quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O ÚLTIMO ANDAR - J. Luz





 O ÚLTIMO ANDAR 


No centro da cidade

o edifício. 

Estou no sossego do último andar,

de lá eu não vejo o mar.

Vejo o rio e várias pontes...

No silêncio do último andar,

ouço a voz poética do vento 

me chamando pra cantar.

No último andar 

não há calor. 

Não há barulho de carros,

nem o burburinho das calçadas.

Vejo as casas.

Vejo as ruas.

Vejo as praças.

Tudo cheio de graça,

visto do último andar.

À noite, a lua desliza suave pelo céu. 

Do último andar,

vejo o mercado,

vejo o teatro,

vejo a estação,

vejo a catedral.

Vejo a cidade dos mortos 

dentro da cidade dos vivos.

Como tudo é bonito 

visto do último andar. 

Pena que  eu não posso morar

no último andar.

Sou visita

e minha casa fica no chão 

noutro lugar.

Sempre sentirei saudades 

do último andar.


* * *


Numa breve estada em Mossoró, em dezembro de 2019. No apartamento de um amigo santacruzense, Francisco José (Dr. Cure).


Texto inspirado no poema de Cecília Meireles, O último andar.


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