O RISO DO PASSADO
Naquela tarde chuvosa, fluía o riso espontâneo, fazia barreiros para intimidar a água da chuva que fora torrencial. Era uma conquista, prender naquele córrego, o que os adultos nominavam nos sertões de dentro, de "líquido precioso". Esses personagens viveram as travessias das secas de "Quinze", de dezenove. Desciam ao fundão das cacimbas raras, ganhavam o entrançado da caatinga a procura d'água nos tubérculos que se formavam nas raízes dos umbuzeiros.
Mas, era pequeno, apenas ouvira que naquela água podiam flutuar os barquinhos de papel, que em sí era um cênico e um solfejo de uma linda canção. E essa canção conduzi por todas estações, verão, outono, inverno e as muitas primaveras.
Por tudo que ouvi, e vi, acho que vivo morrendo de saudade por dentro daquele mundo que queria ter em documentário, guardado como lembrança, para que quando batesse essa saudade intrínseca dessa saga sertaneja, eu pudesse assistir o filme e fazer meu comento, como o faço agora.
Sei que meus amigos podem achar muita crueza nesses escritos, mas não posso dizer que vivi uma primavera de flores aromadas. Meus caminhos foram forrados de espinhos, e espinhos diversos no perfurar, na dor, no aprofundar. Nem por isso alimentei traumas, mágoas que viessem atropelar meu canto, minha rima, meu versejar que eminentemente são adereçados de praxes aldeãs.
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