas 
e circulam pelas ruas
com vestuários modestos
não há mais assassinatos
e em nosso bairros pacatos
a violência morreu
todo mundo tá contente
DUVIDO TER UM VIVENTE
PRA MENTIR MAIS DO QUE EU.

 Hélio
Eu me encontrando raivoso 
Esmurrei um porco espinho 
Já fui daqui pra trancoso 
Nas asas de um passarinho 
Viajando pelos ares 
Eu fui parar em antares 
Voando com Galileu 
Numa nava bem potente 
Duvido ter um vivente 
Pra mentir mais do que eu