domingo, 28 de fevereiro de 2016

COVARDIA POLICIAL - Gilberto Cardoso dos Santos


Há policiais hipócritas
que por debaixo dos panos
aos arrepios da lei
procedem como tiranos
em seu trabalho diário
por isso é necessário
haver Direitos Humanos.

Se procedessem assim
com marginais bem vestidos
certamente eles seriam
pelo povo aplaudidos
Mas fazem acepção
e ainda dão proteção
aos verdadeiros bandidos.

São figuras quixotescas
que se julgam o que não são
parecem feitores negros
no tempo da escravidão
batendo em seus semelhantes
só às classes dominantes
tratam com educação.









Caprino-ovinocultura, estrofe e vídeo


Caprino-ovinocultura

Caprino-ovinocultura
pense num nome arretado
isso dito num palanque
em um discurso empolado
decerto tem bom efeito
pode eleger um prefeito
senador ou deputado.

(Gilberto Cardoso dos Santos)



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sábado, 27 de fevereiro de 2016

SONETO DA INDIFERENÇA (Professor Ismael André)


Viver num relento sem perspectiva
Um parasita covarde, apartidário
Entusiasmado pela calmaria ilusiva
Assaltando com altivez o libertário

Vivendo na mesquinhez da ignorância
Sufocando a inteligência esplendorosa
Sendo a sombra do egoísmo, da ganância
Abdicando da vontade caridosa

De fazer da essência do bem, uma evolução
Propagando num coletivo, novas mentes
Num vulcão de felicidade, erupção

Germinando a decência das sementes
Sucumbindo o egocentrismo de outros grãos
Que só nascem dos imbecis indiferentes!!!


15/02/2016

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

QUADRO DE PICASSO FEITO AOS 14 ANOS - Gilberto Cardoso dos Santos

Pra pintar como criança
usando traços singelos
ele treinou toda a vida
consigo teve duelos
e suportou desenganos
porém aos catorze anos
fez um dos quadros mais belos.




terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

TÉ-TEU - Jorge Fernandes


Té-teu — canela fina —
Vive pra despertar todos os bichos do campo…
Cochila seguro numa perna só
Num descuido desce a oura
Desperta logo: — Té-te-téu!

Todos respondem: — Té-te-téu!
— Sentinela das matas… dos campos…
Sineta suspensa badalando na noite: — Té-te-téu!

Sobre o açude
Pinicando no terreiro
Perseguindo gaviões badalando dezenas de sinetas
Revoando em bando no espaço incendido do sertão sem nuvens
Num alvoroço de alarme:
                Té… téu! Té… téu!
Té… téu! Té… téu!
                       Té… téu! Té… téu!
Té… téu!...                               Té… téu!...


domingo, 21 de fevereiro de 2016

Umberto Eco (Homenagem poética) - Valdenides Cabral


Uma rosa se faz  

com um nome  

e um eco. 

Eco que não se perderá 

nos bosques da ficção 

e será encontrado, 

sempre,  

em cada obra aberta.



- Valdenides Cabral

sábado, 20 de fevereiro de 2016

A CIGANA ANALFABETA LENDO A MÃO DE PAULO FREIRE

Versão a duas vozes de Beradêro, de Chico César


Beradêro (Chico César)
  

Os olhos tristes da fita
Rodando no gravador
Uma moça cosendo roupa
Com a linha do Equador
E a voz da Santa dizendo
O que é que eu tô fazendo
Cá em cima desse andor

A tinta pinta o asfalto
Enfeita a alma motorista
É a cor na cor da cidade
Batom no lábio nortista
O olhar vê tons tão sudestes
E o beijo que vós me nordestes
Arranha céu da boca paulista

Cadeiras elétricas da baiana
Sentença que o turista cheire
E os sem amor, os sem teto
Os sem paixão sem alqueire
No peito dos sem peito uma seta
E a cigana analfabeta
Lendo a mão de Paulo Freire

A contenteza do triste
Tristezura do contente
Vozes de faca cortando
Como o riso da serpente
São sons de sins, não contudo
Pé quebrado verso mudo
Grito no hospital da gente

São sons, são sons de sins
Não contudo
Pé quebrado, verso mudo
Grito no hospital da gente

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Sobrevivente - Fernanda Cândido


Se não me engano...
aquela moça há pouco sorria?!
Aquela...!
Que dançava, reggae sapateando...!
Que cantou a mesma música várias vezes,
mesmo sem saber e no mesmo dia...!
Aquela...!
Que falava de amor,
mesmo sem o ter...!
Aquela...!
Que saiu daqui com o coração partido...!
Aquela...!
Que agonizava em suas lágrimas...!
Sim...!
Aquela...
Que sobreviveu a mais um dia.

