Eu encontrei um homem vermelho
Falando uma língua que eu não sabia...
Pelos seus gestos entendi que ele achava
Minha terra muito bonita.
Apontava pra luz do sol muito forte...
Pras árvores muito verdes...
Pras águas muito claras...
Pro céu muito claro...
Eu tive vontade que ele entendesse a minha fala
Pra lhe dizer:
– Marinheiro provera Deus que você fosse
Pelos nossos sertões...
Você via os campos sem fim...
As serras timíves todas cheias de matos...
Os rios cheios muito bonitos...
Os rios secos muito bonitos...
Você comia comigo umbuzada gostosa...
O leite com jirimum...
Curimatã fresca com molho de pimenta de cheiro...
Você via como a gente trabalha sol a sol
Esquecido da fome e esquecido das coisas
Bonitas de seus mundos...
Ver como vaqueiro rompe mato fechado
E se lasca perseguindo a rês
Por riba dos lajedos
Chega os cascos federem a chifre queimado...
Ver o vaqueiro plantá a mão na bassoura da rês
E ela virá mocotó...
– Marinheiro, se você soubesse a minha fala
Eu havera de levar você pro meu sertão...
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