Como um bravo nordestino
No seu velho pau de arara
Foi vitima do seu destino
Quando a morte o matara
Aos cassacos deu guarida
Lhe amparando sem medida
Diminuindo o martírio
Em meio a tantos clamores
O céu recebeu com flores
O anjo José Porfirio
Partiu assim de repente
Nem deu tempo de avisar
Depois de um grave acidente
Com homens pra trabalhar
Numa estrada da Bahia
Seu corpo assim padecia
Deixando a familia triste
Tantos anos se passaram
Mas as feridas não saram
E a dor da perda persiste
Transportava retirantes
Que fugiam da estiada
Levando à terras distantes
Na poeira da estrada
Estes não tinham mobília
Se perdiam da família
Depois de escravizados
Trabalhavam por comida
Bebendo o suor da vida
No copo dos desgraçados
Aos quarenta e tres de idade
Assim se foi nosso herói
Deixando muita saudade
E uma lembrança que dói
Homem de bom coração
Ao pobre estendia a mão
A quem lhe pedisse ajuda
Passa dia, mes e ano
Desse episódio tirano
Mas a história não muda
Por não ter nenhum parente
Pra fazer o seu enterro
Foi taxado de indigente
Cometeram grande erro
Seu pai coberto de dores
Sem se importar com valores
Vendeu tudo o que ganhou
Mandou buscar o caixão
Pra enterrar no sertão
Seu filho que tanto amou
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