domingo, 8 de julho de 2012

DEUS NA ÁGORA, E AGORA JOSÉ? - Marcos Cavalcanti


 
Gilberto, a primeira palavra que devo deixar aqui, é a de agradecimento pelas respostas dadas às minhas indagações [em O DEUS COM QUEM NÃO SE BRINCA], porque elas assumiram o mesmo tom, um tom que os “zelosos da fé” jamais compreenderão, daí porque nos comentários deles, que você em seu bom senso e por conta própria resolveu não publicar, pelo que ficou subentendido, tentaram destratar-me. Compreendo-os perfeitamente, meu caro Gilberto, e de há muito tempo. Eles, bem se distinguem de um Monsenhor Raimundo Gomes Barbosa.
 
Você, que me conhece bem de perto, dá o tom adequado a uma discussão deste nível, não deixando dúvida quanto ao deus a que se referes no texto, porque tal exemplificação de admoestação, é patente, não se restringe ao mundo cristão. Ora, judeus e muçulmanos certamente recorrem à suposta frase para também incutir medo nos seus respectivos fiéis. Se falei em tom adequado de suas respostas, digo também que o sabor, longe de ser insípido, adoça a mente dos livres pensadores, pelo menos é assim que sinto quando tenho um interlocutor à sua altura ou de outros amigos que tão bem escrevem neste blog cultural. Quantas boas conversas já não tivemos, circunscritas que sempre foram aos campos da teologia e da ontologia? Foram inúmeras e continuarão acontecendo, e porque, para lembrar o texto de Teixeirinha, não temos medo de emitir nossas honestas opiniões, somos por vezes hostilizados pelos que ainda não se debruçaram sobre os textos de Voltaire, para quem a tolerância no discutir opiniões, era um imperativo categórico. Estamos a salvo destes indivíduos Gilberto, e felizmente, a discussão destes temas, pode até causar a antipatia dos bitolados e dogmáticos, mas já não levam ninguém às fogueiras assassinas da Idade Média, cujas labaredas foram acesas pela “Santa Igreja Católica Apostólica Romana”. Cunhei certa feita uma expressão para distinguir o Filósofo do religioso, no que concerne à busca da verdade, em que digo: O filósofo é um fã da verdade, o religioso, é fanático. O primeiro a busca sempre, o segundo, pensa que já a encontrou.

Quando discutimos a noção de “deus” do ponto de vista ontológico, teológico pelo viés antropológico, uma gama de fatores são levados em consideração, sobretudo uma visão ampliada de todas as religiões ou seitas que se valem deste conceito “deus”. Não nos limitamos apenas a esta ou aquela religião especificamente, inclusive nos servimos do conhecimento científico e filosófico para corroborar com nossas particularíssimas convicções. Foi com este propósito que lhe fiz indagações, sobretudo para entender se na atualidade você dispõe de uma convicção definitiva (como a que os livros canônicos apresentam) ou transitórios, porque em processo de formação, uma vez que me parece, e pode ser que esteja equivocado, que depois que você deixou de ser adventista, não se filiou a esta ou aquela corrente religiosa. Toda a minha curiosidade, honesta curiosidade, reside apenas em compreender melhor este novo momento Gilbertiano, no que tange às questões fundamentais. E por isso digo: Bravo Gilberto, porque as suas respostas e textos como os que você escreveu (com deus não se brinca e o deus com quem não se brinca, nos apontam um caminho para uma compreensão. O blog, na minha concepção, deve ser como uma ágora grega, mas nem sempre os que a frequentam entendem o caráter democrático que ela representa no que tange à discussão das ideias, daí porque tantos anônimos tão cheios de opiniões. 

Nós dois ainda vamos tratar muito deste tema, porque ele nos instiga, e trataremos na esfera pública ou na do bem particular do diálogo de que privamos. E por fim, convido todos os leitores, sem exceção, a uma nova leitura do AT. Finda esta, teria o prazer de reunir em minha casa quantos quisessem participar de uma boa e respeitosa discussão, sem produtos químicos deslizantes, acerca da natureza do “deus” que lá no AT, tão intensamente se manifesta em prol de seu povo eleito. 



7 comentários:

  1. MINHA SINGELA OPINIÃO: ESSE BLOG É EXCELENTE, EU ADORO, MAS ESSA TEMÁTICA NÃO COMBINA COM ESSE ESPAÇO...VIVA A ARTE..VIVA A CULTURA..VIVA A BOA MUSICA
    PS: SE NÃO QUISER PUBLICAR NÃO TEM PROBLEMA

    MARIA AUXILIADORA FONTENELLE

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  2. Infelizmente religião um tema tão sagrado provoca ira nas pessoas.

