Gilberto,
lendo este seu cordel, desfila nos meus pensamentos os muitos preconceitos pelos quais passei por morar no Bairro Paraiso – Santa Cruz - RN. Tudo isto que você escreve é verdade. Não conheço o restante do seu cordel, portanto, não tenho conhecimento adequado para tecer outros comentários, mas me atrevo a dizer, até porque eu sempre falei sobre estes assuntos e a minha postura foi e é de defesa do Bairro do Paraiso como das demais zonas periféricas de qualquer cidade que viva à margem dos direitos sociais defendidos na Constituição Federal Brasileira.
Defendo que o referido Bairro deveria ser prestigiado e lembrado pelos representantes das diversas esferas do poder os 365 dias do ano e não só no período eleitoral. Existem muitos jovens e crianças que vivem em risco social, cultural, e educacional, entre outros, existe também os adultos que convivem diuturnamente com a falta de oportunidade do exercício da cidadania plena. Qual o remédio que combate estas mazelas sociais que imperam e derrubam a dignidade humana?
Sabemos que risco social se combate com investimento maciço, duradouro, permanente e com objetivos precisos nas áreas de saúde, educação, segurança, moradia, entre outros. Mas, o que vemos?
Este tipo de investimento só dá resultados a longo prazo e os nossos políticos e demais gestores públicos "não querem" e "não podem" esperar por este tempo, portanto, o resultado é triste.
Temos hoje um "Bairro do Paraiso" generalizado em muitos lugares onde o que impera é a escuridão das leis, das drogas, da prostituição e das mazelas sociais.
Morei no Paraiso por muito tempo - hoje moro em Natal - RN - e vou constantemente para Santa Cruz e fico no Paraiso, não me envergonho e nem me envergonharei das raízes de onde saí. Não vejo motivos para isto, da mesma forma como não critico àquelas pessoas que de lá saíram em busca de outros locais por melhores condições de vida, de moradia, de segurança ou por puro preconceito.
Existem alguns fatos conflitantes que me intrigam com relação aos moradores do Paraiso (me incluo também): 1º) reclamamos bastante porque o Bairro é esquecido pelos políticos e dizemos sempre que eles só nos procuram em época de eleição, em contrapartida, em época de eleição os recebemos de braços abertos e, ainda, acreditamos nas falsas promessas; votando neles e reelegendo-os ou elegendo àqueles indicados por eles; 2º) quando qualquer político ou instituição querem fazer comícios, passeatas, carreatas, ou como dizemos "adjunto" de gente começa pelo Paraiso. 3º) Àquelas pessoas que tentam construir um diálogo consistente e conscientizador sobre a forma como os políticos e gestores tratam o Paraiso, geralmente, são "escanteadas" pelos próprios moradores.
FICO INTRIGADA. LIVRE PENSAR! SÓ PENSAR!
Amiga Joseni, essas questões que você apontou em seu texto também me intrigam bastante. Ás vezes, fico refletindo o porquê disso.Quando penso naquela população mais sofrida, me esforço bastante para encontrar uma resposta e, às vezes, consigo, mas o que mais me intriga é o outro grupo: aqueles que realmente não precisam das esmolas políticas, entretanto defendem a bandeira dos gupos políticos aos quais você faz referência.
ResponderExcluirParabéns pela sua postura e pela coragem de torná-la pública!
Cristiane Praxedes Nóbrega
Obrigada Professora Cristiane Praxedes Nóbrega, bem sabes que o contexto social e político em que o Paraíso vive mergulhado é muito profundo e obscuro. Tento ler suas linhas e entrelinhas, mas não consigo adentrar no seu âmago. O que mais se aproxima no meu entendimento é quanto a questão social que é fruto da falta de políticas públicas sérias que possam combater o caos social em que está inserido o Bairro.
ResponderExcluirFalou e disse tudo, professora Joseni. Acredito que se a população deste bairro apender a valorizar o próprio bairro, eis que um novo caminho para o avanço começará ser trilhado. Mas, enquanto a maioria do povo deste bairro renegar o que é seu e valorizar quem de fato não tem compromisso com as causas da comunidade, contribuirá enormemente para que a realidade se mantenha por séculos sem fim. Amém!
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