quinta-feira, 16 de março de 2017

12 POEMAS DE ORENY E ENTREVISTA










2
atraca a catraia

neste pier ribeirinho
auscultando o eco do mar
nas conchas dos mariscos
atraca a catraia
as cordas envoltas
seguram as cascas de nozes
de reis pescadores
atraca a catraia
avoadores ressecados
são estendidos no varal
refrigerando o sabor a céu aberto
atraca a catraia

3

barquinhos com cascos de papéis
velejam no meu maremoto
tanto óxido de ferro amarelecido
cardumes voando barco adentro
festejando ceias com fantasmas em férias
piratas de uma tal odisseia
submergindo ao pão com sopa
tilinto colher em forma de remo
dirigível com a bússola anti-horário

4
diante dos circos sem risos
e dos pães sem trigo
a corte distribui pílulas
com sabores distópicos

5
o tempo está sublinhado
como se a tecla travasse
a alma presa por si ao corpo
onde jaz sem partir 
sublinhado ao egoísmo
quando diz ainda me deves
e o preço é estar sublinhado
sem sombras
num céu de infelizes
o olhar sublinhado
no tempo de dentes
de porcelanas

6
nus e crus
com o céu do palato
em sombrias nuvens
a língua se queixa 
com herpes de estrelas vivas
num desaguçado sabor em braile
tateando o escuro imaginário
das promessas que fizestes
dizendo seres águas marinhas azuis

7
eggs goro
perus agourentos
ninhadas chulas
chiqueiros com mau cheiro
quintais lodosos

8
sol zunindo
no dorso curvo da lavadeira
que ensaboa e quara
o lençol de saco de açúcar
cantando sertaneja

9
reprimidas as enlatadas sardinhas
sorriem sem cabeças
deprimidas as vísceras
choram com o mau humor
dos recomendados chás em sachês
por falta de infusão

10
mares sintéticos
não criam algas
só tsunamis
e arranha-céus de solidão

11
a sete chaves
guardo meus macróbios
que irão me degustar
sob hipocrisias
eles são hilários
já me provam em vida

12
confabulando
cá com meus botões
esmiúço não segredos
casas escancaradas
porta da frente
vazando na porta do fundo
e os fantasmas afugentando-se
quintais afora

Adquira o livro Fórceps, de sua autoria


BIOGRAFIA
Oreny Pires de Souza Júnior, 54 anos, nascido em Natal/RN, no bairro do Alecrim, convivido neste bairro até os 07 anos de idade, posteriormente mudando-se para o bairro de Cidade da Esperança, onde criou-se, convivido até os 35 anos de idade, sem perder o vínculo com a Cidade da Esperança, mudando-se em seguida para a cidade de Parnamirim, onde reside até hoje. Escreve desde os 18 anos de idade, amante da literatura. O primeiro livro que leu foi Vidas Secas, de Graciliano Ramos, em seguida Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Amante da literatura e da poesia. Estreou com livro impresso em 2016, com o lançamento de FÓRCEPS. Admirador do concretismo, onde muitas vezes se inspira para a construção dos seus poemas.

ENTREVISTA
SELMO VASCONCELLOS - Quais as suas atividades além de escrever?

ORENY JÚNIOR – A minha atividade além de escrever é ler, ler é uma obrigação, um dos princípios básicos.
SELMO VASCONCELLOS - Como surgiu seu interesse literário?

ORENY JÚNIOR – Meu interesse literário surgiu sem eu perceber, quando eu acordei, eu já estava entranhado nesse mundo louco e apaixonado que é a literatura. Escrevo desde os meus 18 anos, admirador do concretismo e no momento atual, lendo e montando um acervo da literatura potiguar.
SELMO VASCONCELLOS - Quantos e quais os seus livros publicados?

ORENY JÚNIOR – Somente 01 (hum) livro publicado, FÓRCEPS, ano 2016, editora Sarau das Letras, Natal/RN.
SELMO VASCONCELLOS - Qual (is) o (s) impacto (s) que propicia (m) atmosfera (s) capaz (es) de produzir poesias?

ORENY JÚNIOR – As atmosferas surgem de repente do nada exigindo um tudo, real, fictício, minimalista, abraçando muitas vezes os fantasmas que aparecem sem convites.
SELMO VASCONCELLOS - Quais os escritores que você admira?

ORENY JÚNIOR – James Joyce, José Saramago, Júlio Cortázar, Gabriel Garcia Marquez, Câmara Cascudo, Manoel Onofre Júnior, José Mauro de Vasconcelos.
SELMO VASCONCELLOS - Qual mensagem de incentivo você daria para os novos poetas?

ORENY JÚNIOR – Novos poetas, leiam, leiam, leiam. Na percepção do poema, abrace-o em nome da literatura, sempre apaixonante, irradiante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”