    Abrãao Ginete junior

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  3. Neste comentário, opino sobre o que Marcos e Gilberto dizem em seus textos.
    Conheço Marcos e Gilberto há muitos anos. Com eles aprendo sempre. Como não aprender com dois incansáveis estudiosos, que buscam analisar o mundo (e suas “coisas”) o mais profundamente possível e que, principalmente, estão sempre dispostos a discutir democraticamente com qualquer pessoa?!
    Gilberto tem uma interessante história que passa pela militância religiosa (permitam-me usar esses termos) e por fora dela. Marcos é um pensador notável, leitor voraz e um qualificadíssimo questionador (aliás todo saber começa na dúvida, no questionamento, na pergunta “Por quê?”).
    Tratar da fé no Deus Cristão é complicadíssimo! Subjetivo demais, embora elementos materiais e históricos estejam envolvidos na discussão! Essa fé, no meu caso, atravessa as “cortinas” de meus conhecimentos sociológicos (tenho-os pouquíssimos!), supera/bloqueia o que estudo na História da Humanidade e “venda meus olhos” para o mundo material e rígido que me cerca. É fé por fé mesmo!
    Marcos tem motivos suficientes e plausíveis para crer/descrer da forma dele. Gilberto também tem uma história que justifica (aos olhos dele, porque os olhos de outro não podem julgar algo tão individual) a maneira como encara essa questão.

    Por fim, discutir a fé no Deus Cristão é delicado, mas estimulante e necessário; devendo ocorrer de modo democrático, ponderado e respeitador.
    Aguardo novos comentários de outros amigos!

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  4. Teixeirinha, sempre educado e inteligente em suas proposições, bem como sempre disposto a enriquecer-nos com seus conhecimentos que vão para muito além da sociologia. Teixeira, meu bom amigo, você nos dá, em suas palavras, o mote que nos leva a outras questões fundamentais. Quando digo fé, o que digo realmente? Fé é um sentimento íntimo? É ela objetiva ou subjetiva? Ter fé em quem ou no que? Ter fé por quê? Ter fé para quê? Quando o ser, seja a que religião pertença: budismo, xintoísmo, islamismo, cristianismo e outros ísmos mais, responde com sinceridade a estas questões, e vivencia sua fé com honestidade, merece-nos o maior respeito porque formatou com clareza a sua cosmogonia e vive para ela. É por isso que a questão é tão séria e tão particular, porque ela implica sempre numa outra questão que nos é demasiadamente cara, o DEVIR. Terei imenso prazer em aprofundar melhor esta questão com você, que é prudente e sábio, mas que não tem medo de emitir sua opinião, como no excelente texto sobre opinião.

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  5. Marcos e Teixeirinha, é muito bom trocar ideias com vocês! É de discussões dessa natureza que nasce a luz. Sempre aprendemos uns com os outros. Que bom se todos manifestassem tal espírito diante de temas polêmicos!

    Maria Auxiliadora e Abraão: Obrigado pelos comentários!

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  6. Ora, Maria Auxiliadora Fontenelle, por que Gilberto não publicaria um texto como o seu, mesmo sendo um texto pedindo para não publicar certa modalidade de texto? Tenho certeza que ele publicará também os de cunho cultural e artístico, a que todos, creio eu, teremos o prazer de ler, e se achar que devemos, comentar. Sobretudo porque vc os assina, e embora não a conheça pessoalmente, quero crer não tratar-se de um anônimo travestido de um pseudônimo feminino.

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  7. Meus caros,

    Esta é uma rica e complexa discussão que pode conduzir a labirintos intricados mas que também pode contribuir para uma melhor elaborações dos conceitos acerca da causa inteligente geradora do efeito inteligente que somos nós. E quanto à fé, acredito que a verdadeira é aquela capaz de encarar frente a razão. Sabemos que a concepção de deus evoluiu, ou pelo menos deve evoluir, com o pensamento humano. Todavia, o antropomorfismo presente em muitos segmentos religiosos vem se tornando algo indigesto para muitos, cujos intelectos não comportam um ser superior que barganha e que, conforme Eistein, "joga dados com o mundo". Acho que este epaço comporta, sim, uma discussão dessa natureza, uma vez que não visa converter ou desconverter ninguém, mas refletir, especialmente do ponto de vista filosófico, acerca de algo que, existindo (acredito nisso) não é exclusividade de nenhuma religião, cristã ou não cristã, pois, se assim fosse, não seria Deus.

    Abraço aos amigos da APOESC

    Aldenir Dantas

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