VIVI VIVE
Diogenes da Cunha Lima
O
centenário de nascimento de Veríssimo de Melo, em 2021, será marcado por
celebrações e por projetos de pesquisadores, notadamente universitários. Afinal,
as histórias que ele contou continuam na boca do povo.
Segundo
Oswaldo Lamartine, ele tinha nome de passarinho: Vivi. Professor de
Antropologia Cultural e de Etnografia, jornalista assíduo, exerceu funções do Direito
como advogado e juiz. Legou à vida intelectual obra lúcida e variada.
O
motivo condutor de sua ação cultural foi o de buscar um novo conhecimento, dar diversa
interpretação, desvendar novos caminhos. Sempre de bom humor, gostava de
afirmar que era superficial. Para ele, profundo era Nietzsche e Albert Einstein.
Nietzsche acabou no hospício e Albert Einstein, gênio, mandava aos amigos
que
descriam na ciência seu retrato com a língua estirada.
Veríssimo
era curioso, buliçoso. Quando se esperava o aprofundamento de suas pesquisas, ele
já se dedicava a novo tema. O antropólogo cultural já se revelava desde as primeiras
obras publicadas: “Adivinhas”, “Acalantos”, “Parlendas”.
Preferia
dar sabor local, como “Xarias” e “Canguleiros”. É fruto do seu amor à terra. Recolhia
cantos de violeiros, singulares de cordéis nordestinos. Eram glosados os
acontecimentos notáveis pelos poetas populares. De Tancredo Neves à visita do
Papa ao Brasil.
“Folclore
Infantil” é, até hoje, o melhor estudo sobre língua portuguesa. Os ensaios
sobre folclore brasileiro tiveram guarida em revistas especializadas de Portugal,
Espanha e Alemanha.
“Faça-se
a Luz”, livro sobre a história da energia no Rio Grande do Norte, é único e inovador,
a partir do título. Nele, aborda o nosso grande potencial energético. Registra o
pioneirismo da energia eólica nas salinas manuais. Prevê a expansão de novas técnicas
de energia solar, especialmente no Nordeste. Adverte para o potencial
energético potiguar com a utilização do mar e de plantas nativas como o aveloz.
Foi
um dos mais fiéis discípulos de Câmara Cascudo. O nosso Mestre gostava de
brincar sobre a magreza e sagacidade de Vivi: “Ele é capaz de passar, sem se molhar,
entre dois pingos de chuva. Vivi imita a letra i”. Dava entonação especial ao nomen
juris de sua função judicante: “Você é um Juiz Ordinário....”
Apaixonado
por música, principalmente a Bossa Nova, Veríssimo de Melo mereceu escolha de
suas melodias por grandes intérpretes nacionais. Quando criava nova música, desafiava
amigos: “Se você for capaz, ponha letra hoje mesmo. Várias vezes,
aceitei o desafio. Alegrei-o com “Assunto Pessoal” e “Brinco de Amor”. Sobre
outras letras, comentou apenas: “É o jeito!”.
Vivi
continua vivendo, enquanto houver memória do que tivemos de bom.
Diógenes da Cunha Lima (poeta, prosador e compositor) é advogado e presidente da ANL (Academia Norte-rio-grandense de Letras). Alguns de seus livros: “Câmara Cascudo - Um Brasileiro Feliz”, “Instrumento Dúctil”, “Corpo Breve”, “Os Pássaros da Memória”; “Livro das Respostas” (em face do “Libro de las preguntas”, de Pablo Neruda); “A Memória das Cores”; “Memória das Águas”; “O Magnífico”; “A Avó e o Disco Voador” (infantil).
Foi Presidente da FJA, Secretário de Estado; Consultor Geral do Estado; Reitor da UFRN; Presidente do CRUB. Atualmente, dirige o seu Escritório de Advocacia e preside a ANL (Academia de Letras). Alguns de seus livros: “Câmara Cascudo - Um Brasileiro Feliz”, “Instrumento Dúctil”, “Corpo Breve”, “Os Pássaros da Memória”; “Livro das Respostas” (em face do “Libro de las preguntas”, de Pablo Neruda); “A Memória das Cores”; “Memória das Águas”; “O Magnífico”; “A Avó e o Disco Voador” (infantil).
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