segunda-feira, 23 de novembro de 2020

ENTREVISTA EM VERSOS COM VARNECI NASCIMENTO, CORDELISTA

 


ENTREVISTA EM VERSOS COM VARNECI NASCIMENTO, CORDELISTA

Entrevistador: Gilberto Cardoso dos Santos (GCS); Entrevistado: Varneci Nascimento (VN)


GCS: Varneci, eu o convido

A fazermos um cordel.

Eu como entrevistador,

Você, dentro do papel

De um ilustre entrevistado,

Cordelista respeitado,

Palestrante e menestrel.


VN: Com o desafio aceito

Agradeço esta proposta.

Conversar com poesia

É coisa para quem gosta.

Vai ser um diálogo incrível,

Pois vou fazer o possível

Para dar boa resposta.

 

GCS: Vamos começar falando

De seu tempo de criança.

Quais as mais vivas memórias

Que você traz na lembrança?

Fale do “lar, doce lar”,

Da família e do lugar,

Da escassez ou da bonança.

 

VN: O meu lar foi de bonança,

De memórias afetivas

De paz, de tranquilidade,

De cenas tão formativas.

Paisagens que enternecem

Ao ponto que permanecem

Hoje em dia muito vivas.

 

GCS: Como se desenvolveu

Seu amor à poesia?

No seu tempo de moleque,

Que tipo de coisas lia?

Existe, em suas memórias,

Gente que contava histórias,

Às quais com prazer ouvia?

 

VN: Repente feito na roça

No trabalho da cultura

O cordel fez-se presente

Trazendo a literatura.

As histórias de cordel

Fizeram-me um menestrel

Alguém sensível à leitura.

 

GCS: Fale-nos de sua saga

Do primário à faculdade

Queria ser professor,

Ou nunca teve vontade?

Era um aluno aplicado?

Tudo que havia sonhado

Se tornou realidade?

 

VN: Banzaê e Paulo Afonso

A primeira formação.

Depois Guarabira deu-me

A maior diplomação.

De tudo quanto sonhei

Confesso, não alcancei,

Mas estou na direção.

 

GCS: Como chegou a tornar-se

Cordelista de sucesso?

Relate desde o início,

Como se deu seu progresso.

Como à LUZEIRO chegou,

E as alturas que alcançou,

Às quais poucos têm acesso.

 

VN: Numa busca incessante,

Cheia de tanta labuta

Para chegar a Luzeiro

Foi por talento e conduta.

Como a vida é um caminho

Continuo devagarinho

Metido na mesma luta.

 

GCS: Fale dos paradidáticos

Que você tem publicado

- Versões em cordel de clássicos

Que a tantos têm agradado.

Na sua origem, o cordel

Tinha este mesmo papel

Ao qual tem se dedicado?

 

VN: Fazer os paradidáticos

Eu acho muito instigante,

Como histórias autorais,

Considero interessante.

Pois sendo literatura

O cordel a essa altura

Sofre mudança constante.

 

GCS: Fale de outras obras suas

E também da mais recente

Que fala sobre Jesus

E agradou a tanta gente.

Pra Varneci Nascimento,

De onde vem o seu talento?

É só técnica ou dom latente?

 

VN: Meu primeiro livro em prosa

Falando de Jesus Cristo.

Graças a Deus agradou

E está sendo bem visto.

Ser cordelista é tão bom

O qual acho que é um dom

Já no talento eu invisto.

 

GCS: Quero que nos fale um pouco

Dos famosos cordelistas,

De cordéis imprescindíveis

Segundo os especialistas

E fale um pouco também

Do papel que o cordel tem

Na luta contra os fascistas.

 

VN: Leandro Gomes de Barros

Com seu Boi Misterioso

José Camelo de Melo

Fez cordel maravilhoso.

Já os cordéis de política

Servem para fazer crítica

Ao fascismo tenebroso.

 

GCS: O cordel já foi chamado

De subliteratura,

No entanto cada vez mais

Seu lugar ele assegura

Dentro da academia.

O que Varneci diria

A quem mantém tal postura?

 

VN: É uma postura errônea

E bastante equivocada.

Que a grandeza do cordel

Constantemente é provada

Quem o julga desta forma

É porque não se conforma

Com sua força elevada.

 

GCS: Quero que você nos mostre

Os valores do cordel

E da história do gênero

Trace um sucinto painel

Ninguém melhor que você

Que tal tema sempre vê

E de História é bacharel.

 

VN: Seu valor imensurável

Hoje é um fato inconteste

Surgiu há mais de cem anos

No nosso lindo Nordeste.

Contestar sua importância

É se manter a distância

Desta poesia celeste.

 

GCS: O que pensa do rigor:

“Métrica, rima e oração”,

Que nos grupos de cordel

Gera tanta discussão?

A silábica contagem

Para você é vantagem,

Ou gera limitação?

 

VN: É justamente o rigor

Que faz toda diferença.

Quem não quiser respeitá-lo,

Que o esforço não compensa.

Não diga que faz cordel

Nem se nomeie menestrel

Que o cordel lhe dispensa.

 

GCS: Amigo, foi um prazer

Poder lhe entrevistar.

Já li alguns livros seus

E achei espetacular.

A alguns, findei relendo.

Finalize nos dizendo

O que o coração mandar!

 

VN: Nosso Cordel Brasileiro

Não aceita vilipêndio.

Quando ele atinge um poeta

No seu corpo causa incêndio,

Pois assim quem quer honrá-lo

Certamente vai tratá-lo

Seguindo todo o compêndio.

 

A grandeza imensurável

Deste gênero literário

Deverá ser estudada

Porque será necessário

Espalhá-lo pelo mundo

O seu conceito profundo

E tão extraordinário.

 

Meu caro amigo Gilberto

Agradeço a entrevista

Cada pergunta bem feita

Trouxe-me uma nova pista

Para pensar no que faço

E buscar maior espaço

Para a arte ser mais vista.

 

GCS: Eu que agradeço a você

Por aceitar a proposta

Você é uma autarquia

Palavra que tanto gosta

De fato uma sumidade

E  mostrou habilidade

Poética em cada resposta.

 



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