sábado, 27 de fevereiro de 2021

BROCO, QUEIMO, ARO E PLANTO TRATO, COLHO E ME ALIMENTO - Poeta Daxinha



BROCO, QUEIMO, ARO E PLANTO
TRATO, COLHO E ME ALIMENTO

I

O pão que a gente desfruta

Vem do suor do meu rosto

Muitas vezes o sol já posto

Ainda estou lá na gruta

Derribando a mata bruta

E fazendo o planejamento

Pra ver se meu rendimento

De alguma forma eu garanto

BROCO, QUEIMO, ARO E PLANTO

TRATO, COLHO E ME ALIMENTO.

II

Derribo a mata em setembro

Encoivaro em outubro

Com as galhas finas cubro

Pra botar fogo em novembro

Depois que passa dezembro

Fico esperando o momento

Vem a mudança do vento

Leva as nuvens a outro canto

BROCO, QUEIMO, ARO E PLANTO

TRATO, COLHO E ME ALIMENTO.

III

Me criei sempre lutando

O trabalho é terapia

Para mim é alegria

Ver meu suor derramando

O sol ardente queimando

Que dá pra ficar cinzento

De qualquer forma eu aguento

Com nada disso eu me espanto

BROCO, QUEIMO, ARO E PLANTO

TRATO, COLHO E ME ALIMENTO.

IV

O caboclo nordestino

Que vive assim como eu vivo

Dá pra achar o motivo

De culpar o seu destino

Eu nunca me desatino

Nem sinto arrependimento

Para ganhar meu sustento

Tenho trabalhado tanto

BROCO, QUEIMO, ARO E PLANTO

TRATO, COLHO E ME ALIMENTO.

V

Acho até que sou feliz

Por alimentar meus planos

Durante anos e anos

Sempre alguma coisa eu fiz

Se a Bíblia Sagrada diz

Que a fé é alimento

O Pai, lá do firmamento,

Diz: Trabalhe que eu garanto

BROCO, QUEIMO, ARO E PLANTO

TRATO, COLHO E ME ALIMENTO.


Autor: JOSELITO FONSECA DE MACEDO, vulgo, DAXINHA.

11/08/2003

JOSELITO FONSECA DE MACEDO, mais conhecido como poeta Daxinha, nasceu em Cuité/PB, em 14/08/1938. Filho de José Adelino de Macedo e Maria Marieta da Fonseca, nasceu na zona rural de Cuité, mais precisamente no Sítio Boa Vista do Cais, popularmente conhecido como Sítio Pelado. Aos 20 anos, viajou para os estados de Minas Gerais e Goiás, onde trabalhou como agricultor e vaqueiro. Mas foi no estado de São Paulo que se fixou, trabalhando como metalúrgico nas principais usinas siderúrgicas da região do ABC paulista. Retorna à Paraíba em 1985, retomando suas funções de agricultor. Sempre gostou de poesia, sobretudo, do gênero cordel no qual, ainda menino, já escrevia seus primeiros versos. O retorno a Cuité aproximou-o ainda mais de suas raízes, fazendo-o mergulhar com mais fervor no mundo da poesia. Sempre convidado a se apresentar em eventos culturais da cidade, seus versos focavam, principalmente, no cotidiano das pessoas simples – como ele mesmo o era. Tem como obras publicadas um CD de poesias intitulado: “Poeta Daxinha – Um Amante da Poesia”, o cordel “O batente de pau do casarão” e uma participação póstuma no livro “APOESC em Prosa e Verso”, do também poeta Gilberto Cardoso dos Santos. Casado, pai, avô e bisavô, o poeta Daxinha faleceu em 04/05/2016, em Campina Grande/PB, vítima de insuficiência cardiorrespiratória. (Jaci Azevedo, filha)

Um comentário:

  1. Eita, poeta Daxinha...
    Saudades eternas; lições, idem...
    Obrigada pelo espaço, Gilberto!!

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