quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A IMPORTÂNCIA DE SE EDUCAR PARA AS EMOÇÕES - Prof Ivanilson

 
Por muito tempo, e até os dias atuais, as ideias de Alfred Binet sobre a
mensuração da inteligência por um único teste padronizado de inteligência, o
chamado Quociente Intelectual – QI, foram utilizadas em inúmeras seleções
e avaliações psicológicas, sendo determinante para o reconhecimento e
ascensão de um bom estudante ou profissional.
Com o passar do tempo e a contestação dessas ideias por outros estudiosos,
como o psicólogo Howard Gardner, por exemplo, que desenvolveu a teoria
das Inteligências Múltiplas, os fundamentos de Binet foram, aos poucos,
sendo substituídos por conceitos mais elaborados e profundos sobre o
comportamento e o desenvolvimento psicológico dos indivíduos.
Apesar de se saber da importância da intelectualidade no século presente,
essa capacidade não se constitui como única determinante para o pleno
desenvolvimento psicointelectual do sujeito, pois é muito relevante também
que o indivíduo possa se desenvolver emocionalmente, o que Daniel Goleman
chama em seu livro “Inteligência Emocional” de Quociente Emocional – QE.
Goleman ressalta que a crise que a humanidade vive hoje, com aumento
da criminalidade, violência e infelicidade é o reflexo de uma cultura que se
preocupou apenas com o intelecto, esquecendo o lado emocional da pessoa.
Tanto o QI quanto o QE podem ser desenvolvidos e potencializados,
dependendo da orientação da pessoa que pretenda desenvolvê-los. Concebe-
se, portanto, que esses quocientes não têm a qualidade de serem estáticos,
mas podem ser aprimorados e desenvolvidos durante a vida do indivíduo.
Ainda segundo os estudos de Goleman as pessoas só utilizarão 15%
do que aprenderam na escola na sua vida prática, enquanto a inteligência
emocional demanda 85% da capacidade do indivíduo na sua convivência
social.
O questionamento que se faz é: Por que se dá tanta ênfase ao ensino
apertado, ao cumprimento rigoroso de programas, provas, testes dentre outros,
e se ignora ou desconhece-se a Inteligência Emocional? Não é proveitoso
formar-se adultos, estudiosos, cientistas cultos se não sabem lidar com o outro,
se são sujeitos frios, desprovidos de sensibilidade e humanismo.
A importância de se educar as emoções é notável, pois uma pessoa
educada, emocionalmente, é um ser equilibrado, que sabe lidar com uma
variedade de situações do cotidiano e com as pluralidades de ideias, pessoas e
sentimentos. Destaca-se que educar para as emoções não significa abandonar
os conteúdos do currículo escolar convencional, mas integrá-las de forma que
sejam trabalhadas constantemente, destacando sempre seu caráter inter e
multidisciplinar.
Como destaca o educador Paulo Freire “e escola é, sobretudo, gente,
gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima”. A
escola não é uma mera construção de concreto e cimento, mas uma célula
viva, viva como a própria educação, não consiste, portanto, numa experiência
fria, mas repleta de ações, vivências e emoções.
As instituições escolares e os pais precisam atentar para o fato de que
qualidade no ensino não significa horas exaustivas de estudos e notas boas,
mas a capacidade do educando ser autônomo, ter autonomia para (re) elaborar
conhecimentos; colaborativo, saber lidar com o outro e trabalhar em equipe; e
um ser criativo, dinâmico. O memorável educador Rubem Alves destaca que
muitas escolas não passam de jacarés. Devoram as crianças em nome do
rigor, do ensino apertado, da boa base, do preparo para o vestibular. É com
essa propaganda que elas convencem os pais e cobram mais caro... Mas e a
infância? E o dia que não se repetirá nunca mais? Infelizmente o Brasil ainda
tem muito dessas escolas, “escolas jacarés”.

15 comentários:

  1. Caro Ivanilson,
    Estou muito feliz por você escrever tão bem. Como lhe disse, concordo em gênero, número e grau com suas colocações.

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  2. Excelente artigo! Acredito que é fundamental atentar para o desenvolvento de atitudes e valores para a convivência em grupo, com autonomia e cooperação. O grande desafio é o desenvolvimento de um intelecto habituado ao pensamento crítico e tudo isso implica em Inteligência Emocional.
    Adorei! Parabéns!

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  3. Excelente artigo!
    Acredito que é essencial desenvolvermos nos alunos atitudes e valores para a convivência em grupo, com autonomia e cooperação. O grande desafio é o desenvolvimento de um intelecto habituado ao pensamento crítico e tudo isso implica em Inteligência Emocional.
    Adorei! Parabéns amigo Ivanilson.
    Fraterno abraço!

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  4. Um ser humano por completo é formado por emoção e razão, ambos em equilíbrio!

    Professora Daiane Kipper

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  5. Parabéns pelo seu artigo. O ser humano tem sua maturidade e crescimento por meio de convivências e experiências, não só através de uma inteligência pré determinada.
    Professora Josisléia.

