sexta-feira, 5 de abril de 2013

Carta aberta à cantora Joelma - Renan II de Pinheiro e Pereira.



 Renan Pinheiro
Senhora Joelma,

                              nunca fiz segredo entre meus amigos e familiares que detesto o trabalho que você e seu marido fazem na banda Calypso, e que espero nunca receber de presente nada relacionado a ele. No meu conceito, vocês simplesmente simbolizam uma tendência cada vez mais maior de promover a mediocridade no meio artístico e “deseducar” culturalmente o público, através das músicas com letras pobres e arranjos sofríveis que vocês tocam, mas que como são amplamente divulgadas nas rádios e televisão, sempre encontram um público cativo. Nessas rádios, como sabemos, raramente é tocado algum material de maior qualidade, por ser considerado “pouco comercial”, mas têm suas ondas abertas a qualquer coisa com potencial para fazer sucesso, pouco se importando se é algo bom ou não, e vocês contribuem para isso, “monopolizando” o mercado e dificultando que artistas talentosos tenham mais espaço. E também acho que não custaria nada você diminuir a intensidade com que canta, pois o bom cantor não precisa berrar para ser ouvido e ao forçar a voz você pode comprometê-la no futuro. Sempre temos alguma coisa a aprender com bons profissionais, mas não encontro nada em que você possa ser considerado uma referência.
Sei que muitos que lerem isto vão dizer que sou preconceituoso e deveria valorizar sua história, já que vocês eram pobres e conseguiram subir na vida graças ao trabalho duro que fizeram, mas discordo: pouca instrução nunca foi justificativa para falta de talento, e o Brasil está repleto de exemplos disso, como Machado de Assis, que é considerado por muitos o maior escritor brasileiro mas era filho de um pintor de paredes e uma lavadeira, ou Cartola, que não tinha o primeiro grau completo e chegou a trabalhar como lavador de carros, mas era capaz de, mesmo com pouca instrução formal, escrever canções de grande beleza e profundidade, como “Tive sim” e “O mundo é um moinho”, que talvez você devesse escutar se algum dia quiser saber o que é um artista de verdade. Não penso que o sucesso seja um atestado seguro da competência de alguém, até porque ele é algo que vai e vem: Augusto dos Anjos só fez sucesso depois de morto, e muitos artistas dos anos 80 viviam no “Cassino do Chacrinha” mas hoje quase ninguém lembra deles. Onde estão Chico Lopes, Cravo e Canela, Katinguelê e outros que estouraram tanto que perderam combustível e não conseguiram segurar o sucesso?
Mas não é esse o assunto principal desta carta: é a sua hipocrisia.
Digo que você é hipócrita porque você fala dos gays como se fosse extremamente superior a eles, e não adianta dizer que suas declarações foram deturpadas porque resgataram outras que você deu anteriormente que vão no mesmo sentido, como se fosse “algo” equiparado a uma “droga”, que pode ser curado. Mas você é mesmo tão superior? Afinal, estamos falando de alguém que usa e abusa, nas suas performances, de coreografias apelativas e roupas estilo “cheguei”, e tenta  passar uma ideia de sensualidade quando canta, principalmente com aquele gesto de balançar o cabelo, que caso você não saiba serve é para passar uma ideia de frivolidade. Se você usa o corpo para se promover, a ponto de passar uma imagem de que “se acha” a “rainha do pedaço”, qual sua moral para censurar alguém, como se só por causa de sua opção sexual ela fosse promíscua ou não tivesse nada de relevante para acrescentar ao mundo? Digo isso porque talvez você não saiba, mas existem artistas gays de uma obra considerável, e bem mais talentosos que você poderia sonhar: Renato Russo e Emílio Santiago com certeza lhe ensinariam muito sobre elegância e profundidade, e mesmo que fossem um tanto desregrados Cazuza e Cássia Eller tinham mais verdade e entrega que você. E isso porque só estou falando do Brasil: lá fora os exemplos são muito mais numerosos, como por exemplo Freddie Mercury, que tinha uma voz e uma presença de palco inigualáveis.
Portanto, cada vez que pensar em dizer alguma coisa, tente ganhar algum conteúdo, deixe de agir como “grande personalidade cultural” e seja mais humilde.

Renan II de Pinheiro e Pereira.

Um comentário:

  1. Ela é gasguita com direito a filme, cantando música que não compôs e quando tenta falar por si só, revela o quanto melhor seria se ficasse calada. É isso aí, Renan!

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