PRA FRENTEX - Heraldo Lins

 PRA FRENTEX

Esplêndida é uma mulher bem-humorada, educada, vem daí esse apelido. Está noiva de Roberval há apenas dois meses, e já o pegou beijando sua irmã, Ana Clara, por várias vezes. No início, eles faziam escondidos, porém, depois que Esplêndida autorizou, passaram a fazer na vista. Na primeira ocasião, Esplêndida ficou contente por Roberval demonstrar que não era gay, e isso dava a ela a certeza de se darem bem na cama, porque soube, através das suas amigas de baladas, que o bicho homem estava sendo artigo de luxo em extinção, e que ela o agarrasse, com seus atrativos exuberantes, Roberval, mulherengo conhecido na região. 

A três meses do casamento, Ana Clara anunciou a Esplêndida que estava grávida de Roberval. Que coisa maravilhosa, disse Esplêndida, só agora sei que ele, além de ter uma libido acima da média, é capaz de gerar filhos. Espero, irmãzinha, que você não nos abandone depois que me casar com ele, disse Esplêndida. Preciso de você para aliviar Roberval quando eu estiver com dor de cabeça. Pode deixar, minha irmã, irei com você até na lua de mel, se você deixar. Com certeza deixarei, mesmo sabendo que irás estar com um barrigão, mas, acredito, será bem divertido pelos comentários que surgirão. 

Aqui na cidade já estão me censurando por aceitar esse triângulo amoroso, continuou Esplêndida. Se você ficar com ele sem que eu participe, irá ter prejuízo, pois com aquele dote, é bom reversarmos, inclusive, acho que quando nossa irmã Clarinha se tornar mulher, Roberval também vai querer ela. Seremos três para um, tudo em família sem sacrifícios por excesso de uso. 

No momento do casamento, foi Ana Clara que entrou com Roberval no salão cerimonial, para depois Esplêndida chegar ao altar improvisado, montada em um jumento. As pessoas foram ver e conversaram baixinho sobre aquela disparidade. Ninguém conhecia o padre de máscara, desconfiaram até que fosse o filho de tia Amália que trabalha no teatro da capital, mas certeza mesmo, nunca tiveram, já que o padre não esperou pelo final da festa, sumindo apressado dos curiosos.

A lua de mel transcorreu sem maiores novidades. Esplêndida não era só o apelido pela sua bondade no trato com as pessoas, ela também demonstrou ser esplêndida no escurinho do quarto. 

No décimo dia de cruzeiro, Roberval já não tinha tanta disposição quanto sua fama. Dava Graças a Deus quando amanhecia o dia para tomar o café da manhã com muita proteína.

Vendo que precisava ter um pouco de descanso, Roberval interpelou seu primo Moacir sobre a possibilidade de ele ir à noite para a sua cabine. Moacir, jovem solteiro, queria conhecer um cruzeiro, e, por isso, estava ali acompanhando seu primo.

Este é Moacir, disse Roberval no jantar, anunciando às duas irmãs a mudança na rotina. Esplêndida e Ana Clara bateram palmas. Ficaram excitadíssimas em saber a novidade que Roberval havia prometido durante o almoço. Levantaram-se e beijaram Moacir, ali mesmo. Saíram para a cabine deixando Roberval terminando o jantar. Esplêndida demonstrou muito entusiasmo por Moacir, entretanto, ele sentia um pouco mais por Ana Clara, mesmo assim, não a rejeitou, pelo contrário, deu com força.

Ao voltar para a sua cabine, Moacir encontrou Roberval se divertindo com Alana, sua namorada, motivo pelo qual o fez regressar para onde estavam Esplêndida e Ana, passando os cinco dias restantes da lua de mel em companhia das duas.  

De volta à terra firme, quinze dias depois, Ana casou-se com Moacir e passaram a criar juntos o filho de Roberval.

Nove meses se passaram desde o cruzeiro, quando Esplêndida teve uma filha, colocando o apelido de Aventura. O tempo passou, os filhos das irmãs cresceram, e descobriu-se no DNA de aventura a paternidade de Moacir. 

Não houve nenhum problema psicológico entre filhos e pais, tendo em vista que foram criados juntos e misturados o tempo todo. Quanto a Alana, permanece sendo namorada acoplada de Clarinha, dia sim, dia não, afinal, alguém precisa ter um pouco de pudor nessa família.

Heraldo Lins Marinho Dantas

Natal/RN, 24 O4.2022 - 09:09