A VANTAGEM DE NÃO TER VIRTUDE
Hoje na prática de exercícios encontrei uma família de anuns-brancos. Voavam à frente, aterrissavam e beliscavam o chão. Mesmo sem muitos atrativos, a companhia dos anuns deixou-me mais contente. Posso até dizer que era uma festa em família com genros e noras comendo churrasco. Naquele momento o único que eles deveriam temer era eu andando atrás deles. Uma imagem rara de se ver. Os veículos cortando a BR e eles incorporando-se a paisagem da grama. Estavam felizes, deu para perceber.
Como é bom ser anum. Voar sem pedir permissão para decolar e pousar. Apenas voam sem destino. Seus passageiros, quando muito, são apenas alguns insetos alojados em suas penas. O canto do anum é um grunhido. Ninguém jamais engaiolará um anum para ouvi-lo cantar. É melhor não! Os afinados canários sofrem a pena da gaiola. Os anuns preferem serem chamados de desafinados e gozar da liberdade. Por isso seu preço é baixo. Não interessa aos que gostam de pássaros, prender um anum.
Acredito que aqui no Brasil ninguém nunca pensou em comer anum. Deve ser nojento comer um bicho que se alimenta de lagarta. Mas retiro o que disse. Adoramos galinha e elas fazem isso. Os porcos comem frutas apodrecidas e as tilápias comem fezes de porcos. Então, acredito que a partir de agora os anuns que se cuidem.
Heraldo Lins Marinho Dantas (arte-educador)
Natal/RN, 25/01/2021 – 16:47
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