segunda-feira, 7 de setembro de 2020

7 DE SETEMBRO - Poema de Manoel Cavalcante

 









7 de setembro (Manoel Cavalcante)

 

Independência de quem,

Brasil dos injustiçados,

Se o nosso povo é refém

De grupos polarizados?!

Se a nossa democracia

É pura demagogia

-Mãe de interesse grosseiro-

Livre arbítrio? Laicidade?

Aqui só tem liberdade

Quem tem posse do dinheiro!

 

Como assim independência,

Nação dos desassistidos,

Se batemos continência

Para os Estados Unidos?!

E o preço da gasolina

Segue as regras da doutrina

Da bolsa internacional?!

Nossa autoprodução

Se rende à especulação

Do mercado mundial...

 

Independência de que,

Pátria de "yes" e de "ok",

Se o dinheiro do cachê

Compra a palavra da Lei?!

Se a Língua e a Religião,

Vêm da colonização

Pela mais longínqua tropa?!

Nada é nosso, é só trapaça,

Penso que a gente não passa

De um fantoche da Europa.

 

Foi "Independência ou Morte?"

O grito ecoou no mundo!

E a morte foi nossa sorte

Hora, minuto e segundo.

Morre o negro da favela,

A criança magricela,

O pedinte da calçada,

O enfermo sem ter um leito,

O gay pelo preconceito

E o pobre por não ter nada.

 

Independência daonde,

Se a escrividão continua?

O trabalhador se esconde

E o bandido sai na rua.

A milícia elege o chefe,

O chefe, o STF

Na podridão sem limites...

Desde a colonização

Nosso país é a nação

De coronéis e de elites.

 

Independência de quando,

Vermes do capitalismo,

Se estamos presenciando

Cenas cruéis de racismo?!

Se a mulher sempre é a julgada,

E a sociedade é moldada

Pra espancar à palmatória?!

Triste 7 de setembro,

Uma das farsas que eu lembro

Que estão nos livros de História!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”