domingo, 14 de outubro de 2012

Operação “Pássaros do Egito” (Parte 1) - João Estevam


Caros leitores, lhes apresentamos o início de uma obra que está sendo escrita pelo  amigo João Estevam - agente dos Correios preocupado em nos transmitir um recado que julga importante. Qualquer semelhança com a realidade não será mera coincidência. Humor, ironia e suspense aguardam a todos! - Gilberto Cardoso dos Santos
João Estevam Fernandes Neto
Há mais de nove meses que estávamos em tocaia, vigiando um grupo de criminosos internacionais, que atuavam “lavando dinheiro”, valendo-se para tal, de um sistema de pirâmide financeira, o qual prometia retorno de investimento em comissões bem acima da média financeira mundial. Esse grupo queria apenas lucrar/lavar o dinheiro oriundo das mais diversas “fontes” e o “investiam” em uma pseudo-empresa financeira. Todo mundo sabe que os sistemas de pirâmides financeiras são insustentáveis e por isso, considerados ilegais.
Esse já era o quinto sistema criado por este grupo – o sistema papagaio - consistia basicamente em ganhar dinheiro reescrevendo textos na internet. A prospecção de novos membros era realizada oferecendo-se lucros exorbitantes – ah se fosse fácil ganhar dinheiro assim, logo disse minha querida mãezinha, quando lhe contei da falcatrua.
Mas no último mês, depois da transcrição e análise de inúmeras horas de escutas telefônicas autorizadas, um juiz tomou a decisão de intervir junto à pseudo-empresa, expedindo um mandado de busca e apreensão de documentos para a sede da empresa e as residências de cinco membros, que achou dentre outras coisas um arsenal de armas não registradas, além de mais de cem quilos de cocaína.
Por pouco os manda-chuvas da organização não escaparam – eles não contavam com o forte esquema de perseguição arquitetado pela ABIN, o qual os prendeu no aeroporto, sem chance de extradição.
Como principal orquestrador da operação apelidada pelos jornais que a noticiaram de “Pássaros do Egito”, uma clara alusão ao método de pirâmide financeira e ao uso de nome de pássaros para batizar o sistema – os nomes beija-flor, cotia e pardal já haviam sido utilizados com os mesmos fins – ao término da investigação aceitei de bom grado os trinta dias de férias que me foram oferecidos já que há tempos pretendia visitar parentes distantes no nordeste do país.
           A história relatada aqui começou quando de meu retorno das férias no nordeste – como gostava de dirigir e pretendia manter a praticidade de utilização de um veículo, fiz a viagem em meu carro. Havia completado três anos de serviço na Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), participei de uma investigação um tanto quanto singular e que me fez passar a compreender melhor a mente humana.
          O retorno das férias coincidiu com um feriadão e a marginal estava com um grande fluxo de veículos, não me surpreenderia se acabasse entrando em um engarrafamento causado por algum imprudente motorista, quando fui interrompido pelo toque do celular:
         - Alô? – disse ainda intrigado com o número desconhecido.
         - Agente Clóvis?
         - É ele.
        - Precisamos urgente de seus serviços venha até a residência oficial do presidente é um assunto especial e saberá dos detalhes aqui. – em seguida o telefone foi desligado.

“Aventure-se em busca do tesouro...”

