Ai que saudade que tenho de minhas aulas de Português no templo e tempo iesquianamente idos. Saudades de minhas turmas de jovens puerilmente adultos e de suas batalhas intertextualmente sábias. Tenho saudade da defesa ferrenha de suas convicções. Numa dessas, ainda hoje me arrepen...do de um tema “Quem sabe mais, o homem ou a mulher?” que passei pra eles dissertarem. Foi briga grande! Eles e elas se pegaram em luta titânica e astrofisicamente colosssal naquela arena retangular em que eu era o árbitro avaliador. Sobraram acusações de múltiplas espécies, e até dedos, dedinhos e dedões riscaram o ar daquela atmosfera indignada. Costelas e neurônios a menos, lembravam eles a elas; bobões, microcéfalos, brucutus de músculos bombalmente dilatados; devolviam elas a eles, com aqueles característicos, discretos e elegantes instantes repentinamente femininos em seus atos responsorias.
Peraí, peraí, peraí, parou, parou, parou, foram essas as minhas primeiras palavras para apagar aquele estopim que se acendera. E lhes disse: Essa guerra dos sexos não tem sentido, até porque homens e mulheres são de gêneros diferentes. Um, é masculino; o outro, feminino. Um paroxítono; outro, oxítono. Um, cinco letras e quatro fonemas; outro, seis letras e cinco fonemas. Num, o tom é grave; noutro, a pele fina. Um é menino e o outro é menina. Ademais, eles, os homens, se ejetaram pra cá de um planeta oposto ao delas, batizado pelos cientistas cegomatildenses de Phumusentrandus (do latim latido, aquilo mesmo que você entendeu), situada na distante galáxia Convexuspensius. Elas foram atraídas pela força da gravidade da Terra, já contaminada pelos novos habitantes, e vieram do planeta Parinduslunos, da difícil de entender galáxia Concavuslabiuns.
E dito isso e mais algumas outras bobagens, acalmei a galera e achei que a paz reinaria entre eles e elas para séculos sem fim amém.
Foi quando pediu a palavra um ser de gênero indefinido, talvez sobrecomum, ou quem sabe, comum de dois, podendo até ser epiceno, e essa dúvida persistiu até então, uma vez que aqueles mesmos cientistas, em seus estudos inconclusivos, não foram consentâneos quanto à origem daquele ser, se do planeta Openedarmariuns, da galáxia Sentandusnamacaxeiruns, ou de outro ainda não estudado, o Boyolauvulanus, da Aracnidiuaracnidiuns . Tempos depois, os cientistas, aqueles mesmos, chegaram à conclusão de que ele/ela, ou eles/elas, são de uma civilização superior, perspicazes, alegres, pacíficos, mas perigosos. Têm corpo e alma dum, na mesma'lma e corpo doutro. E não têm gênero, como os substantivos, os pronomes, os artigos e os adjetivos. Porém, eles/elas são sujeitos desinenciais e determinados em suas formas e modos verbais, julgados e conjugados por todos em tempo, pessoa e número. E por alguns poucos, ou muitos, incorretamente flexionados, indiscriminados e violentados.
Pois bem, o ser, de inteligência quilometricamente superior, questionou a minha teoria dizendo, “Mas eles e elas também têm muito em comum, pertencem à mesma classe gramatical, são dissílabos, têm dígrafos, andam sempre ladeados por seus pares determinantes, riem, chorando, amam, nascem, crescem, morrem, vivem e contradizem constantemente as imposições antropocêntricas nas palavras do livro sagrado, segundos as quais a mulher deve submeter-se ao homem etc.”
E refleti sobre a precisão de sua axiomática assertiva. O ser, agora de gênero inexistente, tinha razão. Homens e mulheres são verdadeiramente iguais! São gênios e medíocres, às vezes fazem tudo de menos, às vezes fazem tudo demais!
