O ÚLTIMO ANDAR
No centro da cidade
o edifício.
Estou no sossego do último andar,
de lá eu não vejo o mar.
Vejo o rio e várias pontes...
No silêncio do último andar,
ouço a voz poética do vento
me chamando pra cantar.
No último andar
não há calor.
Não há barulho de carros,
nem o burburinho das calçadas.
Vejo as casas.
Vejo as ruas.
Vejo as praças.
Tudo cheio de graça,
visto do último andar.
À noite, a lua desliza suave pelo céu.
Do último andar,
vejo o mercado,
vejo o teatro,
vejo a estação,
vejo a catedral.
Vejo a cidade dos mortos
dentro da cidade dos vivos.
Como tudo é bonito
visto do último andar.
Pena que eu não posso morar
no último andar.
Sou visita
e minha casa fica no chão
noutro lugar.
Sempre sentirei saudades
do último andar.
* * *
Numa breve estada em Mossoró, em dezembro de 2019. No apartamento de um amigo santacruzense, Francisco José (Dr. Cure).
Texto inspirado no poema de Cecília Meireles, O último andar.
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