PLANO ALTO - Nelson Almeida


Aqui do alto
Traço metas
Faço planos
Busco ascensão

Aqui do Planalto
Não vejo Maria
Não vejo Teresa
Não vejo João

Nego-me a acreditar
Renego-me a crer
Na dor de Francisco
No seu padecer

Não vejo Maria
Não vejo João
Nem mãos calejadas
Nem seca assolando o sertão



Nelson Almeida.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

SONETO DE UMA NOITE! (Professor Ismael André)



SONETO DE UMA NOITE!
Professor Ismael André

Num ensejo de perfeita calmaria
Olho ao alto desprovido de coberta
A existência em um filme de utopia
Suaviza e externa sua oferta

Uma essência com um brilho contagia
Deixa amante: apaixonado e boquiaberta
Transcende no pavor, a luz do dia
Ludibriando do esplendor, sendo esperta

Corações apaixonados se alagam
Da sutileza e bonomia se afagam
Drogados da singeleza, vestida ou nua

Compadecem entre si de tanto ego
Descontroladamente de amor já estão cegos
Adoentados e curados pela lua!

ENTREVISTA DO ESCRITOR EPITÁCIO ANDRADE À TV MOSSORÓ





segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

CURADA DE COBRA - Dalinha Catunda


*
Você foi fogo de palha
Que a labareda lambeu
Foi nuvem que virou chuva
Caiu no chão e correu
Foi o canto da cigarra
Só pra cantar teve garra
Depois do esforço morreu


*


Você foi folha ao vento
Que a tempestade levou
Você foi caldo de cana
Que na cabaça azedou
Você foi cobra criada
Seu bote não valeu nada.
Curada de cobra sou.



Versos de Dalinha Catunda

Chico Antônio: Cantador de Coco e Herói Com Caráter (video)


Documentário sobre Chico Antônio, o cantador de coco do Rio Grande do Norte, admirado por Mário de Andrade, que a seu respeito escreveu:
"Estou divinizado por uma das comoções mais formidáveis da minha vida. Chico Antonio apesar de orgulhoso:
"Ai, Chico Antonio Quando canta Istremece Esse lugá!..."
Não sabe que vale uma dúzia de Carusos. Vem da terra, canta por cantar, por uma cachaça, por coisa nenhuma e passa uma noite cantando sem parada. Já são 23 horas e desde às 19 que canta. Os cocos se sucedem tirados pela voz firme dele.9
Que artista. A voz dele é quente e duma simpatia incomparável. A respiração é tão longa que mesmo depois da embolada inda Chico Antonio sustenta a nota final enquanto o coro entra no refrão. O que faz com o ritmo não se diz! Enquanto os três ganzás, único acompanhamento instrumental que aprecia, se movem interminavelmente no compasso unário, na "pancada do ganzá", Chico Antonio vai fraseando com uma força inventiva incomparável, tais sutilezas certas feitas que a notação erudita nem pense em grafar, se estrepa. E quando tomado pela exaltação musical, o que canta em pleno sonho, não se sabe mais se é música, se é esporte, se é heroísmo. Não se perde uma palavra que nem faz pouco, ajoelhado pro "Boi Tungão", ganzá parado, gesticulando com as mãos doiradas, bem magras, contando a briga que teve com o diabo no inferno, numa embolada sem refrão, durada por 10 minutos sem parar. Sem parar. Olhos lindos, relumeando numa luz que não era do mundo mais. Não era desse mundo mais." Mário de Andrade

domingo, 14 de fevereiro de 2016

SABOR DO VINHO - Chagas Lourenço

SABOR DO VINHO
Lembranças vagueiam
por lugares distantes
momentos ímpares
desejo rígido
corpos em frenesi
frêmito de lábios
calor das entranhas
fazem vibrar
o líquido no cálice
como cristal.
Chl


SONETO DA EXISTÊNCIA - Professor Ismael André



SONETO DA EXISTÊNCIA
Professor Ismael André

É comovente saber que tem um fim
É pertinente entender que tudo é nada
É salutar ter uma vida ovacionada
Mesmo sabendo que o bom pode ser ruim

É permitir que o não seja um sim
Que a sensibilidade humana seja ofuscada
Atropelando a linha horizontal determinada
Fazendo de um suspiro, seu estopim

É sentir que arrogância é medo
É perceber que viver também é sorte
É desprender de si o seu segredo

É saber que não há quem seja forte
É entender que a vida é um enredo
E o resultado deste samba, é a morte!


