segunda-feira, 7 de maio de 2012

BATE-PAPO COM A CANTORA LYSIA CONDÉ




Lysia, gostaria que nos dissesse algumas palavras sobre o festival.

Gilberto, para mim foi uma experiência muito rica participar do II Festival do Cangaço. Surpreendeu-me a organização do evento que, com simplicidade e respeito aos participantes, não deixou nada a desejar. Desde a receptividade e  hospitalidade dos responsáveis pelo evento, até a alimentação e hospedagem, tudo se deu da melhor forma possível. A troca de contatos, vivências e experiências entre os concorrentes foi muito produtiva, a despeito do suposto clima de animosidade que se supõe existir entre candidatos de festivais. Se isso existe, não foi o que presenciei durante a estada em Serra Talhada. Tivemos momentos juntos de descontração e de oportunidade de nos conhecermos minimamente. Resumindo, valeu e muito a experiência e aprendizado adquiridos.

Fale das prováveis razões que levaram Estradeiro a não ficar entre as cinco finalistas. O que achou do nível das participações e das músicas escolhidas? Fale-nos também dos que foram premiados.

O nível das músicas concorrentes foi muito alto. Fiquei impressionada com a qualidade da maioria das músicas e interpretações. Canções com letras fortes e poéticas e melodias nada óbvias deram a tônica do festival. Se eu estivesse na condição de jurada, teria muita dificuldade em escolher os 5 premiados. Estradeiro teria todas as condições de figurar entre as selecionadas, assim como muitas que ficaram de fora da premiação. Mas não cabe aqui julgar o mérito das músicas eleitas, posto que por mais que haja critérios objetivos para a escolha, há sempre o componente subjetivo de identificação dos jurados com determinado gênero, estilo, performance, etc. Vibrei e fiquei muito feliz com a premiação do primeiro lugar e de melhor intérprete para o artista paraibano, Escurinho. Ele se destacou pela belíssima interpretação, presença e entrega de corpo e alma à sua música. Foi arrebatadora sua apresentação e merecidamente premiada.

Como foi a recepção do público por ocasião de sua apresentação?

Foi a melhor possível. Como eu fui a primeira mulher a subir no palco (só havia duas mulheres intérpretes, em meio a 20 concorrentes!!!), despertou a atenção do público para minha apresentação. Não houve torcida organizada, mas houve o respeito e reconhecimento do público quanto à qualidade poética e musical da canção que eu interpretei. Interessante foi a aproximação espontânea de pessoas locais para manifestar o apoio e torcida por Estradeiro. Como a rádio local veiculou, antes do Festival, as 20 músicas concorrentes na programação ordinária, várias pessoas já tinham ouvido e formulado opinião sobre suas escolhas. Isso foi muito positivo porque na hora da apresentação, pequenos problemas técnicos que ocorreram, como por exemplo, a equalização do som, acabou comprometendo o entendimento das letras cantadas. Como a maioria das pessoas já conhecia as músicas, puderam curtir a apresentação ao vivo, sem prejuízos.

Quais suas impressões sobre a terra natal de Lampião e sua cultura?

Gostei muito de conhecer Serra Talhada e conhecer um pouco sobre o universo cultural do cangaço e de Lampião. O fato dos ensaios e reuniões do festival terem se dado no “Museu do Cangaço”, me possibilitou ter contato com a história, por meio de relatos, jornais e artefatos da época de Lampião, a qual desconhecia. Chamou-me a atenção o orgulho dos cidadãos (que conheci) de Serra Talhada pela cultura do cangaço e por serem conterrâneos de uma figura mítica, como foi Lampião. Todo esse legado se constituiu, entre locais, em autoafirmação positiva de suas identidades.

Como está sendo sua experiência como cantora aqui no Rio Grande do Norte? Fale-nos de seus projetos para o ano em curso. Há algum outro festival em mira?
Tem sido muito proveitosa. Em dois anos de carreira, já dei passos consideráveis para uma principiante e trabalho a cada dia para conduzir essa profissão que abracei de forma profissional, sem deixar de ter paixão pelo que faço. Nesse ano de 2012 tenho dois importantes focos para o segundo semestre. Circular em dois estados do nordeste (CE) e (PB) pelos Centros Culturais do Banco do Nordeste, para os quais fui contemplada em edital e lançar meu primeiro CD “Tempo de Chegar”, em fase final de produção. Não tenho ainda nenhum outro Festival em vista para concorrer como intérprete,  mas me inscrevi em dois festivais de caráter não competitivo e estou aguardando o resultado. Vamos torcer!

Deixe-nos alguma palavra de alento para o compositor Hélio, já satisfeito pelo fato de você ter escolhido a música dele e esta ter ficado entre as finalistas.

 Eu considero que ter ficado entre as 20 canções selecionadas entre composições de todo o Brasil já foi uma vitória grande. Como disse, acredito que Estradeiro poderia muito bem ter ficado entre as músicas premiadas. Se não foi, não atribuo à qualidade da mesma, mas à circunstância de um corpo de jurados específico. Muitos colegas concorrentes vieram lamentar comigo a não classificação de Estradeiro, para a qual creditavam suas apostas. Senti-me honrada em interpretar tão bela música, dessa bonita parceria de Hélio Crisanto e Zeca Brasil. Para mim fica a certeza de que não é o resultado de um festival que assegura a qualidade de uma música. Estradeiro é prova disso!!! 

É este o primeiro festival de que participa?

Não. Participei em 2011 do Festival do Sesi Música / RN, no qual obtive a premiação de melhor intérprete.

2 comentários:

  1. é a cultura puramente popular. parabénss.

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  2. APOESC. Parabéns a todos desse BLOG!

    Margarida de Tangará

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