sábado, 27 de julho de 2013

A DROGA DO APOCALIPSE - Ruben G Nunes

Meu amigo Fidja-Maestro, envia as fotos abaixo com notícias sobre uma nova e terrível droga russa: o Krokodil (crocodilo).

Devastadora: arrebenta os "canos" do maluco viciado, gangrena tudo, e vai corroendo toda a carne até chegar ao osso. Como uma abocanhada de crocodilo.

Fidja-velho, do ponto de vista pessoal e social essa droga russa não é só degradação e terrorismo. É também um horrorismo do prazer.

Leva a um êxtase, ou um "barato", com pavorosas marcas de autodestruição. A coisa é rapidinha. Em pouco tempo, o bixogrilo vira um descarnado vivo. Como um zumbi. Verdadeiro suicídio cotidiano.

As carnes, veias, nervos, músculos, vão apodrecendo. Mas, o "barato" é tão forte que o vício fica fora de controle. Tanto que leva a um estado mórbido de "tô nem aí". O êxtase do krokodil supera o instinto de sobrevivência.

Quer dizer: o viciado fica num tal "espírito" de total desprendimento de sua materialidade carnal, que não "tá nem ai" para a perda progressiva de seu corpo gangrenando,  por via química.

"Tô nem aí, m'ermão".
É como a filosofia da vaca ou do cavalo: sempre cagando e andando.
O que importa é o "barato espiritual". A viagem.

Mas, não é justamente essa desvalorização da carne em favor do espírito, que as religiões, em geral, tanto pregam - só que por via da fé doutrinária?

Vício e religião, cada um busca um tipo próprio de transcendência. Ambos visam a libertação da "prisão da carne", por vias diferentes. Não é isso uma ironia?

Qual o papel da Razão nesse horror?
Pelas fotos abaixo a gente tira que todo processo pra sintetizar o krokodill é um processo químico cheio de etapas racionais.
É um processo de Razão aplicada.
Como foi também um processo da Razão todo o plano nazista de extermínio.
O horror da Razão.

Tá ai uma inexplicável atividade desumana da Razão.
A Razão que é o campo próprio do trabalho da Filosofia.
Cujo trabalho busca, em geral, a Verdade Universal e Absoluta.
Busca Causas Primeiras e Ultimas.
Busca o sentido lógico de nossas vidinhas.
Santa Ingênua Enclausurada Filosofia!

Todo esse trabalho filosofeiro tem acumulado, nos séculos, rumas e rumas de teses, tesinhas e tesões de muito boa cêpa. De profundas teorias geniais. Tudo devidamente arquivado nas academias, entre traças e aranhas.

Mas, a grande maioria dessas teorias filosofeiras são tão profundas e tão teoricamente geniais, que são impraticáveis na superfície da VidaViva.

Ficam lá, no GrandeManicômio da Mundo das idéias, fora do tempo.
Teses que se sucedem trocando entre si figurinhas teóricas forever.
Enquanto cá fora a fila anda.

Voltemos à Razão drogada com krokodil.
O que há com essa Razão que se auto-extermina, como um crocodilo devorando a si mesmo?
Uma Razão enlouquecida?

Os viciados no krokodil russo olham suas carnes apodrecendo até o osso.
Como num filme de horror, tudo ao vivo, a cores e em close.
Esguichando sangue.
Mesmo assim, seguem o prazer do vício arrancado de seu próprio sofrimento.
Um Bem arrancado do Mal?

Os viciados vêm e sentem o Bem e o Mal em si mesmos.
Há, pois, uma referência entre o Bem e o Mal.
Uma referência perversa.

O que há com essa Razão drogada?
Perdeu, a Razão, o contrôle sobre si mesma?
A Vontade-de-Vida que nos move, tornou-se Vontade-de-Morte?

Por outro lado, muitos desses viciados creem num Deus, têm religião.
Mas que deus, ou deuses, permite isso? Que deus(es) há neles?
Há ou não há deus(es)?

Fidja-velho, do ponto de vista transcendental, i.é de entidades divinas criadoras, como encarar esses fenômenos de uma Razão suicida drogada num contexto de puro horror de prazer e morte de si?

Cadê um lenitivo religioso, menos doutrinário, mais compreensivo, que suspenda o Homem desses abismos?

Haverá na Razão Humana espécie de reflexo de uma Razão Cósmica Enlouquecida?
Ou, reflexos de MultiRazões Cósmicas, com infinitos graus  de loucura?

Mas, afinal, quem criou a cruel possibilidade química dessas drogas existirem?
O próprio Homem?
Ou o(s) deus(es)?

Ou, algumas dessas Razões Divinas perderam o contrôle total do que criaram ou arquitetaram?
Ou, há também na economia da esfera infinita, desgaste, enguiço, cansaço, desregulagem, das Onipotencias das Entidades Divinas? Se há tamofú, velho!

Num multiverso (in)finito, infinitas são as possibilidades e realidades...

Fidja-amigo, que certezas há?
Ou a certeza do não-sentido é também um sentido imperceptível?
Por que em alguns de nós há essas inquietudes crônicas e em outros não?
Por que esse apaixonamento pela eterna estrada do mistério?...

um abraço e BoaEnergia!

Um comentário:

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