02/02/2016.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

SAGA - Chico Morais


Francisco das Chagas de Morais (autor)

SAGA
Ali nascia o amor desse romance
Entre olhos rasos d´água de paixão
Entre serras deslumbrantes da caatinga
No silêncio hesitante do sertão.
Os olhares derramando cachoeiras,
Correntezas de amor nos corações,
Jeito bruto de amar nas corredeiras,
Lábios mansos acalmando as aflições.
Os suores encontrados num só rio
E o cio dos angicos verdejantes
O conflito apaziguado dos odores
No encontro inesperado dos amantes.
O ciúme amanhecido dos cardeiros
O alvor cativante, o céu fugaz,
O aboio estrepitante do vaqueiro
E a candura vegetal dos juremais.
Um murmúrio, um sinal de amor nascido,
Vinte léguas de cordel em verso e prosa,
Três mil anos no tropel de mil cavalos
Para ver desabrochar aquela rosa.
Chico Morais.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Canta o poeta na vida A vida de quem não canta - José Alves Sobrinho



Quem canta, canta encantando Há quem não encanta nada E canta desencantada A alma que está cantando E canta desencantando Há quem canta e não encanta Pois cantando desencanta A sua dor escondida Canta o poeta na vida A vida de quem não canta
(José Alves Sobrinho)

RECEITA DA BOA MULHER (Cordel) - Izabel Nascimento


RECEITA DA BOA MULHER
Autora: Izabel Nascimento
Aracaju-Sergipe-2004

Peço a quem for solteiro
Leia meu poema inteiro
Depois case se quiser
Ele relata a verdade
Sobre toda a qualidade
Que deve ter a mulher.

Tudo o que o homem quiser
Até mesmo o que disser
Nunca deve estar errado
Chamá-lo de meu querido
Obedecer ao marido
Ser fiel ao namorado.

Não deixá-lo chateado
Ou esperando sentado
Vendo você se arrumar
Agradá-lo o tempo inteiro
Até emprestar dinheiro
Quando ele precisar.

Nunca deve reclamar
Se ele não a agradar
Só comente em seu diário
Goste dos amigos dele
Só saia de for com ele
E só fale o necessário.

Não pergunte seu salário
Não mexa no seu armário
Nem peça pra dirigir
Se estiver arrumada
Não faça cara amarrada
Se ele não quiser sair.

Se ele gosta de curtir
Beber e se divertir
Seja muito paciente
Se ele, numa balada
Arranjar outra amada,
Não reclame, nem comente.

Sempre esteja sorridente
E se ganhar algum presente 
Que você não se agradou
Diga que ele é belíssimo
Deve ter sido caríssimo
E que você adorou.

Nunca diga que chorou
Se ele a magoou 
Ou se algo deu errado
Não lhe peça aliança
E não lhe faça cobrança
Por celular desligado.

Nunca irrite o coitado
Não o deixe chateado
Nem o faça aborrecer
Não lhe ponha nenhum freio
Se depois de um mês e meio
Ele não aparecer.

Se estiar ou se chover
Ele não vier lhe ver
Por desculpa esfarrapada
Seja uma mulher bacana
E depois dessa semana
Finja que não houve nada.

Se você já for casada
A coisa é mais complicada 
O trabalho é dobrado
Mas não faça discussão
Que quem sempre tem razão
É o seu esposo amado.

Um lencinho perfumado
Sair todo arrumado
Isso não lhe atormenta
Deixe cair na gandaia
Olhar pra rabo de saia
Nunca seja ciumenta.

Nada disso a atormenta
A tudo você enfrenta
Essa é a situação
E nem pense em reclamar
Para não incomodar
Sei querido maridão.

Tire os sapatos do chão 
Desligue a televisão 
Pra ele não acordar
Mas esteja preparada
Quando a toalha molhada
Na cala, ele jogar.