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  6. Excelente artigo Prof. Ivanilson! Fiquei bastante satisfeitas com suas reflexões principalnmente porque nesta época considerada a da Informação é preciso que o ser human possa olhar para si, conhecendo suas potencialidades, gostos, temores, frustações, bem como alegrias, desejos, satisfações. Não podemos considerar o homem sem partir do pressuposto de suas características, valores,aptidões, necessidades. Tendo essa compreensão fica mais fácil entendermos que algumas pessoas são mais felizes do que outras, porque desenvolveram sua inteligência emocional. Causa curiosidade porque em meio a um cotidiano cada vez mais concorrido, surgem na vida de cada indivíduo caminhos que o próprio deverá escolher, para levar adiante, a esperança , seus sonhos, expectativas e objetivos.
    O professor moderno precisa se ater a estas informações e precisa educar sem perder de vista a inteligência emocional e a escola como socializadora do conhecimento , precisa se organizar partindo da ótica de que antes de tudo os educandos são seres humanos, com sentimentos, características particulares e que se não estiver bem, não se desenvolverá ou aprenderá.
    Professora Adelma Costa Professora da UVA/ Santa Cruz e Coordenadora Pedagógica da Secretaria de Educação.

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  7. Francisca Joseni dos Santos4 de janeiro de 2012 às 20:25

    Excelente texto! costumo dizer que devemos ter Inteligência Emocional para bem desenvolver o nosso trabalho pedagógico seja qual for a função que se exerça. E, em nome deste currículo apertado exigível pelos organismos legais e pela sociedade em geral, nós educadores deixamos de trabalhar a base essencial do relacionamento humano que seria o fortalecimento do "EU" do aluno para o enfrentamento diário e cotidiano com as "asperezas" da vida. Lembrando ainda que se levarmos em consideração os quatro pilares de uma educação para o século XXI presentes no livro Educação um tesouro a descobrir (1998, Delors)perceberemos que a prática pedagógica deve ocupar-se em trabalhar com aprendizagens fundamentais e essenciais, e que poderão ser consideradas como os pilares do conhecimento: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver; e, por fim, aprender a ser. Se levarmos a termo estes pilares certamente que estaremos trabalhando ou abrindo searas para uma inteligência emocional e, consequentemente, contribuindo para se viver melhor em sociedade.
    Francisca Joseni dos Santos - Professora

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  8. Fico feliz pelos elogios, no que se refere ao texto. Não sabia que o texto ia ter tanta repercussão, tanto aqui como nas redes sociais. Tenho sempre a Educação como uma fonte permanente de inspiração. Quero agradecer aos colegas educadores que corroboraram comigo: Ivanise, Paty Fonte, Josisléia, Adelma, Joseni e meu colega Gilberto. Muito obrigado a todos!

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  9. Excelente artigo Ivanilson! Seu texto trás uma excelente reflexão sobre pensar a educação de modo mais humanizado, no qual o equilíbrio de emoções abre espaço para um conhecimento socializador que compreende a pessoa humana em toda sua complexidade de emoções, tendo em vista que a educação deve formar o cidadão pleno e não máquinas nas quais se deposita informações. Adorei o artigo!

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  10. Professor Ivanilson, não é de hoje que já venho apreciando seus escritos. Mas este realmente me chamou atenção, pelo fato de tratar assunto de tamanha relevância, de se educar para as emoções. Vivemos em um mundo onde não todos, mas parte dos profissionais trabalham apenas os conteúdos curriculares e esquecem-se de trabalhar essas emoções, mas, uma boa educação requer emoção (John Gotman e Joan Declaire), descreve , “…a consciência emocional e a capacidade de lidar com os sentimentos são muito mais determinantes que o QI para o sucesso e a felicidade em todas as fases da vida, inclusivamente nas relações familiares”.
    Parabéns!

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  11. Parabens ao professor pelo texto, voce vai longe amigo.

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  12. Muito bom o texto. Se o ilustre professor aprofundar esse artigo com mais fundamentação, dá uma boa dissertação em tese de mestrado. Quer dizer, acho que dá. A professora Joseni, poderia dizer mais sobre essa minha observação. O texto, professor, é ótimo! Parabéns!

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  13. Quero agradecer às amigas: Dorinha, Laiz, Jane e ao colega Nailson Costa pelas contribuições. Agradeço ao professor Nailson pelas palavras, mas quero dizer que esse singelo texto é apenas uma pequena reflexão minha sobre o que acredito, quanto a educação para as emoções na escola. Mas, como gostaram da minha simplicidade, irei compartilhá-lo também no Jornal A Notícia, no qual estou sendo colunista. Abraço a todos!

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  14. Esse seu artigo é mais que excelente, pois o foco de suas reflexões é de um valor inexplicável, pois para nós educadores e formadores de opiniões que devemos ser, lidar e procurar conhecer o nosso aluno como pessoa, em primeiro momento, é o grande passo de sabermos entendê-lo(A) como aluno, essa sempre foi a minha grande meta de inicio de trabalho, nas duas primeiras semanas de contato conhecer o nosso aluno como pessoa, em primeiro momento, é o grande passo de sabermos entendê-lo(A) como aluno, essa sempre foi a minha grande meta de inicio de trabalho, nas duas primeiras semanas de contato com o novo aluno, foi de auto conhecimento interior: a vida cotidiana, suas paixões, suas decepções, suas conquistas e derrotas, suas aspirações, experiencias vividas e compartilhadas.

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