No dia 11 de junho, à noite, atendi à ligação de Jarlene. Estava escrevendo um livro e queria que eu, além de lê-lo em primeira mão, escrevesse algo - o prefácio ou a apresentação da obra. Outras vezes, antes desse dia, havia manifestado o mesmo desejo. Queria um texto meu e outro de Rosemilton Silva.
Falou-me do sonho de concluir mais esta obra e do plano de vir do Rio de Janeiro a Currais Novos em breves dias. Queria meu e-mail para enviar seus últimos escritos. Contrariando sua propensão para o otimismo, havia desalento em sua voz. Explicou os motivos: a pandemia e alguns contratempos a haviam debilitado.
Estava triste. Sua autoestima havia sido abalada por palavras e atitudes indevidas.
Busquei animá-la, mostrando a importância que tinha para a cultura; direcionei sua atenção para a exìmia instrumentista (sanfoneira, gaiteira e pianista) que era; além disso, cantora, dona de belíssima voz. Lembrei das parcerias que fizera com Xangai e outros grandes nomes; das gravações de duas belas composições de Rosemilton Silva; os discos que havia gravado, que faziam dela uma representante por excelência da cultura nordestina; dos livros em prosa e verso que havia publicado, tão cheios de vida e de lirismo. De modo algum ela era aquilo que haviam dito a seu respeito. Era uma mulher amada, admirada e respeitada pelo seu legado.
A conversa foi relativamente longa. Fiz o que estava ao meu alcance para tentar reanimá-la. Precisamente um mês depois - dia 11 de julho de 2022 -, ela faleceu.
Só nove dias após sua morte (ontem), recebi uma notinha via Whatsap com a fatídica notícia:
"É com muita tristeza que preciso notificar o falecimento de minha mãe Jarlene Maria na madrugada do dia 11 desse mês.
Aos amigos cuja notícia tão importante tenha demorado a chegar, me perdoem. É um momento delicado e difícil, as vezes não conseguimos cumprir tds os protocolos.
Agradecemos todo carinho oferecido até então a essa figura brilhante que alimentou nossas vidas com muita alegria e amor."
Descobri ontem que dez dias após essa nossa conversa ela foi internada e passou seus últimos vinte dias no hospital.
Infelizmente, se foi antes de concluir mais uma obra. Caso venham a publicá-la, com prazer escreverei a apresentação.
Jarlene valia muito. Ela faz parte do patrimônio cultural do RN. Grande é o seu legado!
Que pena não ter tido a oportunidade de conhecê-la pessoalmente!
Veja a reportagem feita sobre a morte de Jarlene Maria.
https://www.youtube.com/watch?v=AYhWdXAo2YQ
Que linda homenagem. Que Jarlene seja alegria na morada celestial. Meus sentimentos a amigos e familiares.
ResponderExcluirProfessora Francisca Joseni dos Santos
Tantas histórias, talentos, encontros e desencontros! Que Jarlene descanse em paz.
ResponderExcluirMeus sentimentos, amigo.