quarta-feira, 21 de setembro de 2011
DE VOLTA AO DIREITO NATURAL - Marcelo Pinheiro
O homem ainda andava errante, como nômade, pelas
cavernas do mundo quando teve o primeiro vislumbre do direito
natural, um direito regido por leis não escritas que transcendem
o espaço e o tempo. Foi ele, por milênios a fio, que ensinou aos
primeiros humanos a noção de preservação da vida, da liberdade, da
honra, da dignidade da pessoa humana e de tantos outros valores
que a contemporaneidade parece estar se esquecendo.
É paradoxal perceber que quanto mais a sociedade evoluiu
ao longo dos séculos, passando pela codificação desse direito
instintivo, mais ele foi sistematicamente desrespeitado. Parece que
o racionalismo jurídico desenvolvido por mentes privilegiadas como
Tomás de Aquino, Thomas Hobbes, Samuel von Pufendorf, John
Locke e Jean-Jacques Rousseau não teve o poder de alcançar o
fim sublime por eles arquitetados. É que cada vez mais a coerção
imposta pelo direito dos códigos se torna inócua e ineficiente em
face da falta de moral e ética que domina o mundo hodierno. Pudera!
Como obedecer com satisfação a uma lei forjada e interpreta por um
grupo que não faz uso próprio dela? Essas leis são semelhantes a
teias de aranha que servem para enlaçar a todos, menos às aranhas
que as criaram. Elas, as aranhas, possuem o grande segredo da
fórmula da teia e jamais poderiam ser vítimas de seu invento. A
que nome se daria a isto senão imunidade? Às palavras do apóstolo
Paulo “a letra (da lei) mata...” eu acrescentaria: “...os que não têm
imunidade.”
É certo que as relações humanas na sociedade cresceram
e se tornaram muito complexas para serem regidas apenas pelo
direito natural. Porém, uma coisa não se pode ignorar: as virtudes do
caráter é algo que não se pode conseguir somente com a imposição
do castigo como pena à transgressão. Será necessário um retorno às
origens, ao senso natural de justiça colocado em cada ser humano
pela própria natureza. O direito natural, para quem ainda não o
compreendeu, é algo que se aproxima daquilo que todas as grandes
religiões ensinam de mais sagrado e puro. No cristianismo, por
exemplo, “amar o próximo como a si mesmo” é uma expressão ímpar
do direito natural. O problema é que até lá se esquecem dele.
Marcelo Pinheiro.
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Parabénss Doutor Marcelo,seu texto é intelectual...rs mas,compreendi o direito natural e concordo com tudo que foi colocado.
ResponderExcluirJoão
WILLIAN FIGUEIREDO DISSE...
ResponderExcluirExcelente texto. O Direito natural é inerente a todos nós e se faz necessário ao nosso conhecimento. Muitas vezes passamos despercebidos e não nos damos conta dessa nossa natureza humana. Aprecio esse tipo de escrita. Parabénss!
NATAL/RN
Aí é intelectual mesmo...Advogado né?
ResponderExcluirFicou ótimo o texto.
Joana
No cristianismo, por
ResponderExcluirexemplo, “amar o próximo como a si mesmo” é uma expressão ímpar
do direito natural. Muito bem colocado!
Parabénsssss!
Berna
É cara,vc continua escrevendo super bem. Lembro-me qd estudávamos no IESC e vc já era mt bom em Literatura e português...Prof.Nailson que o diga.
ResponderExcluirG
Caro Marcelo, mais um belíssimo texto, enriquecendo nosso espaço, não é a toa que já chegamos a 30 (trinta) mil acessos.
ResponderExcluirMaravilhoso texto meu amigo e excelente análise !!! Posso apenas ser de acordo com você ....Parabens Marcelo !
ResponderExcluiro bom desse blog é que tem matéria pra todos os gostos, muito boa essa por sinal.
ResponderExcluirArimatéia
Texto de 1ª categoria. Parabénss,Marcelo!
ResponderExcluirPaulo
Grande Marcelo,bom Advogado e bom Escritor...
ResponderExcluirUma cliente!
Oportuníssima reflexão!
ResponderExcluirPROF.GILBERTO E DR.MARCELO,PELO QUE ME PARECE SÃO AMIGOS E QUASE IRMÃOS...PARTILHAM AS MESMAS IDÉIAS,ASSIM VI NESSE BLOG UM DIA. ENTÃO,SÃO GRANDES HOMENS!
ResponderExcluirGrande e necessária reflexão para se conhecer os demais Direitos.
ResponderExcluirAcredito ser , também, da natureza do homem o prazer de contrarir, de querer ser diferente, de ter tesão pelo proibido, pelo desconhecido, pelo contrário ao senso comum. Acedito que nós, seres inteligentíssimamente humanos, carregamos dois gens, o do bem e o do mal. E aí a lei do direito instintivamente humano deveria, também, como tão bem disse o poeta, fazer uso de seus brilantes versos "Traduzir uma parte em outra parte é uma questão de vida ou morte. Será arte!?" Enquanto isso não acontece, vou continuar olhando pra cima, na esperança de me defender do lixo espacial, que um dia descerá e se desintegrará em riba de nossas consciências! Valeu Marcelo!
ResponderExcluirObrigado pelos generosos comentários de todos.
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