Prezado leitor,
O que lerá abaixo é a intervenção feita por André Soares na enriquecedora discussão sobre avaliação escolar que iniciei em APROVAÇÃO E REPROVAÇÃO EM DEBATE.
A razão de colocá-la à parte é por ser extensa e significativa para a discussão. É a importante visão de um aluno.
Na verdade, senti-me tentado a fazer o mesmo com as intervenções de João Maria, Teixeirinha, Nailson, Aprendiz, Maciel, Fátima Sena e Joseni, todas pertinentes e dignas de uma acurada leitura. Meu temor é o de que, devido a extensão do tópico, alguns leitores parem no meio do caminho e não façam todo o percurso. Aliás, aconselho a quem ainda não deu uma zoiada no APROVAÇÃO E REPROVAÇÃO EM DEBATE que o faça antes de ler a carta de André.
Sinta-se à vontade para opinar quanto à melhor maneira de lidar com isso.
Segue a carta:
"Amigos professores,
nesta semana de Natal ao analisar os textos publicados no blog da Apoesc, não poderia deixar de participar deste tão valoroso debate e percebi que por se tratar de um tema tão complexo ha tantas opiniões dispares e só poderia "me meter" como café-com-leite, afinal não tenho autoridade para falar de uma especialidade da qual domino, pois em termos de "letramento", regras e polêmicas da língua portuguesa me sinto "leigo" para inferir opiniões ao lado de autoridades tão reconhecidas como Gilberto, Maciel, Nailson e os demais amigos.Falo como licenciando, e num curso de licenciatura entramos em constante diálogo com a pedagogia...e em se tratando de temas tão envolvente podemos versar sobre as inúmeras faces da mesma questão com modéstia e muito cuidado.Na cultura em que vivemos o que vale são notas, os resultados, se a aluno passou ou não passou de ano, se obtivemos a média para passar, mesmo que isso signifique que os alunos não saibam nada ou pouco, para utilizar durante sua vida. Mas por que isso ocorre? Por que a avaliação é um instrumento que nos amedronta, principalmente quando chega no final de ano? Porque o que importa para esta sociedade é o resultado das provas... Não a qualidade do ensino. O que importa para os pais e professores e para os alunos”, que não sabem o valor político do processo avaliativo é o registro meramente técnico dos acertos e dos erros de um amontoado de conteúdos que se acumulam durante o ano letivo.
A Carta Magna Santa LDB procura ensinar: que a Avaliação deve ser ampla, contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais. Ora, se ela é processual, devemos entender como processo” a maneira como ocorre a ação educacional, como o professor ensina, como a aluno aprende”, para intervir neste processo contínuo e levar ambos a “aprender”, tanto o professor, que ensina e vai continuar a aprender novas formas de ensinar, quanto o aluno, que aprende aquilo que o professor possibilita. Num olhar Geral. não puxando brasa pra nenhum intelectual desta discussão, o emocional sempre pesa, fiquei imaginando a sinuca em que Gilberto se encontrou, precisando pensar rápido! Naquilo que demandaria anos para ser decidido, mas tempo não para. Certa vez, na disciplina Prática de ensino de História assistimos ao filme "O Clube do Imperador" (um filme espetacular por sinal, vale conhecer!), nele aprendemos que a reprovação pode ser o céu ou o inferno para um professor responsável e que pratica a ética profissional. A avaliação, segundo os fundamentos legais, deveria acabar com a aprovação” ou reprovação”. Da maneira como está redigida, transforma a avaliação em um ato educacional de toda a sociedade.
As ideologias são veementes neste quesito, mas se o professor conseguir atrelar o ensino as esferas da sociedade, sobretudo a família como apoio diagnóstico e fiscalizador identificando as causas da não-aprendizagem, deveriam intervir no processo com o intuito de que todos aprendam, pois, com o fundamento legal da legislação atual determina implicitamente, não deve haver aprovação ou reprovação, e sim aprendizagem, o que interessa à sociedade, já que a formação educacional é a base de sustentação à vida das pessoas. Ao considerar as dimensões do processo avaliativo, o tornamos um ato educacional que liberta o homem para o exercício da sua humanidade e abre a possibilidade da contradição, ou seja, do diálogo entre o professor e o aluno, entre o aluno e o conhecimento, entre o aluno o professor e o próprio processo de ensino e aprendizagem. A ética torna-se então o fundamento principal da ação avaliativa. O ato de avaliar, sob tal ótica, é um ato “negociado” entre os seus atores, sem separá-los, e que respeita suas subjetividades, seus valores, sua cultura, sua identidade singular e plural. Mudar o paradigma da avaliação requer mais do que políticas públicas educacionais. É necessário acreditar na condição humana por parte de todos os seguimentos da sociedade, sejam políticos, econômicos culturais. É necessário ver o homem não como um objeto, um produto, e sim como um sujeito apto a autogestão e a transformação crítica e reflexiva, capaz de superar determinismos numa ação-reflexão no mundo, com o mundo e para o mundo... Enfim: Educar para a vida? ou educar sobre a vida?...Ensinar a viver... Digo como jovem do século XXI a escola nova já está passada!É tempo de produzirmos métodos inovadores, cada um baseado na sua realidade..."
André Soares
Graduando do curso de História Universidade Potiguar, Natal-Rn
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