A DOR DA ELEGÂNCIA
Sapato apertado, fechadura emperrando e fogão entupido.
Pense em três "maravilhas". No primeiro caso a cadeira da festa tem grande serventia. Prefere-se ficar sentada em detrimento da conquista do par. Uma cena nada agradável é ver bêbadas voltando para casa com sapatos na mão. É tão humilhante que precisam encher a cara para protagonizarem tal cena. Os de salto agulha, sonho de consumo de quase todas, passam a ser indesejáveis. Presenteia-se a irmã mais nova. E quando há outras na família, o objeto de tortura vai passando de pé em pé até chegar aos da empregada. Esta, contente com o presente, pensa logo em esnobar a vizinha. A imagem que ela criou de ser uma mulher elegante, desaparece quando aproxima-se de casa. Ao caminhar no calçamento com os de salto agulha, assemelha-se a uma corrida de saco entre rodas-gigantes. A outra grita: engoliu uma bicicleta, mulher!? Ela finge que não ouve. Tira a chave da bolsa e tenta abrir a porta. A maldita fechadura emperra. A inconveniente vem para mais perto. Sapato novo, hein! Foi quem que deu? A coitada, depois de um dia de serviço, precisa, urgentemente, entrar em casa. Mas a fechadura não ajuda. A outra continua: quem passou aqui foi Arnaldo perguntando por tu. Uma chuva fina começa a cair. Estava com fome, mas o jantar não pode ser preparado. Assim como esqueceu de colocar óleo na fechadura, também o fogão sem funcionar fará parte desta estória. Faltava só a alça do soutien se partir e o botão da blusa cair. Eu disse a Arnaldo que você estava noiva. Ele foi embora zangado. Um murro na porta a fez abrir. Ela entrou. A chuva parou. A vizinha foi embora antes de ver um par de sapatos ser queimado.
Autor: Heraldo Lins Marinho Dantas
Santa Cruz/RN, 21/11/2020
Heraldo Lins é arte-educador
Zap: 84-99973-4114
Email: showdemamulengos@gmail.com
Muito bom. - Gilberto Cardoso dos Santos
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