DO LIVRO PARA O CINEMA, PEDRO PÁRAMO, DE JUAN RULFO
A adaptação cinematográfica, feita em 2024 pela Netflix, do famoso
romance "Pedro Páramo", de Juan Rulfo, é digna de elogios.
Lançado em 1955, o livro é uma obra-prima do
realismo mágico e tornou-se um divisor de águas na literatura latino-americana.
Influenciou Gabriel García Márquez, Mário Vargas Llosa, Jorge Luís Borges,
Carlos Fuentes e diversos outros expoentes da escrita literária.
No livro, Rulfo se vale de uma narrativa
fragmentada, transitando entre o presente e o passado, dando ênfase ao caráter surreal e psicológico da trama. É preciso juntar cuidadosamente as
peças e tentar montar o quebra-cabeça.
No filme, o diretor Rodrigo Prieto manteve a
essência da narrativa, a aura da obra adaptada, a atmosfera pesada e quase sufocante, mas optou por uma abordagem mais linear em certos
aspectos, conservando o tom de realismo mágico e os temas principais.
Percebe-se respeito e reverência pela obra adaptada, bem como a intenção de
tornar mais compreensivo o conteúdo adaptado.
Excelentes atores e atrizes! Cenários magníficos. A
poesia e o mistério fluem do começo ao fim.
Confesso-lhes que não esperava muito dessa
adaptação. Pensava no desafio que significaria transpor para o cinema uma história com tantas camadas, tão complexa, mas o
êxito foi inegável, embora de modo algum tenha esgotado o texto em que se baseou. O filme foi conduzido por pessoas que de fato parecem conhecer
a fundo e amar a obra de Juan Rulfo.
O livro e o filme têm algo em comum: um provoca o desejo
de conhecer o outro. Além disso, tanto o livro quanto a adaptação despertam o
desejo e a necessidade de serem revistos.
Nota dez.
Gilberto Cardoso dos Santos
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