        Como todo bom agente, dirigi-me imediatamente a local indicado, depois da identificação de praxe na entrada fui acompanhado a um prédio anexo. Era a primeira vez que visitava aquela casa. Passados dez minutos de espera um rosto familiar me apareceu – o meu superior imediato, agente Álvaro – e cumprimentou-me.
              - Seja bem-vindo nobre amigo.
              - O prazer é meu em poder ajudar – respondi
              - Confesso que não esperava uma chamada tão urgente. Do que se trata? – perguntei
- Agente Clóvis, deve estar ciente desde já que nosso chamado para que participasse desta operação foi um pedido especial do Presidente do Brasil em face do seu destacado resultado na operação “Pássaros do Egito”. A operação de agora é sigilosa, não-oficial e oriunda de um pedido especial do Presidente e de sua vontade em ajudar um amigo. Por isso queremos que escolha se deseja ou não dela participar.
                - Sim Senhor é uma honra participar de uma operação tão especial.
                - Não temos muito tempo então escute meu relato: 
         Estamos em novembro e durante os últimos seis meses, a marca internacional W&R que queria se estabelecer no mercado nacional realizou uma grande campanha publicitária, destas em que se junta às embalagens dos produtos da marca e se envia pelo correios para participarmos de um sorteio.  Talvez você tenha ouvido falar dela. O prêmio era a chance de participação em um reality show, o qual poderia agraciar o vencedor com um prêmio em ouro de aproximadamente um bilhão de reais.
             Todo o país participou e o sorteio foi realizado simultaneamente nos três programas de auditório de maiores audiências do país numa tarde de domingo do mês de setembro. Os doze sorteados foram em seguida contatados pela produção do reality show.
  Não á toa o nome da promoção era “Aventure-se em busca do tesouro da W&R”. No reality os doze participantes eram colocados em uma ilha onde de posse de um mapa eram levados a passar por desafios e os que primeiro completassem as provas receberiam mais pontos e ao final o com maior número de pontos ganharia o prêmio bilionário. Durante 60 dias uma equipe montou e testou as provas, além de colocar câmeras em todos os lugares da ilha.
Como haviam realizado inúmeros testes e experiências, detectando e resolvendo todos os problemas, a equipe responsável pelo reality achou possível, e uma ótima jogada de marketing, optar pela gravação à distância, enviando para a ilha apenas os participantes da competição num helicóptero que os deixaria e retornaria imediatamente ao continente.
Começaram as divulgações na televisão, no rádio e principalmente na internet. No site do reality havia a possibilidade de comprar um pacote para o acompanhamento em tempo real. O dia do início do reality chegou e os participantes foram levados para a ilha. O helicóptero voltou ao continente e começaram as gravações – segundo o instituto de pesquisa a audiência bateu todos os recordes – duas horas depois do início e algo impensado aconteceu, o tempo fechou sobre a ilha, uma chuva torrencial isolou a ilha completamente, o sinal de TV foi cortado e por 58 minutos os participantes estavam sós... e um assassinato aconteceu.
- E o que fizeram? – interrompeu o Agente Clóvis
O programa foi suspenso, a repercussão está enorme, surpreendo-me de que não tenha ouvido falar ainda, temos mais de cinquenta pessoas sob custódia, incluindo os doze participantes, esta entre os assuntos mais comentados nas redes sociais na internet e a emissora de TV envolvida emitiu uma nota de esclarecimento aos telespectadores, por enquanto estamos conseguindo manter os jornalistas das outras emissoras afastados, o servidor do site na internet entrou em colapso dado ao enorme número de acessos simultâneos – o presidente da W&R no Brasil e o dono da emissora de TV pediram um especial favor ao Presidente da República para interceder no caso e por isso estamos aqui.
- E o que devo fazer?
- Você irá de helicóptero ao aeroporto e de lá de jatinho até o Rio de Janeiro onde fará um recrutamento, e seguirá até à ilha. Reporte-me sempre que necessário através deste celular – e estendeu-lhe um aparelho celular.
- Um recrutamento? De quem?
O agente Álvaro entregou-lhe um dossiê. O agente Clóvis abriu-o, leu um pouco e comentou:
- É uma lenda! Esse homem é uma lenda!!!
- Foi uma indicação especial do Presidente.

7 comentários:

  1. Excelente! E o agente Clóvis, podem acreditar, é João Estevam! Olha só o visual dele! Aguardamos o desfecho dessa trama!

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  2. Excelente! E o agente Clóvis, podem acreditar, é João Estevam! Olha só o visual dele! Aguardamos o desfecho dessa trama!

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  3. Excelente! E o agente Clóvis, podem acreditar, é João Estevam! Olha só o visual dele! Aguardamos o desfecho dessa trama!

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  4. li vários textos do João Estevam, e sempre fiquei com vontade de ver o final das histórias. Há tempos que ele deve um lançamento de um livro. (aguardando ansioso).

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  5. Rapaz.. Pense num texto. Já estou com vontade de ler ele todo.. hehehehe. Show de bola. Sério mesmo, sem palavras aqui. João tem um estilo próprio que une a simplicidade ao talento. Parabéns. E viva o agente Clóvis.

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  6. Transformar um reality show em romance policial foi uma grande jogada.
    Espero ansioso pela segunda parte deste enredo.

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  7. Muito boa, João, essa trama. Vai ficar um excelente livro, tenho certeza. Cuidado para não perder os direitos autorais... rsrs.

    Parabéns pelo talento!

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