BARÃO DA SIMPLICIDADE
Nem sempre o apelido pelo qual alguém fica conhecido traduz adequadamente a personalidade ou a essência da pessoa cognominada. Era Barão no nome, mas tenho certeza que sem a vaidade nobiliárquica que o significado do “título” poderia evocar. A nobreza de José Inaldo Martins, o nosso Barão, residia na força de caráter de homem simples, de hábitos normais e brasileiríssimos. Barão gostava de futebol, de vaquejada, de festas, da natureza e do trabalho. Em todas estas atividades ou manifestações humanas colecionou muitos amigos, e estes deram prova de amizade se fazendo presentes em silêncios, em lágrimas, em aplausos, em palavras e canções que o homenagearam na triste despedida que tocou a todos nós.
No emocionado depoimento de Tita, titânica em sua capacidade de suportar tamanha dor, vimos se delinear poeticamente o rosário do perfil de um homem que foi bom pai, carinhoso esposo, valente trabalhador e verdadeiro amigo. Inaldo partiu num átimo, de maneira inesperada, trágica, levado pelo instinto de um gesto nobre, digno de um verdadeiro barão, pois preferiu arriscar a própria vida, a ver atropelado o animal que fatidicamente atravessou-lhe o caminho que o conduzia à sua cidade, ao seu lar.
Em minha memória ficará gravado o seu último ato para comigo. Fizemos a dupla de ataque de nossa tradicional pelada, na última quinta-feira (08-12-2011), quando ao dar-lhe o passe que resultou no que talvez tenha sido o seu último gol, ele veio em minha direção com as mãos levantadas, com o olhar sorridente e vibrou comigo num estalar de mãos. Dele, nunca vi uma reclamação em campo, quase não lhe ouvíamos a voz. Barão chegava discretamente e limitava-se a jogar, sem nenhuma maldade nas disputas de bola, esperando sempre a boa oportunidade lhe brindar com um gol.
A Associação Futebolística dos Amigos do Fórum – AFAF, como outras associações recreativas, da qual Barão participava, também está de luto, também está consternada e se solidariza com a família neste momento de dor. Sentiremos muito a sua falta, Barão, porque você nos inspirava confiança, lealdade, solidariedade e alegria no jogo da vida. Como dizia o poeta: “Viver é lutar!” no que acrescentamos: Viver é também brincar! Barão lutou e brincou, amou e viveu, ganhou e perdeu, como a maioria de nós é comum acontecer, mas deixou-nos no gramado da vida, na cavalgada de seu tempo, uma lição lapidar: morrer lutando para não matar!
Marcos Cavalcanti
Bela e merecida homenagem, Marcos!
ResponderExcluirLamento profundamente a perda dessa pessoa maravilhosa, que transmitia alegria a quem ao seu lado estava. Nunca vi Inaldo triste. Estava sempre de bom humor. Sempre que me encontrava apertava minha mão.Deve está num bom lugar. O lugar dos bons, dos justos.Que Deus lhe dê a recompensa no Reino Celestial.
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ResponderExcluirJá visitei este texto três vezes para me entristecer pela perda e me encantar com a maneira como foi escrito. Em resumo: “morrer lutando para não matar”. Só os poetas conseguem com justiça dizer isso... e assim.
ResponderExcluirA primeira vez que Barão me dirigiu a palavra, logo que chegou a Santa Cruz, foi como se já fôssemos amigos há bastante tempo. Tinha muita alegria e sinceridade nas suas colocações. Ele era gente muito boa mesmo! Que Deus o receba em sua nova morada de paz! E a Tita e seus filhos, que Deus os cobra com o seu manto de conforto e sabedoria!
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