Aquele tema virou mesmo uma piada de português. A dissertação passou a ser, “Quem sabe mais, os homens, as mulheres ou os gays?” E a resposta convincente a esse tema de mané, “ O homem, sem dúvida alguma, com cromossomos de mulher!”
Ai que saudade que tenho daquela língua, com certeza! Língua minha a roçar, na da linda portuguesa!
Peraí, peraí, peraí, parou, parou, parou, foram essas as minhas primeiras palavras para apagar aquele estopim que se acendera. E lhes disse: Essa guerra dos sexos não tem sentido, até porque homens e mulheres são de gêneros diferentes. Um, é masculino; o outro, feminino. Um paroxítono; outro, oxítono. Um, cinco letras e quatro fonemas; outro, seis letras e cinco fonemas. Num, o tom é grave; noutro, a pele fina. Um é menino e o outro é menina. Ademais, eles, os homens, se ejetaram pra cá de um planeta oposto ao delas, batizado pelos cientistas cegomatildenses de Phumusentrandus (do latim latido, aquilo mesmo que você entendeu), situada na distante galáxia Convexuspensius. Elas foram atraídas pela força da gravidade da Terra, já contaminada pelos novos habitantes, e vieram do planeta Parinduslunos, da difícil de entender galáxia Concavuslabiuns.
E dito isso e mais algumas outras bobagens, acalmei a galera e achei que a paz reinaria entre eles e elas para séculos sem fim amém.
Foi quando pediu a palavra um ser de gênero indefinido, talvez sobrecomum, ou quem sabe, comum de dois, podendo até ser epiceno, e essa dúvida persistiu até então, uma vez que aqueles mesmos cientistas, em seus estudos inconclusivos, não foram consentâneos quanto à origem daquele ser, se do planeta Openedarmariuns, da galáxia Sentandusnamacaxeiruns, ou de outro ainda não estudado, o Boyolauvulanus, da Aracnidiuaracnidiuns . Tempos depois, os cientistas, aqueles mesmos, chegaram à conclusão de que ele/ela, ou eles/elas, são de uma civilização superior, perspicazes, alegres, pacíficos, mas perigosos. Têm corpo e alma dum, na mesma'lma e corpo doutro. E não têm gênero, como os substantivos, os pronomes, os artigos e os adjetivos. Porém, eles/elas são sujeitos desinenciais e determinados em suas formas e modos verbais, julgados e conjugados por todos em tempo, pessoa e número. E por alguns poucos, ou muitos, incorretamente flexionados, indiscriminados e violentados.
Pois bem, o ser, de inteligência quilometricamente superior, questionou a minha teoria dizendo, “Mas eles e elas também têm muito em comum, pertencem à mesma classe gramatical, são dissílabos, têm dígrafos, andam sempre ladeados por seus pares determinantes, riem, chorando, amam, nascem, crescem, morrem, vivem e contradizem constantemente as imposições antropocêntricas nas palavras do livro sagrado, segundos as quais a mulher deve submeter-se ao homem etc.”
E refleti sobre a precisão de sua axiomática assertiva. O ser, agora de gênero inexistente, tinha razão. Homens e mulheres são verdadeiramente iguais! São gênios e medíocres, às vezes fazem tudo de menos, às vezes fazem tudo demais!
Aquele tema virou mesmo uma piada de português. A dissertação passou a ser, “Quem sabe mais, os homens, as mulheres ou os gays?” E a resposta convincente a esse tema de mané, “ O homem, sem dúvida alguma, com cromossomos de mulher!”
Ai que saudade que tenho daquela língua, com certeza! Língua minha a roçar, na da linda portuguesa!
Grande Nailson Costa! Vc é vc mesmo!
ResponderExcluirGrande texto,grande inteligência!
João
Caro João, obg pelos elogios!
ResponderExcluirGRANDE NAILSON! OU HOMEM PARA ESCREVER BEM.
ResponderExcluirTE ADMIRO CARA...
Grande Nailson,intelectual,sábio e grande professor. Saudadess de ser sua aluna.
ResponderExcluir