Menino tirando abelha
Com bosta faz a fumaça
Um cachorro bom de caça
Um cambito pra ovelha
Matuto batendo telha
Um bezerro pra arrear
Traz o forjo pra armar
Tirrina e pau de galão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Não vou lastimar
ResponderExcluirAs mazelas do sertão
Falarei só das coisas boas
Que aqui sempre existirão
Da cantoria de viola
Do forró, xote e xaxado
E de Luiz Gonzaga
O Rei do Baião
Das festas juninas
E demais tradições nordestinas
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão para cantar
Canto o samba de latada
ResponderExcluirCanto a beleza da chuva
O despertar da saúva
Quando bate a invernada
Água na bica aparada
Milho verde pra assar
Feijão para debulhar
Bebedouro e cacimbão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Esse aspecto de sertão
ResponderExcluirNão tem nada de beleza
Faz parte da natureza
Mas é triste e faz sofre
Em breve se não chover
Eu daqui vou me mudar
Em Brasília vou morar
Ou voltar pro Maranhão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Admiradora da poesia.
No sertão tem poesia
ResponderExcluirBeleza da natureza
Cuscuz não falta na mesa
Com uma boa cantoria
Tem tristeza e alegria
Como em qualquer lugar
Mais lá nunca vai faltar
Quem lhe estenda a mão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Durante a seca no sertão
ResponderExcluirO canto é de agonia
Não tem água na bacia
Sofre toda a criação
Se não for o caminhão
Para a sede amenizar
A criança vai chorar
Clamando a solução
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Camilo Henrique
Eu sei que a seca tá braba
ResponderExcluirmas nem tudo é intranquilo
há Jacu, onde Camilo
nada feito uma piaba
pois o prazer desse caba
é no Jacu mergulhar
tentando ali encontrar
um muçu pra refeição
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar.
No sertão a lua cheia
ResponderExcluirEnche a cabocla de sonho
De se casar com Antonho
Ter um roçado de meia
Mas se a coisa fica feia
E o jeito for arribar
Morar em outro lugar
Vai chorando o coração
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Lastimo pela lavoura
ResponderExcluirQue aqui não mais existe
O agricultor tão triste
Mudou-se para a cidade
Passando necessidade
E fugindo da sequidão
Sem milho pra fazer pão
Nem galinha pra torrar
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar.
Admiradora da poesia
Veja a terra prometida
ResponderExcluirParece com o nordeste
Mais seca do que a peste
Vive hoje dividida
Lá se luta pela vida
Pro direito de ficar
Por que aqui desertar?
Vamos irrigar o chão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Um jumento cochilando
ResponderExcluirNa sombra de um pé de pau
Vaca gorda no curral
Cabrito mouxo berrando
Duas beatas rezando
Depois da missa acabar
Tres batatas pra assar
No braseiro do fogão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Uma vaca bem magrinha
ResponderExcluirUm fogo de lenha aceso
Um porco perdendo peso
Comendo agua com farinha
Um menino engatinha
Chorando e pedindo pão
A mãe lhe veste um calção
E tenta o acalentar
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar.
Admiradora.
Essa admiradora
ResponderExcluircanta e encanta também
não se revela a ninguém
porém é encantadora
tá me dando uma bilôra
preciso me alimentar
um calango vou caçar
pra misturar com feijão
Quanto mais canto o sertão
mais tem sertão pra cantar.
Fui caçar de baladeira
ResponderExcluirMas quando ouvi o tiziu
Os meus olhos se abriu
E caí na choradeira
Veja só quanta besteira
Que eu tava pra aprontar
Ia um cantador matar
Eu que gosto de canção
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
ResponderExcluirMuito obrigada poeta
O elogio é bem vindo
Seu poema está lindo
Essa será minha meta
Ainda sou analfabeta
Nessa arte de rimar
E não vou me revelar
Não é essa a intenção
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar.
Admiradora
Diga ao menos donde canta,
ResponderExcluirpoetisa escondida
No Maranhão foi nascida
ou é mesmo aqui de SANTA?
Sua timidez é tanta
que não quer se revelar?
continue a nos brindar
com versos em profusão
Quanto mais canto o sertão
mais tem sertão pra cantar.
ResponderExcluirDois matutos de manhã
Proseando na cancela
Chibanca, tina e gamela
Canga de boi e marrã
Canto de guriatã
Uma cia pra arroxar
Espingarda pra caçar
Café torrado em pilão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Cuscuz de milho na janta
ResponderExcluirCom jabá e macarrão
Um bom caldo de feijão
Até defunto levanta
Poeta, eu moro em santa
Não pretendo me mudar
Só se a chuva não chegar
E eu pegar depressão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar.
Admiradora
O relinchar do jumento
ResponderExcluirO chocalho da boiada
O galo de madrugada
O assobio do vento
A chuva caindo lento
O passaredo a gorjear
É a natureza a cantar
No meu longínquo rincão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Um tamanduá espreita
ResponderExcluirNa boca de um formigueiro
Capão gordo no chiqueiro
Agricultor na colheita
Um bezerro se deleita
Na vaca põe-se a mamar
Guarda-louça e alguidar
Papa-sebo e tesourão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Um barreirinho quase sêco
ResponderExcluirUma enxada num recanto
Um oratório la no canto
Uma janela pro bêco
Do outro lado um sêpo
E uma mão de pilão
Na gaiola um azulão
Animado a cantar
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar
Admiradora