José do Egito era um jovem de inteligência rara, destinado a receber proeminência entre seus contemporâneos. Sua vida, porém, apesar de suas múltiplas qualidades e êxitos, teve altos e baixos. A inveja, o ciúme e a incompreensão trouxeram-lhe dias amargos.
De uma hora para outra, foi injustiçado por uma calúnia, lançado no calabouço da forma mais humilhante e tornou-se suspeito para pessoas que antes nele depositavam toda confiança.
Nessa hora, ele encontrou alento nas metáforas e fábulas de sonhos poéticos belíssimos que povoavam sua imaginação desde a infância, descansou na certeza de sua inocência. Depois disso, esteve na côrte, entre reis e juízes, onde cada vez mais progrediu e mereceu destaque.
Algo similar ocorreu com o José de Santa Cruz, o José Nailson. Jovem de destaque no meio literário e profissional em que vivia, viu-se inesperadamente lançado no calabouço da suspeita. Mas, como ocorreu com aquele, encontrou na poesia e na certeza da própria integridade uma válvula de escape poderosa para seu problema, pouco depois solucionado.
O poema abaixo, rico em metáforas e paradoxos, reflete bem esse momento vivido por ele e mostra como a tristeza pode ser convertida em alegria. - Gilberto Cardoso dos Santos
MINHAS FLORES DE AGOSTO
Assim que amanhece o dia em agosto
Desperto regando a flor do jardim
Que brota, que murcha e fica no rosto
O cheiro, o mofo da vida em mim.
Flor que perfuma, buquê da beleza
No choque da outra ofusco horizonte,
Cacho antítese, alegria-tristeza
Que rega e desrega a poesia na fonte.
Vergel florido jardinado a gosto
És berço e marca de espinho latente
Crescido à luz em chão de desgosto.
Vergel florido és berço contente
De mim não esquece e me vem de repente
Assim que amanhece o dia em agosto.
Nailson Costa
Caríssimo Gilberto, obrigado por ter feito um belo comentário nesse poema, que, aliás, foi feito no âmago de minha mais profunda tristeza e angústia. Às vezes quando você quer inovar uma metodologia de trabalho, tentando ser criativo, tentando dar uma motivação aos discentes, tentando, enfim, ser diferente, levar algo, você pode ser interpretado de forma equivocada. Foi o que aconteceu comigo em um determinado ano de minha vida profissional, logo no início de minha carreira. Fiz uma poesia intitulada Marina, uma releitura da música de Dorival Caymmi e fui violentamente mal interpretado, como se eu estivesse dando em cima de uma aluna. Por incrível que pareça, aqueles que assim me julgaram, não lograram muito êxito em suas vidas profissionais, diferentemente daqueles que se surpreenderam com tal interpreção e vieram em minha defesa, que hoje são pessoas de sucesso na vida. A vida é assim mesmo, há os espinhos e as flores, e cabe a cada um saber bem dicerni-las. Valeu Gil, um abraço!
ResponderExcluirMagnifico soneto, lindo demais, adoro essa forma de poesia.
ResponderExcluirObrigado, Hélio, eu bem queria ter sido abençoado com um terço de seu talento!
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