A desfaçatez do discurso
Em conformidade com “A fábula dos
dois lobos” o homem tem o livre arbítrio e o poder para escolher, dentre os lobos
que o habitam, qual alimentar. Os lobos alimentados determinam as relações
sociais e também as lutas internas nossas de cada dia. Partindo-se desse
entendimento, o alimento para a alma é tão ou igualmente necessário quanto o
alimento para o corpo. Quiçá ambos estão imbricados, complementando-se, uma
simbiose!
O lobo que você alimenta rompe a esfera
individual, adentra a esfera social, construindo-se um espaço transitável, com
movimentos determinantes.
Muitos são os estratagemas adotados
desde tempos remotos para confundir as mentes quando a temática em pauta é o
bem e o mal. “O lobo em pele de cordeiro” não é apenas um personagem, são
personalidades e estão presentes nas páginas dos livros, são oficiais! O que
impressiona mesmo não é a sua presença na história da humanidade, mas a sua
capacidade de travestir o bem em mal e vice-versa, de transformar doce em fel e
apropriar-se das palavras ditas para a libertação dos homens em correntes
opressoras. Discriminar, injuriar, matar de fome, subjugar, escravizar,
dissimular são apenas alguns de seus atributos, aos olhos e aplausos de muitos.
Segundo Hobbes, essencialmente o “Homem é o lobo do homem”. Incompreensível o
quanto o despropósito, ou seja, coisas tão irreais ocupem o centro do debate em
detrimento dos problemas concretos que afetam os povos em todos os tempos e
lugares. Observemos o que está acontecendo na Ucrânia e também “num ponto
equidistante entre o atlântico e pacífico”. Só para exemplificar.
As pessoas estão apressadas, as
perguntas rasas e as respostas imediatistas, tudo permeando a superficialidade!
A justiça está de olhos e mentes fechados. Leva-se dias para encontrar os
assassinos de Dom Phillips (jornalista) e Bruno Pereira, mas algumas horas apenas
para concluir que não tem mandantes, nem motivos para tamanha perversidade.
Como assim?
Dentre os inúmeros fatos a serem
refletidos, está a velha retórica dos “lobos velhos e maus”, cite-se: os discursos
vazios de conteúdo, descontextualizados, carregados de preconceito e falsa
moral, uma desfaçatez do mal, o lobo na sua mais perversa versão.
“Não se coloca vinho novo em odres
velhos” (Mateus 9:14-17; Marcos 2:18-22; Lucas 5:33-39). Sujeitos
historicamente desprovidos de pudor (farsantes), com práticas autoritárias, sem
compromisso com o bem público. Não poderia e não está em seus projetos de poder
a possibilidade de políticas voltadas para harmonização, promoção da justiça e da
equidade social. Um contrassenso, seria!
“Ninguém coloca remendo novo em
roupa velha; porque o remendo força o tecido da roupa e o rasgo aumenta”
(Matheus 9:16). Uma sociedade com um tecido social esgarçado como a nossa,
necessita de projetos políticos condizentes com as necessidades reais de seu
povo, contemporâneos. Cada homem é senhor do seu tempo, uma nova aliança para cada
época!
Dentre os inúmeros
questionamentos que encontramos, eis um pensamento afirmativo: é preciso
equacionar para encontrar solução ou soluções, ou encaminhamentos para inúmeros
problemas que nos afligem.
Na dinâmica da vida “as coisas se
transformam e isso não é bom nem mal”. Apenas faz parte da dinâmica. Os problemas
e suas soluções são cíclicos. Uma coisa de cada vez! Então, entremos em ação,
já sabemos o que temos para o ano de 2022.
Maria Goretti Borges
Texto verdadeiro. Exatamente assim. Mas muitos não estão preparados para "ver" e/ou ler estas verdades. Goretti Borges sempre certeira. Parabéns!!!!
ResponderExcluirJoseni
Francisca
Francisca Joseni dos Santos
Joseni, uma amiga querida, sempre muito atenta e gentil! Bjo
ExcluirMais um texto de elevada qualidade, amiga Gorete, digno de nossas reflexões. Parabéns!
ResponderExcluir