Se ele gosta de fumar
Pra você se adaptar 
Com o vício que ele tem
Então fume a noite inteira
Que no final da carteira
Já se acostumou também.

Isso é o que convém
Quando a mulher faz o bem
Sacrifica sua glória
É uma história bonita
Mas que ninguém acredita
Porque é muito ilusória.

Cada um com sua história
Seu conto e sua vitória
Mas ninguém sabe se viu
E só não vê quem não quer
Que este tipo de mulher
Nunca no mundo existiu.

Se você se permitiu
Ou até se pressentiu
No coração não se manda
Acredite se quiser
Que cabeça de mulher 
É terra que ninguém anda.

O homem acha que comanda
Pensa que manda e desmanda
No coração da donzela
Mas a mulher com jeitinho
Faz o homem tão bobinho
Ceder aos caprichos dela.

A verdade se revela
Respeitando ele ou ela
Nos mostra a todo momento:
Ninguém é melhor que ninguém
Ninguém vive sem alguém
Ninguém pisa em sentimento.

Todo este sofrimento 
De tortura e sentimento
Que mulher nenhuma quer
Que se unam, que se somem
Homem com mulher ou homem
Mulher com homem ou mulher.

Eu direi a quem quiser 
Porque também sou mulher
Com muito orgulho e razão
Do que o homem é capaz
A mulher também o faz
Até com mais perfeição.

No dia da criação 
Quando Deus moldou Adão
Com barro do chão molhado
Um segredo pra nós dois:
Deus fez a mulher depois
Pra fazer mais caprichado!




quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

SE POUCO AMOR NÃO É AMOR, TUDO POUCO NÃO É NADA



Mote: Juciana Soares
Glosas: Ismael André



No versejar em apuro
Trago o amor como rima
Matéria e obra-prima
Num relance bem obscuro
Não pago, nem cobro juro
Pela dinâmica ousada
De amar, ser fascinada
De querer bem promissor
Se pouco amor não é amor
Tudo pouco não é nada.

Amar não é sufocar
Nem almeja retribuições
Melhor de si sem ilusões
É cuidar sem controlar
É o saber esperar
Porém é essência estampada
De uma vida obstinada
De querer sem sobrepor
Se pouco amor não é amor
Tudo pouco não é nada.

O amor puro e verdadeiro
Suporta o sofrimento
Com extremo discernimento
O egoísmo é o derradeiro
Ciúme não é herdeiro
A arrogância emanada
Deixa a vida alienada
Causando uma forte dor
Se pouco amor não é amor
Tudo pouco não é nada..

Um mundo sem prepotência
Planta amor sem mesquinhez
Da caridade é freguês
Da gentileza, prudência
Da autoestima, a clemência
Com pureza impregnada
A pessoa estabanada
Vira essência de pudor
Se pouco amor não é amor
Tudo pouco não é nada.

A ganância do ter muito
Apodreceu a essência
Abriu porta para indecência
Gerar conflitos foi o intuito
O amor que era gratuito
Vira semente aniquilada
Migalha quase anulada
Deste pó tão sofredor
Se pouco amor não é amor
Tudo pouco não é nada.

Um exemplo a ser notado
É o amor familiar
Perdeu-se sem se notar
O grande e maior legado
Os pais sendo respeitado
Virou conduta minada
O amor é coisa negada
Já não se tem mais temor
Se pouco amor não é amor
Tudo pouco não é nada.

Amor de marido e mulher
É um contrato vencido
Já não se tem mais vivido
Agora se mete a colher
Garfo, faca, qualquer talher
Deixa a vida transformada
E não se ver nenhuma guinada
Neste navio de horror
Se pouco amor não é amor
Tudo pouco não é nada.

Amigo já não se conta
Com reciprocidade amorosa
É até piada desonrosa
E uma tremenda afronta
“Te amo” já não se aponta
É uma regra lesionada
De uma sociedade empenhada
Em juízo de valor
Se pouco amor não é amor
Tudo pouco não é nada.

Na verdade este sentimento
Preciso de almas honrosas
Solidárias, caridosas
De um total ressurgimento
Que façam num firmamento
Uma justiça rimada
Verdade sendo apontada
Num ritmo avassalador
Se pouco amor não é amor
Tudo pouco não é nada.




Escrito em 18/01/2016