Todo
enamorar-se, por mais etéreo que possa parecer, enraíza-se unicamente no
impulso sexual, e é apenas um impulso sexual mais bem determinado, mais bem especializado
e mais bem individualizado no sentido rigoroso do termo[...] É ele a meta final de
quase todo esforço humano, exercendo influência prejudicial nos mais importantes
casos, interrompendo a toda hora as mais sérias ocupações, às vezes pondo em confusão
por momentos até mesmo as maiores cabeças, não se intimidando de se
intrometer e atrapalhar, com suas
bagatelas, as negociações dos homens de Estado e as investigações dos sábios, conseguindo
inserir seus bilhetes de amor e suas madeixas até nas pastas ministeriais e nos
manuscritos filosóficos, urdindo diariamente as piores e mais intrincadas disputas,
rompendo as relações mais valiosas, desfazendo os laços mais estreitos, às
vezes tomando por vítima a vida, ou a saúde, às vezes a riqueza, a posição e a
felicidade, sim, fazendo mesmo do outrora honesto um inescrupuloso, do até
então leal um traidor, entrando em cena, assim, em toda parte como um demônio
hostil, que a tudo se empenha por subverter, confundir e pôr abaixo. [...]
Que esta criança determinada seja procriada, eis
o verdadeiro fim de todo romance de amor, apesar de ser inconsciente para seus participantes. - A. Schopenhauer
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