sábado, 28 de junho de 2025

PARECE E PARECIDO


Nasceu sobre esta terra,

Foi novilho entre o gado, 

Correu, brincou no cercado,

Percorreu toda vazante.

Viveu vida radiante,

Por seu dono conduzido,

Espalhou o seu mugido,

Tornando-se boi de carga,

Nessa velha terra amarga

De Parece e Parecido.


Formou-se junta de bois,

Dois bois e mesmo destino,

Logo cedo o ensino

Foi aprender puxar carro,

Que só transitou no barro

De madeira bem provido,

Nas rodas ferro fundido

Com uma canga lhes juntando,

Cabeçalho separando

Parece de Parecido.


Um carro com a tiradeira

Eixo, mesa, o cocão,

Canzil, brocha, o cambão,

Chumaço, cheda e argola.

Uma vara que controla

Mostrando qual o sentido,

Um carreiro destemido

No Campo Limpo empastado,

Trabalhando sem enfado

Com Parece e Parecido.


Era papai o carreiro

Que com mamãe namorava,

Das histórias que contava

O carro “cantava” alto.

Mamãe ouvia e de um salto

Corria pra seu cupido,

Mesmo ele estando sofrido

Carinho ali se trocava,

Sabe quem testemunhava?

Só Parece e Parecido.

 

Papai assim transitava

Com aquela junta de bois,

Falava tão bem dos dois,

Companheiros das jornadas.

Lembrava das madrugadas,

Das noites tendo cumprido

Com o que tinha prometido

Ao meu avô sem pantim,

Mas papai findou assim:

Sem Parece e Parecido.

 

 

Um comentário:

  1. Uma verdadeira ode à vida simples do campo, carregada de nostalgia e afeto. Reflete a conexão profunda entre o homem, a terra e os animais. Carrega a saudade de um tempo que não volta, mas que vive na memória. Muito boa. - Gilberto Cardoso dos Santos

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