AS APARÊNCIAS ENGANAM
Professor
Ismael André
Aquele grupo de
amigos da universidade já tinha discutido todas as temáticas possíveis em uso
na sociedade atual, porém, em meio ao respeito à diversidade de ideias, naquele
dia, sucumbiram detalhes na discussão sobre o conceito moderno de família.
Afinal, aquele grupo era eclético, principalmente, religiosamente falando,
doeria no pesar das discussões.
- Para mim, o conceito de família é o núcleo
formado a partir da união entre homem e mulher – afirmou um amigo, de essência
e defensor da sociedade patriarcal.
O outro amigo refutou:
- Que nada, o conceito de família passou a ser baseado
mais no afeto do que apenas em relações de sangue, parentesco ou casamento.
Daí, podemos concluir que família de homem com homem, mulher com mulher, é
aceitável socialmente.
As discussões
continuaram. E naquele dia, me parece que tudo ocorreria sincronicamente:
temática discutida com realidade vivenciada.
Seguiram para o
almoço, os cinco amigos: Jó Maranhão, Gil Cruz, Renovaldo, Frantenor e
Gerlumede.
Dois deles, Renovaldo
e Gil Cruz, sempre foram considerados os mais chegados na amizade, amigos
inseparáveis desde que se conheceram nos primeiros momentos da universidade.
Renovaldo, homem sóbrio, respeitado, mas com certo nível de gracejador. Sempre
contido. Gil Cruz, um baita cara genial, inventivo, talentoso, extremamente
brincalhão. Tão astuto, que muitas vezes excedia sua genialidade. Um homem de
natureza poética.
Ao entrarem no
restaurante, todos se direcionaram a fila do almoço, de forma particular, os
amigos inseparáveis seguiram lado a lado fazendo seus pratos. Entre muitos
sorrisos e papos trocados, todos iam aos poucos se contentando nos seus afagos
e contendo a verborragia.
A frente dos amigos,
arrumava seus pratos um casal, uma bela senhora de sorriso meigo, cabelos
lisos, olhos castanhos e seu esposo, um senhor bem humorado, elegante.
Se dirigindo para
pesar os pratos e efetuar o pagamento, a moça que estava no caixa pergunta ao
casal:
- Posso pôr juntos os
valores?
- Pode sim – disse
aquela senhora num ato de complacência e felicidade.
Os amigos Renovaldo e
Gil Cruz eram os próximos a pesar seus pratos e trocavam entre si boas
conversas, sorrisos, afagos de bons e verdadeiros amigos.
Quando Renovaldo se
aproximou do balcão, a moça perguntou:
- Posso pôr juntos os
valores?
- Como assim juntos?
– Indagou, ressabiado, Renovaldo.
- Os senhores, não é
um casal?
- Que história de
casal, moça? Sou um homem de respeito, onde já se viu isso? – e continuou o
discurso de indignação.
- Mil desculpas,
senhor! É que com o novo conceito de família, eu achei...
- Eu achei, nada! A
senhorita tenha mais cuidado nos seus achismos. Que situação!!!...
Os demais amigos,
assistindo o episódio, riram naquele momento. Depois refletiram que por mais
eclético que alguém afirme, sempre é desagradável aceitar uma conveniência
alheia, embora a respeite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”