terça-feira, 21 de junho de 2011

INVERSO - Rita Luna


O poema abaixo foi extraído do livro LITERATURA SANTACRUZENSE, obra inédita da autoria de Nailson Costa. A brilhante análise é da autoria do próprio Nailson e consta na obra.


"O poema Inverso é o retrato em verso da desesperança e do definhamento do brasileiro
marginalizado pelo descaso dos dirigentes da nação e fotografado pela poesia marginal de
Rita Luna:

De olhos vendados, o pobre empobrece!
Procura trabalho, encontra exploração
Procura a terra, encontra a violência
Procura justiça, encontra impunidade
Procura político encontra corrupto
Procura educação, encontra descaso
Procura libertação, encontra drogas
Procura ajuda, encontra desprezo
Procura teto, encontra o mocamo
Procura amor, encontra AIDS
Procura saúde, encontra caos
Procura valores morais
Encontra a degradação
Procura pela paz,
Encontra a dor
Procura a vida
Encontra a morte
Pra sua sorte
O que valeu
Sem amar?
Nada
Na
Da
Ar
A.



Ainda a respeito da poesia anterior, poderíamos interpretar a imagem criada de
diversas formas, tais como um cálice (o sangue de Jesus Cristo e o do homem sofrido encontram-se no mesmo cálice), redemoinho (a cidadania do homem é tratada pelas elites de maneira abruta), pirâmide ao inverso (as muitas desesperanças levam ao nada) ou ainda um apontar com dedo para o chão (as elites dominantes mostrando o chão como o lugar do pobre). São apenas sugestões de interpretações. Crie a sua poesia para esse poema."

- José Nailson de Medeiros Costa

Um comentário:

  1. Nailson,

    Poema contundente de nossa poeta Rita Luna (seus textos são bem-vindos a esse espaço!), no qual nos vemos retratados por sermos brasileiros (e nordestinos) e presenciarmos tantas dores que afligem nossos irmãos.

    As interpretações dadas por você são excelentes. Eu não tinha percebido as tantas figuras simbólicas do poema mencionadas por você.

    Teixeirinha

    ResponderExcluir

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”