quarta-feira, 29 de julho de 2015

SETE LIVROS DE AFORISMOS - Zé da Luz

Pequena amostra de meus aforismos (e desaforismos!)
São sete livros de aforismos (frases, pensamentos, fragmentos). - José da Luz


1.   GRAVETOS E VEREDAS (1990)

Tudo que escrevo faço-o por uma finalidade. É óbvio não poder agradar a todos. Mas, qual o pescador que lançando a rede ao mar e, ao suspendê-la, vê que pescou peixes grandes e pequenos, e, ignorando o tamanho de seu barco, jogará fora os peixes pequenos?
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Não é surrando o boi que ele arrastará o arado continuadamente, mas alimentando-o bem.
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Mesmo curvado, todo homem caminha para o alto.
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Aquele que não tem dúvidas, não caminha muito tempo com a verdade.
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Lançada a semente ao solo, esta floresce; os homens, lançados ao chão, nem sempre se renovam.
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2.   MARAVALHAS ARDENTES (1993)

Quem não vive seu tempo a cada idade, perde o tempo e a felicidade.
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Quando se acende uma fogueira, ilumina-se a escuridão e se aquece os que estão a seu redor, embora haja sempre alguém a irritar-se com a fumaça.
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O bajulador de hoje se transforma compulsivamente no debochador de amanhã.
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Honestidade não se adquire com decretos. Nem se pratica com promessas. Nem se comprova com discursos.
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De tanto viver entre asnos, a raposa finda comendo capim.
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3.   GRÃOS DE AREIA (INÉDITO)

     O perdão é o amor em exercício.
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     Se você quer captar os sinais de Deus, seja verdadeiramente uma antena da humildade.
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     As nuvens são cheias e leves, os homens são vazios e pesados.
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     Há políticos que burilam o verbo com o único objetivo de burlar a verba.
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     Há um pouco de Cristo e um excesso de Judas em cada homem.
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4.   MEANDROS E MELINDRES (INÉDITO) Já tem o prefácio escrito por prof. Marinho

Uma guerra começa com palavras e termina com palavras.
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País sem lei e sem leitura, assim nascem as ditaduras.
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O regime político democrático, associado ao modelo econômico capitalista, constrói um paradigma excludente: individualiza as liberdades, mas elitiza as oportunidades e populariza as responsabilidades.
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O voto é o mais poderoso politicida.
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Não quero um futuro entre muros, nem com olhos cheios de medo; não quero caminhos escuros, nem sussurros de segredo.
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5.   ALGARAVIAS LINGUÍSTICAS (INÉDITO)

A palavra é o instrumento ímpar de toda cultura, de toda civilização, por ser o mais seguro meio de contato e intercâmbio entre os homens: ela rompe o círculo encantado da solidão que os aprisiona.
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Eu escolho as palavras e compartilho os sentidos: a linguagem é uma ponte que me leva ao outro e/ou traz o outro até mim.
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Não se pode abnegar o papel do trabalho com o funcionamento do sistema linguístico, pois sem a engenharia de fixação de dormentes, planificação do solo, estudo de declives e graus de elevação, temperatura e resistência, tudo isso inviabilizaria a sustentação dos trilhos (estrutura), sem a qual o trem (discurso) não partiria da estação (falante/autor) e não chegaria a destino algum (ouvinte/leitor).
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Sem o talento da palavra, o parlamentar, o pregador, o professor e o poeta não visitam o céu nem fogem do inferno.
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Uma cidade é um texto polifônico. As ruas são alinhamentos de frases. As casas são conjuntos de palavras. E as pessoas são átomos verbais vivos, que habitam e interagem neste universo sociocultural, construído e mediado pela linguagem.
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6.   BAÚ DE MILACRIAS (INÉDITO)

A língua é como um avião: tem a primeira classe, a classe executiva e a classe econômica. Todas são diferentes, mas todos estão juntos no mesmo voo. Sob o signo da mesma sorte. A morte ensina a mesma gramática, eternamente.
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CNVC – Carteira Nacional de Vergonha na Cara
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A norma não orna o poema.
A regra nega asas ao verso.
A norma ordena o passo.
A regra quebra o compasso.

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GRAMÁTICA DA DEMISSÃO NO SERVIÇO PÚBLICO

Comentário > Sugestão > Opinião > Orientação > Aviso > Conselho > Advertência > Suspensão > Exoneração > Aposentadoria

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Como diz o bom sertanejo: o poeta é um fio de Deus.
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7.   PASSE DE CRAQUE, PASSE DE LETRA (INÉDITO)

O craque sabe que quanto mais rápido brilha o talento, mais rápido ele se extingue.
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O craque não nasce feito. Como diamante em estado bruto, ele vai se lapidando no percurso de sua carreira.
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O craque fala com prudência, pois sabe que quanto menos palavras, menos boatos e intrigas.
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Um campeonato é uma guerra longa e um jogo é apenas uma batalha; não use, pois, todas as suas armas potenciais numa única partida. A menos que seja a partida decisiva, final.
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O craque tem consciência do grau de responsabilidade pessoal, da equipe, do técnico. Não faz corpo mole. Não afronta a torcida. Não joga contra seu próprio time.
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Um comentário:

  1. Muito grato por nos brindar com essa seleção, Zé! Pensamentos dignos de muita reflexão.

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