quarta-feira, 3 de setembro de 2014

VOU CHORAR ASSISTINDO CANTORIA, RECORDANDO JOÃO PARAIBANO



(Marciano Medeiros)

O Nordeste gemeu com a notícia
Da partida do gênio cultural,
Homem simples, bondoso e sem igual,
Nunca soube na vida o que é malícia.
O destino mostrou muita imperícia
Parecendo um fantasma desumano,
Massacrou o poeta veterano,
Nosso povo sofreu tendo agonia:
Vou chorar assistindo cantoria,
Recordando João Paraibano.

Ao cantar relembrou de Virgolino,
Andarilho e guerreiro do sertão,
Era o grande e temível Lampião,
Um terror para o povo nordestino.
João mostrou o famoso campesino
Que lutou num período desumano,
Descreveu tendo estilo soberano,
O querido parceiro de Maria:
Vou chorar assistindo cantoria,
Recordando João Paraibano.

Gerou pranto e saudade tormentosa
Nas veredas do solo sertanejo,
Quem irá descrever o relampejo
De maneira tão linda e vigorosa?
Acabou sua voz melodiosa,
Após tombo no chão pernambucano,
Começou o terrível desengano,
Destruindo o jardim da alegria:
Vou chorar assistindo cantoria,
Recordando João Paraibano.

Escutei o poeta sem rival
Cantar seu repente desmedido,
Formulando improviso comovido,
Numa noite bucólica de Natal.
Severino Dionísio é outro igual,
Nessa terra cantaram sem ter plano.
Foi gerado trabalho sobre-humano,
Num evento sem guerra e sem porfia:
Vou chorar assistindo cantoria,
Recordando João Paraibano.


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