CALCULANDO O INCALCULÁVEL
Na moldura do vazio, os ânimos alterados são varridos por vendavais que, entre os neurônios, desfilam com seus sublimes sentimentos.
No edifício onde estão instalados os quereres e as respectivas decepções, armadilhas inconscientes são protegidas pela inocência. Não existem pessimistas nem otimistas, todos foram descartados na manhã seguinte ao esquecimento.
O luxo de ter o próprio desejo realizado passa pela persistência em plantar a semente germinadora da esperança junto à felicidade, ao contrário, plantá-la-á junto à inveja nos campos férteis do egoísmo.
Mais adiante, os sonhos reivindicam sua sexualidade assobiando para a ilusão, mas os encontros deixam de existir até nos pesadelos.
É lá no poço sem fundo que tudo é jogado com o objetivo de nunca mais a escuridão alcançar o discernimento. Devido ao vento trespassando o pensamento, as ideias esfarrapadas ficam a mercê do palavreado ensaiado.
O horror respira ofegante depois que experimenta olhar para os seios levemente empinados pela corda invisível da juventude. A revolução secreta do desejo irrefreado corre em desespero para a crença de que os corpos se atraem de forma predestinada. Nesse centro da espiral provocante pela burrice dos hormônios, preocupava-se com o desenrolar da serpente sedutora na hora de medir a supremacia do ciúme no laço do olhar.
O juramento foi escrito com letras de aço condenando a morte a ter vida, e nessa altura da discussão entra o fator de não querer nem uma, nem outra, opta-se pela coluna intermediária vegetativa. Pensa como se maluco fosse e lhe vem que a biblioteca é uma galinha chocando livros, e os pintinhos são ideias voando por cabeças de leitores que se permitem.
O passado não quer ficar esquecido, prefere atualizar-se, juntamente, com o presente, para causar danos. A importância de manter-se no presente faz desse ex-promissor algo comparado à pedra no sapato. São histórias recontadas à exaustão, e, enquanto a corrente do lenga-lenga não se partir, alguém procurará mantê-la blindada contra a ferrugem do tédio.
Acredita que o polimento natural das ideias, cria um leque de oportunidades influenciadoras igual a um agricultor ao escolher os melhores grãos para o plantio utilizando o adubo da inteligência.
Enraiva-se com ele mesmo por não conseguir deixar de alimentar os inimigos com possíveis variações do ódio, e por isso se autodenomina portador da doença crônica chamada de burrice aguda.
Não quer ficar “dando asas” a essa doença, o que quer mesmo é se preocupar apenas com o encaixe dos neurônios em busca de soluções plausíveis, o que não é fácil. Já está cansado de optar por decisões tomadas de fora para dentro e, consequentemente, colecionar decepções.
Tomou remédios para extinguir seus traumas, por conseguinte, ao acordar, deu-se conta que eles haviam se potencializados.
Assistindo ao espetáculo das dúvidas, ele segue o roteiro escrito nas páginas da própria vivência, e não adianta dizer que não é influenciado. Sua vida está alicerçada em um cabedal de informações registradas pelo próprio cotidiano e manipuladas por estranhos.
O poder de se abster em relação a assuntos banais, é um dos maiores poderes adquiridos depois de certa maturidade, declara ao usar os problemas a seu favor.
Saudades do tempo em que havia uma fera para lhe proteger, agora, tem que lutar sozinho dentro dessa outra placenta onde o de menos é a nicotina, chutes, sol, chuva, fome, frio, fumaça.... fumaça... fumaça... fumaça...
Heraldo Lins Marinho Dantas
Natal/RN, 17.08.2022 — 16:17
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