terça-feira, 20 de agosto de 2013

PORNOFONIA - Roberto Flávio

Estava numa clínica em julho passado. Uma tv ligada num desses programas matinais. De repente levantei os olhos, um tanto assustado, para o que acabara de ouvir: “A cada 17 minutos uma adolescente fica grávida no Brasil”. Com dados do IBGE, a matéria também mostrou que, em média, 17% dos nascimentos de 2011 foram originados de adolescente com idade entre 15 e 17 anos. A reportagem também abordou o alto número de abortos entre adolescentes. Bom trabalho jornalístico (créditos para Chris Flores e sua equipe) que buscou a contextualização da questão e visualizando que a maioria dos casos acontece na população de baixa renda e tem relação com a falta de estudo. 

Mas, Gilberto, esta outra nuance não foi explorada, nem nunca será pela grande mídia (que se alimenta comercialmente dela): a pornofonia. Seja ela humorística ou musicalizada, a pornofonia é a alma gêmea ou a versão “cultural” da pornografia. Aliás, estudos e pesquisas, em todo mundo, apontam a pornografia como elemento influenciador de muitos crimes sexuais praticados contra adultos, como motivador da pedofilia, etc. 

Questão polêmica, sim. A liberdade da expressão artística não pode se evocada para agredir, humilhar, explorar, perverter, transtornar sexual e socialmente crianças e adolescentes sem que nenhuma censura se estabeleça. Aqui também há um espaço para ser ocupado pelo regramento legal e jurídico. Boa índole, decência, respeito ao próximo, ética e a “vida como o maior valor humano” são valores universais indispensáveis à convivência presente e ao futuro.

* Escrito em resposta a Ímpar ou par? Jogo para seduzir garotas

Um comentário:

  1. Roberto,

    Além da importante discussão sobre a gravidez na adolescência, você aponta para algo essencial: a contradição da grande mídia, a qual, ao mesmo tempo em que condena esse tipo de gravidez, lucra com a pornofonia e a pornografia, que "alimentam" o problema da gravidez precoce.
    Parabéns por mais um excepcional texto!

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