terça-feira, 11 de outubro de 2011

SANTA CRUZ CHOROU POR CELESTINA - Nailson Costa

  


cleoandrei | Funeral Da Nossa CaL. Maria Celestina (Maroquinha)
                                    Imagem da missa de corpo presente da professora Maria Celestina

    SANTA CRUZ CHOROU POR CELESTINA

No dia 6 de fevereiro de 2006, despediu-se da vida terrena a professora e poetisa Maria Celestina da Silveira. Dona Maroquinha ou Maroca, como era carinhosamente conhecida, faleceu aos dezessete dias para completar 76 anos de idade.
Maroca nascera em 17 de fevereiro de 1930 na cidade de Tangará, e, como um pássaro de canto harmonioso, encantou com o seu talento e sapiência toda a Região do Trairi.
Fez o primário em Santa Cruz e logo descobriu que seus sobrevoos seriam em céus de magistério. Cursou a escola normal - como era conhecido o magistério - em Santa Cruz e formou-se em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A professora, muito antes de terminar seus estudos, já socializava seus conhecimentos em sala de aula e em 1955 fora contratada pelo governo do estado do Rio Grande do Norte para reforçar a equipe de professores da Região do Trairi.
Como uma ave Tangará, era admirada por todos: amigos, alunos, companheiros de trabalho, artistas, autoridades etc., pois Maroca sabia ser todos eles, adequava-se com muita facilidade a todas as situações e a tudo. Ela era Celestial, voava com desenvoltura em céus de brigadeiro ou por entre nuvens carregadas driblando com elegância as turbulências que adviessem.
Maroca era um pássaro feliz. Era vista facilmente nos clubes sociais, farras carnavalescas, lions clube, festas juninas, eventos religiosos e em todos era de dar gosto ver o seu canto. Educadíssima e de palavra fácil era de primeira sua oratória.
E por ser assim tão cheia de dotes, ocupou vários cargos de destaque na administração pública: Diretora da Escola Estadual Quintino Bocaiúva e do Caic; Chefe do então 5º NURE; Secretária de Educação do Município de Santa Cruz; Diretora do Setor de Merenda; Professora em caráter especial da UFRN, entre outros cargos.
Maroquinha, surpreendentemente, não quis casar. Obviamente não lhe faltavam pretendentes. É que Maroca era uma ave, e como tal, jamais queria engaiolar-se. Ela era ela. Não saberia cantar seus hinos com alguém ao seu lado ditando os acordes.
Maroca era poetisa, poeta, como ela gostava de ser chamada. Em sua literatura cantou a vida, a juventude e seu romantismo se tornavam arte em cada exaltação de seus sentimentos.  Escreveu muitos poemas, crônicas, artigos sobre educação e os espalhou em variados jornais na região.  Em seu curriculum vitae veem-se mais de trinta cursos de aperfeiçoamento.
Podem-se apreciar poesias de Maroca no livro Templos Tempos Diversos, uma coletânea de poemas dos melhores poetas de Santa Cruz, organizada pela Associação Santacruzense de Poetas e Escritores – ASPE – da qual ela também era membro. A sua palavra mestra sempre ecoará em todos os templos educacionais, nos três tempos verbais e nos mais diversos versos de seus ensinamentos.
 Maroca nos brindaria com seu primeiro livro sobre a cultura da Região do Trairi. Não teve tempo para publicá-lo.
Maria Celestina da Silveira não foi uma andorinha triste. Animadíssima, envelhecia e não ficava velha. Sabia curtir a vastidão de sua beleza intelectual e, como tal, voava feliz cantarolando seus belos hinos e os oferecendo à sua grande paixão: Santa Cruz.
Celestina bateu as asas, voou para os salões celestiais. Maroquinha, como é um pássaro de canto harmonioso, jamais morrerá. E, como tal, imortal, seus acordes não passarão.
Maria Celestina: Uma ave celestial, pura, linda, sublime e fina. Subiu aos recantos mais altos do céu e virou patrimônio público da Região do Trairi.

(Professor Nailson Costa, 2006) 

 
Imagem do prédio onde fica o Centro Acadêmico Maria Celestina da Silveira (CAMAR)

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