terça-feira, 3 de janeiro de 2017

CEM ANOS DE SOLIDÃO - Naílson Costa


Cem anos de solidão

Bela Baraúna!!! São de cem anos de solidão! Essa baraúna, que fica na lateral do cemitério central, é testemunha de sepultamentos de pobres, ricos, crianças, jovens, anciãos... viu e ouviu choros, orações, lamentos, revoltas... fez sombra, foi ombro, companhia e deu consolo à saudade daqueles que viam seus entes queridos adentrarem à sua nova morada. Esse ser centenário soube ser confidente dos muitos segredos ali ouvidos, foi paciente com os que aos seus pés se aliviaram, foi elegante e discreta com os arroubos das muitas serenatas de seresteiros, poetas e cronistas que nela se abancaram, como Márcio Marques, jovem poeta santacruzense, filho do grande poeta Cosme Ferreira Marques, Seu Cocó, que se reunia com seus pares e dedicava suas belíssimas crônicas e poesias ao seu querido e recentemente falecido pai, sepultado naquele cemitério, tudo devidamente regado a muitas garrafas de vinho, aguardente e talento. Às vezes acho que os que ali fazem sua nova morada dialogam com essa bela árvore nas noites e madrugadas silenciosas. Às vezes até acho que ela oferece suas raízes, caules, folhas e galhos para esses novos moradores matarem a saudade do mundo e da vida de cá em forma de suas lindas flores. Por isso, acho que nós, de vez em quando, deveríamos por lá passar, olhar para a sua beleza e lhe oferecer o nosso melhor sorriso! Aquela Baraúna deve ser tombada, antes de tombar no chão do descaso e da falta de história dos órgãos responsáveis pela memória cultural de nossa cidade! 

    Nailson Costa






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