quinta-feira, 4 de maio de 2023

IDA AO CARDIOLOGISTA - Maciel Souza


IDA AO CARDIOLOGISTA

A dorzinha pontuda do lado esquerdo do peito me empurrou para o médico. Há muito não ia ao cardiologista e foi durante a pandemia que, sem peso de consciência, achei que era melhor não arriscar. O cardiologista, mediante os exames preliminares, eletro e verificação da pressão arterial, já me tranquilizou que se tratava de dor muscular. Entendi, apesar de ouvir dizer que o coração é um músculo, e pediu por garantia dezoito exames no particular.  Por minha saúde, comecei a maratona.

Numa das clínicas o ar estava quebrado e um ventilador de parede em vão soprava o calor infernal na recepção. Na falta de uma enfermeira pra socorrer uma velhinha passando mal, meu coração sob investigação me sensibilizou a abanar aquela senhorinha com o envelope de parte de meus exames em dia. Coração que não é de mãe se engana, fui então advertido por sua acompanhante: Senhor, é pior!

No dia que a Croácia eliminou o Brasil na copa do mundo, cheguei à clínica cumprindo o prazo do retorno da consulta, já nos minutos finais. Depois do jogo, entreguei ao médico aquele calhamaço. A boa notícia que pensei ser ruim era que o coração estava zerado, cem por cento; glicemia normal, mas triglicerídeos nas nuvens. Mapeando os exames com seu olhar clínico, o médico me revelou que eu não precisava comer doces nem massas, pois meu próprio organismo se encarregava de produzir carboidrato.

Até então eu não sabia dessa herança genética. Fábrica de carboidrato, capaz de transformá-lo em triglicerídeos armazenando o excesso, pra mim foi novidade. Sinceramente não queria essa "benesse" e saí de lá com a proposta de me tornar cliente assíduo do médico e da farmácia pra controle de qualidade da produção.

Já domino parte da nomenclatura, equações de relação, valores de referência, receitas etc. O desafio é chegar à fórmula ideal entre dieta com alimentação adequada e esforço físico pra queima de estoque.  Por esforço, descobri que a dor muscular do início do texto era do hábito de ficar deitado por muito tempo segurando o celular suspenso com a mão esquerda.

 Jesus disse certa vez que é o que procede do coração e sai pela boca do homem que o contamina e no meu caso particular é também o que fica.

Um comentário:

  1. Maciel, além de nos contar (su)a história de forma divertida, também nos conscientiza sobre a importância de cuidar da nossa saúde. Conseguiu transmitir a sensação de tensão que sentiu ao visitar o cardiologista depois de tanto tempo e, ao mesmo tempo, trouxe um pouco de leveza ao descrever as dificuldades que enfrentou durante os exames. Nosso coração, sabemos o porquê, bate feliz quando recebemos alguma crônica sua. - Gilberto Cardoso dos Santos

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