segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

LIÇÕES DE VIDA - Diogenes da Cunha Lima



 

 Diogenes ao lado de Dorian Gray


LIÇÕES DE VIDA

Diogenes da Cunha Lima

 

         Só se aprende com os outros. Por ser única no mundo, cada pessoa tem alguma coisa a ensinar. E nunca deixamos de ter alguma coisa a aprender. Tive o privilégio de conviver com personalidades invulgares. Elas são a parte significativa do que sei e do que sou.

Meu pai nos ensinou a merecer respeito. Quer dizer: não somente ser respeitado, mas ter qualidade para merecer. Para as relações humanas: nunca podemos abandonar o vencido. Otimista, ele recomendava a conservar o sorriso, porque as dificuldades são passageiras. Com a minha mãe, aprendi que a vida é prática e requer diligência. Guardo do meu avô, Francisco Targino Pessoa, a orientação para que, quando estiver irritado, baixe a voz, diminua o tom.

Viver é frequentar a Escola da vida, com aprendizagem permanente.

Cascudo, que tudo me ensinou, era um estudioso.

Das mil coisas que Câmara Cascudo ministrou, destaco a “intriga do bem”. Há muitas pessoas para fazer a intriga do mal, mas tecer o bem entre as pessoas é essencial.

Perguntei a Anália, velha criada de Cascudo, sobre o sábio, se ele era culto, preparado. A resposta: “Para o senhor eu não vou negar, não. Doutor Luís não é preparado, estuda a noite inteirinha...”

Dinarte Mariz orientou: “Quando você vir uma pessoa má ficar boazinha, vá atrás que ela está pior do que nunca. Quando você vir uma pessoa decente ser acusada, a culpa é do acusador”. Perguntei-lhe o que pertence ao homem. Respondeu-me: “A única coisa que verdadeiramente pertence ao homem é a sua solidão”. O Mestre Seabra Fagundes provou-me que a advocacia exige máxima lealdade e há nobreza na profissão de advogado. Por seu lado, Djalma Marinho advertiu que há necessariamente uma hierarquia das lealdades. Onofre Lopes ensinou o poder da vontade e que administrar é fazer muito com o pouco.

Dom Nivaldo Monte descobriu que o catolicismo é religião alegre enquanto a “Salve Rainha” é uma oração triste: “Onde já se viu louvar Nossa Senhora dizendo gemendo e chorando neste vale de lágrimas?”.

Sou grato a todos estes. Talvez tenha escrito biografias para demonstrar essa gratidão.

Sou devedor de muita gente. Dos amigos Luis Carlos Guimarães, Zila Mamede, Gilberto Avelino, Myriam Coeli, Sanderson Negreiros, Newton Navarro, Dorian Gray, Veríssimo de Melo, Nilson Patriota, Oriano de Almeida. Todos me provaram que a poesia não é apenas necessária, é imprescindível.

O homem sabe que mulher é fonte de conhecimento. Um saber intuitivo, difuso, singular, não inteiramente perceptível pelas pessoas do gênero masculino. Jamais pagarei a dívida contraída com mulheres. Um mantra para o homem: Sorriso beijado tem que continuar a florir.

É tão breve a vida e tão longa a pauta de aprender!

 


Diógenes da Cunha Lima (poeta, prosador e compositor) é advogado e presidente da ANL (Academia Norte-rio-grandense de Letras). Alguns de seus livros: “Câmara Cascudo - Um Brasileiro Feliz”, “Instrumento Dúctil”, “Corpo Breve”, “Os Pássaros da Memória”; “Livro das Respostas” (em face do “Libro de las preguntas”, de Pablo Neruda); “A Memória das Cores”; “Memória das Águas”; “O Magnífico”; “A Avó e o Disco Voador” (infantil). 

Foi Presidente da FJA, Secretário de Estado; Consultor Geral do Estado; Reitor da UFRN; Presidente do CRUB. Atualmente, dirige o seu Escritório de Advocacia e preside a ANL (Academia de Letras). Alguns de seus livros: “Câmara Cascudo - Um Brasileiro Feliz”, “Instrumento Dúctil”, “Corpo Breve”, “Os Pássaros da Memória”; “Livro das Respostas” (em face do “Libro de las preguntas”, de Pablo Neruda); “A Memória das Cores”; “Memória das Águas”; “O Magnífico”; “A Avó e o Disco Voador” (infantil).

 

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