quinta-feira, 8 de setembro de 2011

SERTÃO DESERTO - Poeta França



Seu dotô da capitá
vou preguntar ao sinhô
vosmicê, homi sabido
me arresponda por favô
pru quê tanta crueldade
e farta de caridade
no homi sem coração
dotô, cadê a beleza
que a divina natureza
deixou aqui no sertão?

Cadê nossa juriti
onde está o sabiá
e as rolinha cacavila
seu dotô, aonde está?
e o galo de campina
que na menhã nordestina
era o dono da seresta
agora mais nada existe
o sertanejo tá triste
inté mermo a fuloresta.

dotô, cadê o canário
ninguém vê ele cantá
dispois que o homi da rua
insinou ele a brigá
quando o canário partiu
o amarelo sumiu
da nossa vegetação
dotô, inté a braúna
sente farta do craúna
o cantador do sertão.

dotô, cadê a rolinha
branquinha da cor da paz
hoje ele cantava aqui
amenhã não canta mais
pois o caçador passou
e a coitadinha matou
tarvez inté no seu nim
e a asa-branca, coitada,
não canta, vive calada
pois se cantá leva fim

Onde está, seu dotô,
o gato maracajá
o peba e o tatu-bola
cadê o tamanduá?
Dotô, inté o concriz
que o sertão era feliz
ouvindo a sua canção
dotô, cadê o mocó,
inté mermo o rouxinó
num canta mais no oitão.

Ah, dotô, cumo era bom
se acordá de madrugada
tomá cafezinho puro
escutano a passarada
hoje só se escuta o vento
revortado e baruiento
lamentando a solidão
dotô, se vossa incelência
num tomá as providência
fica deserto o sertão.

Autor: Francisco Rafael Dantas (Poeta França). Morava em Caranaúba dos Dantas. Faleceu em janeiro de 2011.

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