Nasceu sobre esta terra,
Foi novilho entre o gado,
Correu, brincou no cercado,
Percorreu toda vazante.
Viveu vida radiante,
Por seu dono conduzido,
Espalhou o seu mugido,
Tornando-se boi de carga,
Nessa velha terra amarga
Formou-se junta de bois,
Dois bois e mesmo destino,
Logo cedo o ensino
Foi aprender puxar carro,
Que só transitou no barro
De madeira bem provido,
Nas rodas ferro fundido
Com uma canga lhes juntando,
Cabeçalho separando
Parece de Parecido.
Um carro com a tiradeira
Eixo, mesa, o cocão,
Canzil, brocha, o cambão,
Chumaço, cheda e argola.
Uma vara que controla
Mostrando qual o sentido,
Um carreiro destemido
No Campo Limpo empastado,
Trabalhando sem enfado
Com Parece e Parecido.
Era papai o carreiro
Que com mamãe namorava,
Das histórias que contava
O carro “cantava” alto.
Mamãe ouvia e de um salto
Corria pra seu cupido,
Mesmo ele estando sofrido
Carinho ali se trocava,
Sabe quem testemunhava?
Só Parece e Parecido.
Papai assim transitava
Com aquela junta de bois,
Falava tão bem dos dois,
Companheiros das jornadas.
Lembrava das madrugadas,
Das noites tendo cumprido
Com o que tinha prometido
Ao meu avô sem pantim,
Mas papai findou assim:
Sem Parece e Parecido.
Uma verdadeira ode à vida simples do campo, carregada de nostalgia e afeto. Reflete a conexão profunda entre o homem, a terra e os animais. Carrega a saudade de um tempo que não volta, mas que vive na memória. Muito boa. - Gilberto Cardoso dos Santos
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