sábado, 24 de setembro de 2011
COMENTÁRIO SOBRE POSTAGEM DE NAILSON - Francisca Joseni
Concordo com as palavras de Nailson [ver http://apoesc.blogspot.com/2011/09/raimundo-padre-nosso-de-cada-dia.html], pois necessário se faz que os verdadeiros heróis e heroinas da luta pelas adutoras sejam respeitados e lembrados: Monsenhor Expedito, Monsenhor Raimundo e os homens e mulheres deste vasto seco mundo que tanto lutaram pelo direito à água, à vida, à cidadania. Quando fiz a Especialização "Identidade Regional: A Questão Nordeste" a minha pesquisa foi sobre a "luta pelas adutoras" cujo trabalho apresentado teve como título "Atores sociais e políticos presentes no movimento água para todos na cidade de Santa Cruz - RN". No ano de 2004 juntamente com alguns amigos e professores de Santa Cruz lançamos o livro: "(Des)alinho: Ensaios de História Cultural e Social" e nele consta um recorte desta pesquisa. Dentro tantos testemunhos que encontramos ao longo da referida pesquisa ressalto este do engenheiro Rômulo Macedo responsável pela execução do programa adutor reconhecendo a importância da participação popular e que foi publicado numa entrevista concedida ao Jornal Tribuna do Norte em 06.07.97: "Nunca uma obra do Estado foi tão discutida e tão democraticamente debatida como esta Adutora Agreste/Trairi/Potengi... Esta adutora que foi inicialmente concebida no governo José Agripino (nós reformulamos e ampliamos os projetos e complementamos os estudos) não é uma obra só do Governo Garibaldi Filho, ela também é da Igreja que vem na luta há muito tempo, comandada pelo Monsenhor Expedito, é uma obra da bancada federal, que vai garantir recursos no Orçamento de 98, é da Assembléia Legislativa, que aprovou integralmente os procedimentos, e de várias associações organizadas do Estado, que fizeram questão de ir à imprensa dizer que aprovavam a obra. Tendo impressão que é uma obra de todo o povo do RN. Durante todo o processo de debates, eu estimo que não mais do que 20 pessoas se pronunciaram contra a adutora. Não mais do que 20 se declaram contrários a essa obra..." Baseada ainda nas pesquisas que foram realizadas ressalto ainda a participação dos estudantes através da União Secundarista dos Estudantes de Santa Cruz - USE;o Sindicato dos Trabalhadores em educação - Sinte-RN;o sindicato dos Bancários do RN;Wilson Bezerra Cavalcante - comerciante e líder do Bairro do Paraiso; Componentes da Companhia Teatral Arte Viva; e o povo. Nesta luta as participações especiais: Monsenhor Expedito - O Profeta das águas e Monsenhor Raimundo, além de uma grande participação de Hugo Tavares que sempre se fez presente nas ações e atividades realizadas pelo "Movimento água para todos". Monsenhor Raimundo,na época, com 32 anos de exercício sacerdotal na Paróquia de Santa Rita de Cássia empenhou-se com o Movimento "ADUTORA SIM, VOTO SIM; ADUTORA NÃO, VOTO NÃO" cujo objetivo era pregar o voto nulo nas eleições de 03.10.1998 - Governador, Senador, Deputado Estadual e Federal - se até 02.10.1998 o Sistema Adutor Agreste - Trairi - Potengi não fosse inaugurado em Santa Cruz - RN. Esta campanha foi desenvolvida da seguinte forma: por ocasião das missa em que atuava como Presidente da Celebração, Monsenhor Raimundo abria um espaço para informar em que situação se encontrava o projeto e alertava para o fato de que se o seu objetivo final não fosse atingido, deveriam todos optar pelo voto nulo. Outras estratégias utilizadas nessa campanha foram: o espaço da Rádio AM Santa Cruz quando das realizações de missas transmitidas e aposição na torre da Matriz de Santa Rita de Cássia de uma grande faixa branca com as letras azuis, enfatizando o tema do movimento. Essa faixa só foi retirada quando ocorreu a inauguração da Adutora. E muito se lutou - uns contra, outros a favor - mas o povo venceu e, no dia 30 de setembro de 1998, na presença de uma grande multidão, de auotridades políticas e eclesiais, a Adutora Monsenhor Expedito foi inaugurada. Portanto, o motivo deste tão grande comentário é para fortalecer o escrito por Professor Nailson: 1) pela luta da implantação do Projeto Adutor em Santa Cruz e por muitos outros fatos esta poesia à Monsenhor Raimundo é uma justa homenagem jamais será de cunho encumiástico. 2) O POVO, a participação popular ao longo de todo o processo da implantação das adutoras no RN foi fundamental para que ele se concretizasse, se este projeto tem um pai, reafirmo que esta paternidade é do POVO.
FRANCISCA JOSENI DOS SANTOS - PROFESSORA - Especialista em Identidade Regional - A Questão Nordeste; Especialista em Psicopedagogia; Especializanda em Gestão Escolar; e POVO.
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Caríssima Profª Joseni, quanta honra ter um texto comentado por Vossa Senhoria. Citei, num texto enviado, na época, para um jornal da capital, esses soldados guerreiros, destacados por você e que muito bem representou o povo. Com relação à ênfase dada por mim ao Mons. Raimundo, digo-lhe que esse brilhante pároco nunca se metera em questões sociais, não era dado às excelentes adaptações da palavra de Deus ao discurso politicamente correto em suas evangelizações, tão necessárias àqueles nossos dias de lutas outras, ao contrário de Mons. Expedito, por exemplo, que era mais povão e seu discurso muito agradava às nossas lutas. Mons. Raimundo era carrancudo, muito sério, e, às vezes, ríspido em suas ações. Por isso mesmo era, não só respeitado como temido pela alta cúpula da Igreja do RN. Indicado para ser Bispo, certa vez, ele não só não aceitou como também decidiu que não sairia de Santa Cruz. Digo-lhe que o mundo da política e dos políticos o respeitavam muito. Agora você imagine só um homem com essa postura tradicional, beirando ao reaça, de repente toma partido de uma causa popular! Os reaças de plantão ficaram atônitos com aquela posição milagrosamente repentina. Todos fomos importantes nessa conquista, mas tenho a impressão de que se Raimundo num entra nessa batalha, sei não, acho que ainda estávamos fazendo reuniões. Ou não! O importante é que estamos contando essa história, não é? Um grande abraço!
ResponderExcluirSó corrigindo a flexão verbal em "... e que muito bem representARAM o povo."
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