O QUE SOU? (Siomara Spineli)
Às vezes eu sou Camões
Perdida nos sonetos
Da existência.
Não posso negar que também
Sou o Machado
Deixando em cada texto
Um mundo
A ser decifrado.
Do Castelo Branco,
Aquele que foi Camilo,
Tenho tanto dele
Que nem sei se escrevo só
Ou se ele escreve comigo.
De Clarice,
Sou toda sentimentos
Tão profundos
Que por vezes mergulho
Sem querer emergir.
Do Rosa, que estupendo!
O sabor dos neologismos
Me vem à boca
Me escorre pelos braços
E saltita pelos dedos
Eufóricos
Na folha branca.
De Goethe, são muitas
As interferências...
Do Hugo, Os miseráveis,
Ainda ressoa nas minhas veias
O soluço que dei
Nas últimas linhas
E continuo, salpicando
Nos meus versos
Tantas emoções.
São sentimentos
Em muitos retalhos...
O Vinícius ainda brinca
Nos versos que escrevo.
Ah! O que falar do Pessoa,
Me fez conhecer
Quantas de mim
Escreve quando escrevo,
Quantos eus
Lembrei-me quando publiquei
Meu primeiro texto
Com pseudônimo.
Do Alencar, carrego muitas lembranças
Do tempo que eu era Ceci
Brincando de amar Peri
Num jogo perigoso
Entre portugueses
E indígenas.
E quando escrevo
Ora surge o Rosa
Ora o Alencar,
Talvez o Machado
Juntos a bailar
Nos meus versos
Tão diversos
Como eu mesma.
Excelente. Fez ótima retrospectiva da literatura.
ResponderExcluirObrigada!!!! A leitura é mágica✨
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