sábado, 4 de junho de 2011

LAMENTO E VINGANÇA DA NATUREZA - Marcelo


LAMENTO E VINGANÇA DA NATUREZA.

Estou hoje com aproximadamente 4,5 bilhões de anos e sei que de acordo com os parâmetros da astronomia sou uma jovem de meia idade, mas confesso: nos últimos anos estou me sentindo extremamente fatigada. É como se os meus dias estivessem chegando ao fim.

Vou contar as razões do meu presságio e do meu desgosto.

Não é tão fácil fazer o que eu fiz. Trabalhei duro por milhões de anos esculpindo este planeta e fiz dele o melhor que pude. É certo que as condições ao meu redor me foram favoráveis: pressão de um ATM, temperatura média em torno de 15°C, gravidade de aproximadamente 9,8 m/s² etc. Aproveitei bem essas condições e criei os mares e oceanos; separei os continentes; plantei magníficas florestas, com plantas de todos os tamanhos e formas; ornamentei muitas delas com flores e noutras pus saborosos frutos. Criei animais, grandes e pequenos; milhares e milhares de espécies.

Mas o meu impulso criativo chamado evolução me traiu. É que gosto de ver as coisas evoluindo, contrariando a tendência universal da matéria bruta inanimada. Adoro ver as moléculas se organizando, formando vida e de ver a vida se transmutando. Quando fiz tudo isso aqui, permiti que a evolução invadisse e preenchesse toda a vida na terra. Isso foi bom, mas gerou um efeito colateral que me ameaça: o homem.

Precisei de milhões de anos para deixar as coisas organizadas e agora o homem resolveu acabar com tudo: devastou as florestas; poluiu os ares, a terra e os mares; levou milhares de espécies à extinção; rasgou a preciosa camada de ozônio que me protege..., enfim, ele se apossou de mim como se fosse sua.

...é profundamente revoltante.

Mas vou me vingar! Com os ares poluídos com que me presentearam, criarei o efeito estufa e derreterei as geleiras dos polos. Lançarei sobre as cabeças de seus filhos terríveis chuvas ácidas; soprarei furacões e varrerei as cidades com maremotos. Pelo buraco que abriram na camada de ozônio, enviarei cancerígenos raios ultravioletas sobre suas peles. Pelas florestas devastadas, criarei desertos inóspitos. Com os inseticidas e herbicidas envenenarei as plantações, os rios e os mares. A semente já não produzirá mais seu fruto. Na velocidade com que me agredirem, criarei vírus imortais para os dizimarem. Da volúpia inconsequente dos seus atos, criarei sua própria ruína.

Autor: Marcelo Pinheiro


9 comentários:

  1. Muito bacana Marcelo. Hoje a humanidade paga por suas próprias atitudes, colhe o que planta. Parabéns por mais esse belíssimo texto.

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  2. Muito bom o texto Marcelo, por sinal, recentemente, fiz uma música em parceria com o maestro camilo falando de toda essa destruição que o homem tem feito a natureza.

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  3. Concordo Marcelo!
    A natureza se revolta com todo desequilíbrio causado pelo próprio homem e esse ingênuo homem jamais impedirá de receber à colheita de seus frutos.

    Vc escreve muito bem! parabénsss!

    Lindonete Câmara

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  4. Marcelo,
    Parabéns por dar voz ao nosso planeta. Sei que ele, se realmente falasse, diria exatamente isso.
    Envergonho-me, nas circunstâncias citadas por você, de fazer parte da espécie que “detona” a vida terrena.

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  5. Marcelo, Parabéns pelo belo texto.
    É verdade a discussão aberta por você, pois sabemos que no inicio da história da humanidade, a vastidão e as condições do planeta dispensavam grandes cuidados,mas que, no decorrer do tempo grandes transformações ocorreram e com isto a necessidade de se reparar os bens naturais dispostos a sobrevivência humana, uma vez que o uso indevido do que o meio ambiente dispõe, encaminha hoje para um processo de risco a continuidade da existência do homem no planeta. Assim sendo a urgência em repensar nossas atitudes é fundamental.

    ABRAÇÃO

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  6. A 3ª guerra mundial já começou. O nome dela é devastação do meio ambiente. A natureza reclama toda a agressão sofrida. E o homem não entende a razão pela qual pessoas muitas vezes inocentes morrem nas catástrofes.
    Parabéns, Dr. Marcelo!

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  7. Parece que a natureza anda querendo aniquilar o homem, que por ela também foi criado. Um erro da natureza? Se a resposta for não, a natureza não tem razão de reclamar. Se a resposta for sim, talvez fosse lícito pensar que a natureza por sua própria natureza deve destruir o homem também para melhor se sentir. Mas se a resposta for, a natureza tem esperança que o homem se modifique e não a destrua mais, e por isso lança seu lamento, então eu digo: pena que não foi assim para com os dinossauros que precedem o homem na terra. (Marcelo, suas reflexões são instigantes,parabéns! e vamos todos pensar!)

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  8. É isto, meus amigos.

    Acho profundamente lamentável a nossa postura sobre a terra. Nosso ritmo de consumo é hoje 2,8 vezes mais do que o planeta pode suportar. No último século destruímos mais o meio ambiente do que em todos os mais de 4,5 bilhões de anos anteriores.

    Seria humilhante falar de nossa inteligência noutro planeta para algum alienígena realmente inteligente.

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  9. O ser humano faz parte do vivo e depende dele. Por esta relação que temos com a natureza, sofremos os impactos das degradações que infligimos à biodiversidade e os ecossistemas.
    Obrigada, Marcelo, recordar-nos assim bela e firmemente que devemos respeitar a nossa “Terra Mãe”…. se não é para nós, pelo menos para o futuro das nossas crianças

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