sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
MINHAS REFLEXÕES E DECISÕES NATALINAS - Gilberto Cardoso dos Santos
Ouvia sem querer a música Na Boquinha da Garrafa enquanto relia o texto escrito por André que fala das relações promíscuas entre a imagem de Papai Noel e a Coca-Cola.
Como uma reflexão puxa outra, pus-me a meditar sobre o que se tornou o Natal, graças à sagacidade dos comerciantes que, através das eras, souberam transformar essa data em um período altamente lucrativo. Quem já leu algum livro de autoajuda ligado ao tema ou fez cursos do Sebrae sabe que o bom empresário é aquele que vê as oportunidades e as aproveita bem, ou, quando estas não existem, sabe criá-las.
Imagino que o "sucesso" do cristianismo na metrópole romana e adjacências foi visto pelos vendedores da época como um importante filão a ser explorado. Desde então, e até mesmo antes disso, foram criando meios de tornar este período altamente favorável às vendas. Na própria Bíblia estava a dica, pois fala do primeiro Natal como uma ocasião em que os magos trouxeram ricos presentes ao recém-nascido Jesus. A ideia era fazer, nos natais subsequentes, com que cada celebrante do Natal assumisse o lugar do aniversariante e que, ao mesmo tempo, procedesse como os magos do Oriente presenteando amigos e familiares. Essa troca mútua de dádivas seria a galinha dos ovos de ouro das indústrias.
Com certeza essa foi uma excelente estratégia que transformou o período anterior a 25 de dezembro - período este cada vez mais próximo dos janeiros dos anos em curso - em um instante de grandes expectativas, profunda ansiedade quanto ao que dar e receber.
Além das provas de amor exigidas ao longo de cada ano, há a prova-mor, que faz o ano finalizar com chave de ouro, capazes de alterar, para bem ou para mal, as relações fraternais, filiais e conjugais.
Há muita alegria no Natal, mas há também quem sofra bastante, seja pelo presente que não recebeu, seja pelo que não pode dar. Os vendedores, com isto, atingiram aquele ponto que é alvo de todos os que lucram com o comércio: transformaram o dar presentes em uma questão de consciência, um imperativo do qual não se deve fugir, um pecado contra as relações afetivas em todos os níveis.
Cônscio de tais manobras, desejoso de quebrar os liames postos por aqueles que me tratam como a um mamulengo, resolvi não presentear ninguém neste natal. Trata-se, evidentemente, de um protesto. Como, porém, sou democrático e costumo respeitar as diferenças, não recusarei as dádivas (ouro, incenso, mirra, tablets...) daqueles que discordam de mim. Além disso, devido os mistérios de sua composição e alto teor de açúcar, evitarei tomar coca-cola neste natal.
Feliz Natal a todos!
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...Perfeito!
ResponderExcluirGilberto...seu comentário faz notória a sua capacidade cultural e sua capacidade de discernimento. O cristianismo sempre foi objeto de lucro pelos altos escalões das religiões humanas...Poucos como nós, sabem que o cristianismo primitivo era uma comunidade comunista...sem fins lucrativos e onde os cristão lutavam contra leões, era queimados em fogueiras tudo por amor a missão que lhes era confiada..Após o advento do Imperador Constantino..o cristianismo de um crime de morte...passou a ser a manifestação obrigatória no império Romano a partir de 302 d.c...com essa obrigatoriedade, e a intolerância fez com que todo o conjunto de religiões pagãs...com seus rituais zoo e antropofomorficos...fazendo da religião posterior altamente Sincrética e repleta de incoerencias com os costumes judeus e cristãos...Os Romanos usaram por muito tempo a propaganda do cristianismo para barganhar riquezas...desde as indulgencias da Idade Média denunciadas por Lutero aos acordos diplomáticos com os monarcas na idade Moderna...Na contemporaneidade fez uso de um ritual TOTALMENTE averso aos padrões biblicos quando usa o endeusamento de personalidades humanas para manter seus fiéis....Em se tratando do universo Econômico desta nova ordem de prioridades, o homem dos fins do século passado e inicio do atual, numa sociedade Autocratica e sobretudo egoísta, materialista e que ve na obtenção de favores e lucros o unico sentido da existencia...vale o protesto, seja ele como for, pois o amor aos bens e ao dinheiro é a raiz de todos os males...mas Atenção! não quero com isso dizer que devemos ser demasiadamente tolos em relação a riqueza...mas que o desejemos como HUMANIDADE, e sejemos praticantes da alteridade...
Obrigado, André, pelo estímulo e por se dar ao trabalho de nos enviar tão inteligentes observações.
ResponderExcluirGilberto,
ResponderExcluirExcelente texto. Você ressaltou as principais questões relativas ao “trato comercial” feito entre o Natal e os empresários, especialmente aqueles que vendem bugigangas que entulham os lares de muita gente.
Mais uma produção com sua marca registrada!
Parabéns!
Obrigado, Teixeirinha! Desejo a vc e família um período natalino bem especial!
ResponderExcluirNada disso meu poeta, esse é o mês de da muitos presentes, e eu tenho uma boa sugestão "perfumes" kkkkkk valeu feliz natal para todos os leitores e contribuidores deste espaço tão grandioso.
ResponderExcluirrsrsrs! Valeu, Hélio. Feliz Natal p vc e sucesso pra Água de Cheiro.
ResponderExcluirGilberto Cardoso